Questão 13770

(Fgv 2005) Transitando por estradas de São Paulo ou de outros estados brasileiros, é comum observar-se o fenômeno apresentado na ilustração.

Esse fenômeno recebe a denominação de

A

voçoroca, que é formada a partir de erosão intensa, provocada pelo desmatamento e uso inadequado do solo.

B

voçoroca, que ocorre em áreas onde a agricultura é praticada sem o uso de máquinas que revolvam o solo em profundidade.

C

orogênia, formada pela ação dos lençóis freáticos nas rochas do subsolo, que são lentamente dissolvidas.

D

sulco laterítico, que ocorre em áreas de várzeas fluviais, facilmente alagadas durante as cheias dos rios.

E

sulco lixiviado, que é formado pelo processo de intemperismo físico em áreas de clima tropical com estações bem definidas.

Gabarito:

voçoroca, que é formada a partir de erosão intensa, provocada pelo desmatamento e uso inadequado do solo.



Resolução:

Questão comenta sobre os processos erosivos.

FORMAÇÃO DA VOÇOROCA. (A)

Sulcos, ravinas e voçorocas - isto é formação de grandes buracos de erosão causados pela chuva e intempéries, em solos onde a vegetação é escassa e não mais protege o solo, que fica cascalhento e suscetível de carregamento por enxurradas - estão presentes em praticamente todo o Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e geralmente estão associados ao uso do solo, ao substrato geológico, ao tipo de solo, às características climáticas, hidrológicas e ao relevo. O desenvolvimento das ravinas e voçorocas descrito na literatura brasileira é geralmente atribuído a mudanças ambientais induzidas pelas atividades humanas.

A grande maioria de trabalhos na literatura sobre as ravinas e voçorocas mostra que sua ocorrência está associada a formações sedimentares arenosas, mas há também exemplos de voçorocas em solos provenientes de rochas cristalinas. Segundo alguns trabalhos, a geologia das regiões do embasamento cristalino, com suas abruptas variações laterais, influi intensamente na propagação do voçorocamento. Contatos geológicos, diques ou até mesmo bandas internas à rocha de composição diferente são suficientes para acelerar, impedir ou desviar a propagação de uma voçoroca.

No Estado de São Paulo, os trabalhos desenvolvidos pelo DAEE e pelo IPT mostram que a predominância de erosões lineares está associada aos arenitos com cimentação carbonática, pertencentes às formações Marília e Adamantina do Grupo Bauru. As formações areníticas Caiuá, Santo Anastácio, Piramboia e Botucatu apresentam menores concentrações de ocorrências erosivas por unidade de área.

A influência do relevo no desenvolvimento de ravinas e voçorocas no Estado de São Paulo é enfatizada por vários estudiosos, que as relacionam especialmente à forma e à declividade das vertentes. Em estudos realizados verificou-se a ocorrência de ravinas e voçorocas nas proximidades de Casa Branca e nas Folhas de Piracicaba, Rio Claro, São Pedro e Itirapina, e que 95% dessas erosões se desenvolveram em encostas convexas. Conclusão semelhante foi observada em voçorocas da cidade de Franca e na região de Casa Branca.

Já em estudos realizados na bacia do Rio Maracujá (MG)  e na alta bacia do Rio Araguaia (GO/MT), mostraram-se que grande parte das voçorocas se desenvolve nos setores côncavos das cabeceiras de drenagem, com formas anfiteátricas (concavidades ou “hollows”). Estas formas propiciam a convergência natural das águas superficiais e subsuperficiais, favorecendo os movimentos de massa e o desenvolvimento de voçorocas.

As voçorocas atuais, que são mais freqüentes nas concavidades do relevo, muitas vezes representam feições erosivas antigas, numa prova de que a erosão é recorrente e que tende a avançar pelas mesmas rotas já seguidas anteriormente, certamente devido ao condicionamento hídrico subsuperficial. Tal fato foi comprovado em estudos que constataram que uma das voçorocas estudadas segue a trajetória de um antigo canal erosivo.

Curva de nível cortada pela voçoroca

Chama-se, também, a atenção para voçorocas com crescimento não concordante com o gradiente topográfico local, que conduziu ao estudo da hidrologia subterrânea, dada a impossibilidade dos fluxos superficiais explicarem esta propagação anômala. Dados de levantamento geofísico por eletrorresistividade sugerem que o crescimento desta voçoroca se deu em direção a uma zona subsuperficial com grande afluxo de água subterrânea. Levantamentos de campo demonstraram que estes afluxos de água acontecem ao longo de estruturas geológicas, principalmente fraturas e falhas.

Quanto à influência da cobertura pedológica no desenvolvimento de ravinas e voçorocas, observa-se concordância no que se refere a maior suscetibilidade dos solos de textura arenosa e média. Apesar de mais restrita, há possibilidades de desenvolvimento de ravinas e voçorocas em solos argilosos como os Latossolos Vermelho Escuro observados na região de Casa Branca. Neste caso, o desenvolvimento de voçorocas deve-se principalmente à presença de um horizonte C altamente erodível, proveniente da alteração de arenitos feldspáticos com intercalações de argilitos e siltitos pertencentes à Formação Aquidauana, que facilita o aprofundamento erosivo e a interceptação do lençol freático, desenvolvendo fenômenos de piping (processos de erosão interna no solo).

Conclusão semelhante é manifestada com relação ao desenvolvimento de voçorocas em terrenos cristalinos constituídos por granitóides da região de Cachoeira do Campo, Minas Gerais, que considera como principal condicionante a existência de um horizonte C de textura arenosa pouco coerente e extremamente erodível.

 

Ravina inicial cortada pela voçoroca Granada

 



Questão 1849

(FGV - 2005)

Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".

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Questão 1850

(FGV)

Assinale a alternativa gramaticalmente correta.

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Questão 1855

(FGV - 2008)

No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:

Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.

Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.

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Questão 1863

(FGV - 2008)

Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.

ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?

O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.

O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)

A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.

Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".

Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.

A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.

O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.

(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)

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