(FGV - 2016) Cresce entre muitos o erro perniciosíssimo de que o valor da Escritura decorre da vontade da Igreja, como se dependesse do arbítrio humano a eternal e inviolável verdade de Deus, pois, com grande desprezo pelo Espírito Santo, perguntam: quem nos fará crer que provém de Deus? Como nos certificamos de que chegou salva e intacta aos nossos dias? Quem pode nos persuadir de que este livro deve ser recebido com reverência e outro expurgado? Exceto que, acerca disso, a regra seja prescrita pela Igreja?
(CALVINO, J. A instituição da religião cristã. Trad.: Editora Unesp, São Paulo:2007, tomo I, p. 71.)
O texto acima refere-se
à perspectiva reformista de salvação humana pelo conjunto das obras e pelo conhecimento da Bíblia.
à afirmação do papel da Igreja como orientador do conhecimento divino e como base para a salvação.
ao livre arbítrio como guia para o conhecimento de Deus e como validação dos escritos sagrados.
à valorização da verdade inserida nas Sagradas Escrituras e à crítica à intermediação da Igreja.
ao culto aos santos e ao Espírito Santo como caminho para a compreensão dos desígnios de Deus.
Gabarito:
à valorização da verdade inserida nas Sagradas Escrituras e à crítica à intermediação da Igreja.
a) à perspectiva reformista de salvação humana pelo conjunto das obras e pelo conhecimento da Bíblia.
Incorreta. A questão está tratando das ideias de Calvino. Para os calvinistas a salvação humana não se dá pelo conjunto das obras e pelo conhecimento da Bíblia. Sua ideia central é a da predestinação absoluta, tudo depende única e exclusivamente de Deus, a salvação depende apenas da vontade de Deus. Segundo Calvino, nascemos com uma vocação dada por Deus, se ao longo da vida esta vocação manifestar e der frutos (por meio do trabalho, do lucro) isto são sinais da sua predestinação a salvação.
b) à afirmação do papel da Igreja como orientador do conhecimento divino e como base para a salvação.
Incorreta. O texto foi escrito por Calvino, um dos reformadores, portanto já podemos ter em mente que ele apresenta críticas à Igreja Católica. Além disso, no texto há menções à ideia de que a Igreja acaba sendo a responsável pelo valor dado às Escrituras Sagradas ("o valor da Escritura decorre da vontade da Igreja, como se dependesse do arbítrio humano a eternal e inviolável verdade de Deus, pois, com grande desprezo pelo Espírito Santo"). Podemos ver então uma crítica à intermediação da Igreja e não uma valorização do papel dela como base para a salvação, o que torna a alternativa B incorreta.
c) ao livre arbítrio como guia para o conhecimento de Deus e como validação dos escritos sagrados.
Incorreta. A base do pensamento calvinista é a predestinação absoluta, tudo é definido por Deus, apenas por ele, quem decide sobre a salvação é Deus apenas. Ele é contra toda interferência feita pela Igreja. Veja o início do texto de Calvino: "Cresce entre muitos o erro perniciosíssimo de que o valor da Escritura decorre da vontade da Igreja, como se dependesse do arbítrio humano a eternal e inviolável verdade de Deus, pois, com grande desprezo pelo Espírito Santo" aqui Calvino está defendendo "à valorização da verdade inserida nas Sagradas Escrituras e à crítica à intermediação da Igreja." O defensor fervoroso da ideia de "livre arbítrio como guia para o conhecimento de Deus e como validação dos escritos sagrados." é Lutero.
d) à valorização da verdade inserida nas Sagradas Escrituras e à crítica à intermediação da Igreja.
Correta.
e) ao culto aos santos e ao Espírito Santo como caminho para a compreensão dos desígnios de Deus.
Incorreta. Há crítica por parte Calvino em relação ao culto aos santos e ao Espírito Santo como caminho para a compreensão dos desígnios de Deus, mas o texto não é discutido essa questão. O texto apresenta uma crítica sobre as intermediações feitas pela Igreja Católica nas escrituras.
(FGV - 2005)
Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".
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(FGV - 2008)
No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:
Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.
Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.
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(FGV - 2008)
Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.
ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?
O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.
O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)
A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.
Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".
Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.
A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.
O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.
(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)
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