Questão 13518

(PUC/Camp - 2017) 

Importa questionar como estabelecer critérios de valor estético e de definição do belo em tempos sombrios, no século XX. Em ‘Crítica Cultural e Sociedade’, Theodor Adorno expôs que “escrever um poema após Auschwitz é um ato bárbaro” (Adorno, 1998, p. 28). A afirmação se refere ao estatuto da produção poética em um contexto que não abarca mais condições viáveis para o estado contemplativo, intrinsecamente associado à poesia lírica em vários autores, fundamentais para a produção do gênero. Na era dos extremos, há necessidade de um estado de permanente alerta, em que as condições de integração ao relacionamento social foram abaladas e, em muitos casos, aniquiladas pela guerra, pela mercantilização e pelo aumento das intervenções violentas dos Estados na vida social. Permitir-se a contemplação passiva após Auschwitz significa, em certa medida, naturalizar o horror vivido, esquecê-lo ou trivializá-lo. A banalização dos atos desumanos praticados nos campos de concentração, associada à política de esquecimento exercida em diversos segmentos da educação e da produção cultural, é a legitimação necessária para que eles se repitam constantemente.

(GINZBURG, Jaime. Crítica em tempos de violência. São Paulo: Edusp/FAPESP, 2012, p. 460)

A criação de campos como o de Auschwitz, no contexto da II Guerra Mundial, está associada à

A

concepção de que o trabalho forçado e extenuante empreendido pelos prisioneiros, em absoluta maioria integrados por judeus, era a punição pública e exemplar para suas práticas de enriquecimento ilícito que haviam provocado a bancarrota da Alemanha.

B

estratégia conhecida como blitzkrieg, por meio da qual judeus, comunistas, ciganos e outros grupos perseguidos eram capturados sem aviso prévio e conduzidos a câmaras de gás, para que não tivessem chance de salvarem seus pertences ou articularem qualquer esquema de resistência.

C

política de extermínio conhecida nos últimos anos da guerra como “solução final”, estruturada por meio de um rebuscado sistema voltado à eliminação rápida de grandes contingentes humanos, que admitia, ainda, experiências genéticas, maus tratos e outras atrocidades.

D

ideologia fascista segundo a qual os “arianos”, homens de ascendência germânica, conformavam o único povo apto a prosseguir com o processo civilizatório da humanidade, devendo os demais subordinarem-se ou sucumbirem, segundo a lógica do darwinismo social.

E

tática de confinamento e massacre adotada pelo exército alemão, a partir do modelo do genocídio armênio empregado pelos turcos, que incluía a criação de guetos e o transporte ininterrupto de seus moradores para campos de concentração escondidos, desconhecidos da população alemã.

Gabarito:

política de extermínio conhecida nos últimos anos da guerra como “solução final”, estruturada por meio de um rebuscado sistema voltado à eliminação rápida de grandes contingentes humanos, que admitia, ainda, experiências genéticas, maus tratos e outras atrocidades.



Resolução:

a) concepção de que o trabalho forçado e extenuante empreendido pelos prisioneiros, em absoluta maioria integrados por judeus, era a punição pública e exemplar para suas práticas de enriquecimento ilícito que haviam provocado a bancarrota da Alemanha.

Incorreto. Os campos de  concentração eram supostamente campos de trabalho, entretanto, na realidade e longe dos olhos da população eram campos de extermínio voltados para exterminação de todos aqueles que não se integravam nos critérios da raça ariana, especialmente os judeus. 

b) estratégia conhecida como blitzkrieg, por meio da qual judeus, comunistas, ciganos e outros grupos perseguidos eram capturados sem aviso prévio e conduzidos a câmaras de gás, para que não tivessem chance de salvarem seus pertences ou articularem qualquer esquema de resistência.

Incorreto. Blitzkrieg foi uma tática de guerra utilizada na Segunda Guerra Mundial pelos alemães também conhecimento como Guerra Relâmpago, ataques surpresas e rápidos. 

c) política de extermínio conhecida nos últimos anos da guerra como “solução final”, estruturada por meio de um rebuscado sistema voltado à eliminação rápida de grandes contingentes humanos, que admitia, ainda, experiências genéticas, maus tratos e outras atrocidades.

