(IME- 2014/2015 - 2ª FASE)
Texto 1
O MENINO QUE TINHA MEDO DE POESIA
(Pedro Gabriel – Março de 2014)
─ Mãe, acho que tem um poema debaixo da minha cama!
Quando menino, a poesia me assustava. Parecia ter dentes afiados, pernas desajeitadas, mãos opressoras. E nem as mãos da professora mais dócil conseguiam me acalmar. Não compreendia uma palavra, uma metáfora, uma rima pobre, rica ou rara. Não entendia nada. Tentava adivinhar o que o poeta queria dizer com aquela frase entupida de imagens e sentidos subjetivos. Achava-me incapaz de pertencer àquilo. Não conseguia mergulhar naquele mundo. Eu, sem saber nadar em versos, afogava-me na incompreensão de um soneto; ela – a tão sagrada poesia – não me afagava e me deixava morrer na praia, entre um alexandrino e um heptassílabo. Toda vez que eu era obrigado a decorar poesia, sentia vontade de sumir, de virar um móvel e ficar imóvel até tudo se acabar. Por dentro, sentia azia, taquicardia, asma espontânea, tremelique e gagueira repentina. Por fora, fingia que estava tudo bem. Eu sempre escolhia o poema mais curto da lista que a escola sugeria. Naquele dia, sobrou Pneumotórax, de Manuel Bandeira, e eu queria ser aquele paciente para não precisar declamá-lo. Eu queria tossir, repetir sem parar: trinta e três… Trinta e três… Ter uma doença pequena, uma desculpa qualquer, um atestado médico assinado pelo meu avô que me deixasse em casa – não a semana toda, mas só o tempo da aula. Depois, para a prova de francês, não tive escolha: fui obrigado a decorar Le dormeur du Val, de Rimbaud. Eu lembro que, antes de ficar em pé de frente para o meu professor, eu queria que alguém me desse dois tiros no peito. Queria ser esse soldado e dormir, tranquilo, na paz celestial daquele vale até que a turma toda esquecesse a minha existência. Ou que a guerra fosse declarada finda. Ou que eu fosse declamado culpado. A Primeira Guerra Mundial parecia durar menos do que aqueles 15 minutos de exame. Minha boca está seca até hoje. Minhas mãos estão molhadas até agora. Só eu sei o que suei por você, querida Poesia. Aos 17, a poesia ainda me apavorava. Podia ser o verso mais delicado do mundo, eu tinha medo. Podia ser o poeta mais simpático da face da Terra, eu desconfiava. Desconversava, lia outra coisa. Ou não lia nada. Talvez por não querer entendê-la. Talvez por achar não merecê-la. E assim ficava à mercê da minha rebeldia. Não queria aprender a contar sílabas, queria ser verso livre. Tolo! Até a liberdade exige teoria! Se hoje eu pudesse falar com aquele menino, diria-lhe que a poesia não é nenhum decassílabo de sete cabeças. Que se ela o assusta é porque ela o deseja. Que se ele sente medo é porque ele precisa dela. Não há mais monstro debaixo da sua cama. O monstro agora está em você.
─ Filho, acho que tem um poema por dentro de quem você ama…
Disponível em: . (texto adaptado) Acesso em: 29 Abr 2014
Observe os fragmentos em destaque:
─ "Mãe, acho que tem um poema debaixo da minha cama!” (texto1; 1º parágrafo)
─ "Filho, acho que tem um poema por dentro de quem você ama…” (texto1; 7º parágrafo)
O jogo de ideias criado em forma de diálogo pode ser interpretado como:
a resposta da mãe aos questionamentos do seu filho, o protagonista, acerca do medo da poesia.
ideia subentendida sobre real mudança positiva na relação entre o protagonista e a poesia.
apenas uma forma estilística de introduzir e concluir o texto, sem grande significado.
constatação de que o medo de poema do protagonista se transformou em medo de amar.
evidência de que o medo de poesia do protagonista nunca existiu.
Gabarito:
ideia subentendida sobre real mudança positiva na relação entre o protagonista e a poesia.
A alternativa B, "ideia subentendida sobre real mudança positiva na relação entre o protagonista e a poesia", é considerada como a resposta correta porque o diálogo presente entre o filho e a mãe apresenta a clara resposta do motivo a qual o menino apresenta naquele momento. O medo é apenas superado pela própria maturidade, aliado à poesia. Isso pode ser verificado a partir da afirmação da mãe: "Não há mais monstro debaixo da sua cama. O monstro agora está em você".
Quanto às demais alternativas, temos:
a) A resposta é bem mais indireta, não realmente relacionada ao medo de poesia do filho, mas sim aos seus sentimentos após reflexões e um processo de amadurecimento.
c) Os trechos em forma de diálogo são, sim, simbólicos, não estão no texto por acaso.
d) Não há evidências que levem a crer nisso. Se trata muito mais de onde encontra-se a inspiração e o real entendimento da poesia do que onde está o medo anteriormente citado.
e) O medo, como o próprio protagonista nos conta, estava lá, mesmo que tenha sido superado com o tempo.
(IME 2007)
O gráfico acima apresenta a velocidade de um objeto em função do tempo. A aceleração média do objeto no intervalo de tempo de 0 a 4t é:
Ver questão(IME 2007) Um cubo de material homogêneo, de lado L = 0,4 m e massa M = 40 kg, está preso à extremidade superior de uma mola, cuja outra extremidade está fixada no fundo de um recipiente vazio. O peso do cubo provoca na mola uma deformação de 20 cm. Coloca-se água no recipiente até que o cubo fique com a metade de seu volume submerso. Se a massa específica da água é , a deformação da mola passa a ser:
Ver questão(IME 2007) Uma nave em órbita circular em torno da Terra usa seus motores para assumir uma nova órbita circular a uma distância menor da superfície do planeta. Considerando desprezível a variação da massa do foguete, na nova órbita:
Ver questão(IME 2007) Um gás ideal sofre uma expansão isotérmica, seguida de uma compressão adiabática. A variação total da energia interna do gás poderá ser nula se, dentre as opções abaixo, a transformação seguinte for uma:
Ver questão