Questão 12857

(FGV - 2016) Reverendo padre reitor, eu, Manoel Beckman, como procurador eleito por aquele povo aqui presente, venho intimar a vossa reverência, e mais religiosos assistentes no Maranhão, como justamente alterados pelas vexações que padece por terem vossas paternidades o governo temporal dos índios das aldeias, se tem resolvido a lançá-los fora assim do espiritual como do temporal, então e não tem falta ao mau exemplo de sua vida, que por esta parte não tem do que se queixar de vossas paternidades; portanto, notifico a alterado povo, que se deixem estar recolhidos ao Colégio, e não saiam para fora dele para evitar alterações e mortes, que por aquela via se poderiam ocasionar; e entretanto ponham vossas paternidades cobro em seus bens e fazendas, para deixá-las em mãos de seus procuradores que lhes forem dados, e estejam aparelhados para o todo tempo e hora se embarcarem para Pernambuco, em embarcações que para este efeito lhes forem concedidas.

João Felipe Bettendorff, Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão. 2a Edição, Belém: SECULT, 1990, p.360.

O movimento liderado por Manuel Beckman no Maranhão, em 1684, foi motivado pela

A

proibição do ensino laico no Brasil colonial e pelas pressões que os jesuítas realizavam para impedir a sua liberação.

B

questão da mão de obra indígena e pela insatisfação de colonos com as atividades da Companhia de Comércio do Maranhão.

C

ameaça dos jesuítas de abandonarem a região e pela catequese dos povos indígenas sob a sua guarda.

D

crítica dos colonos maranhenses ao apoio dos jesuítas aos interesses espanhóis e holandeses na região.

E

tentativa dos jesuítas em aumentar o preço dos escravos indígenas, contrariando os interesses dos colonos maranhenses.

Gabarito:

questão da mão de obra indígena e pela insatisfação de colonos com as atividades da Companhia de Comércio do Maranhão.



Resolução:

a) proibição do ensino laico no Brasil colonial e pelas pressões que os jesuítas realizavam para impedir a sua liberação.

Incorreto. O ensino laico no Brasil chega apenas com Marquês de Pombal, dessa forma, esse movimento não foi motivado por sua proibição. 

b) questão da mão de obra indígena e pela insatisfação de colonos com as atividades da Companhia de Comércio do Maranhão.

Correta. A província do Maranhão entrou em declínio após a expulsão dos holandeses, a partir de 1650. Se instalou a crise econômica, havendo carência de mão de obra escrava (os missionários jesuítas resistiam contra a escravização dos indígenas) e produtos para abastecimento e escoamento. A Companhia do Comércio do Maranhão foi criada em 1682 pela Coroa Portuguesa para solucionar esses problemas; no entanto, foi instaurado o monopólio que agravou a crise: condições de extrema pobreza, falta de abastecimento de produtos básicos, como alimentos e manufaturados (normalmente de péssima qualidade e vendidos a preços altíssimos). A população vivia na miséria, os comerciantes locais eram lesados pelo monopólio da companhia, e os proprietários rurais não recebiam preços justos pelos seus produtos. Assim, com tamanha insatisfação por parte de todos, foi organizado um movimento - liderado por Beckman - que reivindicava a extinção da Companhia Geral de Comércio do Estado do Maranhão e a expulsão dos jesuítas da província.

b) ameaça dos jesuítas de abandonarem a região e pela catequese dos povos indígenas sob a sua guarda.

Incorreto. Não há uma ameaça dos jesuítas de abandonarem a região. 

c) crítica dos colonos maranhenses ao apoio dos jesuítas aos interesses espanhóis e holandeses na região.

Incorreto. Nesse contexto, a influência dos espanhóis e holandeses na região já não era mais tão relevante. 

d) tentativa dos jesuítas em aumentar o preço dos escravos indígenas, contrariando os interesses dos colonos maranhenses.

Incorreto. Não houve essa tentativa dos jesuítas, visto que eles defendiam a liberdade desses escravos indígenas.  



Questão 1849

(FGV - 2005)

Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".

Ver questão

Questão 1850

(FGV)

Assinale a alternativa gramaticalmente correta.

Ver questão

Questão 1855

(FGV - 2008)

No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:

Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.

Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.

Ver questão

Questão 1863

(FGV - 2008)

Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.

ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?

O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.

O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)

A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.

Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".

Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.

A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.

O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.

(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)

Ver questão