Correta. 

d) ideologia fascista segundo a qual os “arianos”, homens de ascendência germânica, conformavam o único povo apto a prosseguir com o processo civilizatório da humanidade, devendo os demais subordinarem-se ou sucumbirem, segundo a lógica do darwinismo social.

Incorreto. Segundo esta ideologia os demais deveriam ser eliminados e não apenas “subordinarem-se ou sucumbirem”.

e) tática de confinamento e massacre adotada pelo exército alemão, a partir do modelo do genocídio armênio empregado pelos turcos, que incluía a criação de guetos e o transporte ininterrupto de seus moradores para campos de concentração escondidos, desconhecidos da população alemã.

Incorreto. Auschwitz fazia parte da solução final, após a tentativa de “solucionar o problema” com os guetos.



Questão 1817

(PUC-SP-2001)

A QUESTÃO É COMEÇAR

Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.

No escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar. Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais.

Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por perto, espiando o que escrevo.

Não me deixe falando sozinho.” Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.

 

(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).

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Observe a seguinte afirmação feita pelo autor:

“Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.”

Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”.

Indique a alternativa que explicita essa função.

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Questão 1833

(Pucpr 2004)

"Aula de Português"

 

A linguagem na ponta da língua,

tão fácil de falar e de entender.

A linguagem na superfície estrelada das estrelas,

sabe lá o que ela quer dizer?

 

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo. In: "Poesia e Prosa". Rio: Nova Aguilar,1988.) 

 

 

Em relação às duas estrofes do poema "Aula de Português", de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA: 

 

 

 

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Questão 1838

(Puccamp 2016) Comenta-se corretamente sobre o que se tem no trecho.

 

A questão a seguir refere-se ao trecho do capítulo 2 da obra Ginástica doce e yoga para crianças: método La Douce.

 

CAPÍTULO 2 (O CORPO)

Conhecer bem o corpo para fazê-lo trabalhar melhor

Cinco extremidades: a cabeça, as mãos, os pés

Para comunicar-se com tudo que a cerca, a criança usa a cabeça, as duas mãos e os dois pés. A cabeça permite-lhe ter acesso a todas as informações disponíveis. Sede do cérebro, ela fornece os recursos necessários para bem compreender seu ambiente. É igualmente através desta parte do corpo que penetram duas fontes de energia: o ar e o alimento. A cabeça se articula através do pescoço. Corredor estreito entre o cérebro e a parte inferior do corpo, o pescoço deve ser flexível para facilitar a qualidade das trocas. As mãos e os pés são verdadeiras antenas. Sua riqueza em terminações nervosas e vasos sanguíneos, assim como a possibilidade das inúmeras articulações, fazem deles instrumentos de extraordinária precisão.

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Questão 1868

(Puccamp 2016)

Editorial

Na rotina de mãe de quatro filhos, a escritora israelense Ayelet Waldman começou a detectar em si mesma e em outras mães que conhecia uma ansiedade persistente, disparada pela frustração de não corresponder às próprias expectativas em relação à maternidade. Para piorar seu tormento, 1aonde quer que fosse, encontrava mulheres sempre prontas a apontar o dedo para seus defeitos, numa espécie de polícia materna, onipresente e onisciente. Em uma conversa deliciosa com a Revista em Dia, Ayelet discorre sobre as agruras das mães ruins, categoria na qual hoje se encaixa, e com orgulho. 2E ajuda a dissipar, com humor, o minhocário que não raro habita a cabeça das mães. Minhocário que, aliás, se não for bem administrado, pode levar a problemas muito mais sérios. 3É o que você verá na reportagem da página 14, que traz o foco para a depressão durante a gravidez. Poucos sabem, mas a doença pode ser deflagrada nessa fase e é bom que tanto as gestantes como outras pessoas ao redor fiquem atentas para que as mulheres nessa situação possam receber o apoio necessário. A revista também traz temas para quem a maternidade já é assunto menos relevante 4nesse momento da vida. Se você é daquelas que entraram ou consideram entrar na onda da corrida, terá boas dicas na página 18. 5Caso já esteja reduzindo o ritmo, quem sabe encontre inspiração para espantar a monotonia na crônica da página 8. Esperamos, com um grãozinho aqui, outro ali, poder contribuir um pouco para as várias facetas que compõem uma mulher saudável e de bem consigo mesma.

Comenta-se com correção:

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