Questão 13865

(FGVRJ 2013) Leia o seguinte texto:

Embora muitos estudos tradicionais tenham afirmado que os mecanismos de mercado favorecem a concentração das atividades econômicas (ao menos nos estágios iniciais do processo de desenvolvimento de um país), e ainda que essa concepção esteja basicamente correta, a tese apriorística de que as reformas dos anos 1990 iriam bloquear ou mesmo reverter o processo de desconcentração por ampliarem o papel das “forças de mercado” nas decisões de localização de investimentos mostrou-se falha. Os dados mais atualizados revelam que o erro dos especialistas ao prever o “esgotamento” ou a “inflexão” do processo de desconcentração industrial brasileira se deveu principalmente à importância excessiva que conferiram a um pequeno número de fatores que intervêm na dinâmica espacial desse setor, sobretudo a crise de planejamento regional e as tendências de aglomeração associadas ao novo paradigma técnico e econômico em construção.

Diniz, L. L. F. Para onde irão as indústrias? A nova geografia da industrialização brasileira. In: Albuquerque, E. S. de (org.) Que país é esse? Pensando o Brasil contemporâneo. São Paulo: Globo, 2005, p. 286-287.

Entre as afirmações abaixo, assinale aquela que é coerente com os argumentos apresentados no texto.

A

A concentração espacial das atividades industriais é resultado da crise do planejamento regional.

B

No Brasil, a dinâmica espacial da indústria obedece apenas aos mecanismos de mercado.

C

Os dados mais atualizados revelam que o processo de desconcentração da atividade industrial brasileira ainda está em curso.

D

Na década de 1990, ocorreu o esgotamento do processo de desconcentração da atividade industrial brasileira.

E

As reformas econômicas realizadas na década de 1990 foram decisivas para reverter a tendência de concentração espacial das atividades industriais.

Gabarito:

Os dados mais atualizados revelam que o processo de desconcentração da atividade industrial brasileira ainda está em curso.



Resolução:

 

[INCORRETA] A concentração espacial das atividades industriais é resultado da crise do planejamento regional

A crise do planejamento governamental no Brasil teve como fundamento alguns fatores, como a crise econômica da década de 1980, em função do Segundo Choque do Petróleo em 1979, a ausência de um processo contínuo de planejamento e o enfraquecimento do Estado como produtor de bens e serviços. E não a concentração espacial das atividades industrias, pelo contrário, em muitos casos contribui para o planejamento regional.

[INCORRETA]No Brasil, a dinâmica espacial da indústria obedece apenas aos mecanismos de mercado.

Falso, em muitos casos tais dinâmicas obedecem interesses públicos, e para a infraestrutura do próprio país, como as antigas estatais.

[CORRETA] Os dados mais atualizados revelam que o processo de desconcentração da atividade industrial brasileira ainda está em curso.

A partir da leitura do texto que acompanha a questão, podemos perceber que o autor comenta a falha na tese de que o processo de desconcentração industrial seria interrompido ou revertido a partir dos anos 1990. Ele afirma que os dados atuais revelam que a falha se deu na importância excessiva atribuída a um pequeno número de fatores que levariam a essa sugerida interrupção ou reversão.

Perceba que até os anos 1970 foi investido muito pouco em infraestrutura, então as empresas eram concentradas nas regiões onde elas poderiam aproveitar essa infraestrutura. A partir dessa década começa um processo de investimento num projeto de integração nacional, levando infraestruturas básicas a regiões fora do circuito SP-RJ. E por isso na década de 90 acontece dois fatores, o primeiro é a presença de infraestrutura em todas as regiões, como rodoviais por exemplo. E além disso acontece a chamada guerra fiscal entre estados e municípios que oferecem terras para a instalação de fábricas sem cobrar impostos por 20/30 anos, então as industrias, fábricas e empresas começam a se espalhar pelo Brasil. E o texto traz exatamente essa informação. E ainda hoje esse processo não se cessou, porque as indústrias ainda buscam locais com menos custo para se instalar, e o aumento da tecnologias de informação e da comunicação tem mantido esse processo de desconcentração.

[INCORRETA]Na década de 1990, ocorreu o esgotamento do processo de desconcentração da atividade industrial brasileira.

O processo de desconcentração industrial continua ainda no Brasil, principalmente para cidades menores (100 mil habitantes).

[INCORRETA]As reformas econômicas realizadas na década de 1990 foram decisivas para reverter a tendência de concentração espacial das atividades industriais

Essa dinâmica começou a se alterar apenas a partir da década de 1970, quando o poder público iniciou uma série de planejamentos a fim de gerar uma maior democratização no espaço industrial do país. Uma das medidas foi a criação da Sudam (Superintendência de desenvolvimento da Amazônia) e da Sudene (Superintendência de desenvolvimento do Nordeste).

Outra ação foi a autorização do Governo Federal dada aos governos estaduais de promoverem incentivos fiscais para a presença de indústrias em seus territórios. Com isso, teve início a chamada Guerra Fiscal ou Guerra dos Lugares, em que as unidades federativas, por meio de isenções de impostos e outros benefícios, passaram a competir pela manutenção de empresas em suas localidades, a fim de dinamizar suas economias e elevar a quantidade de empregos.

Soma-se a essas questões políticas o fato de que, com os avanços tecnológicos nos meios de transporte e comunicações, não eram mais necessárias uma aglomeração industrial e, tampouco, a proximidade entre indústria e mercado consumidor. Por isso, muitas empresas resolveram migrar para regiões interioranas e cidades médias, longe dos problemas relacionados às grandes cidades.

Porém, é precipitado afirmar, por exemplo, que cidades como São Paulo deixaram de se industrializar. Na verdade, o que houve foi uma queda no crescimento do número de empresas no Sudeste brasileiro, mas trata-se de algo ainda muito tímido e que tende a intensificar-se nos próximos tempos. Além disso, a capital paulista é um dos exemplos do processo de modernização produtiva, em que as antigas fábricas vão sendo gradualmente substituídas por frentes tecnológicas de serviços.



Questão 1849

(FGV - 2005)

Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".

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Questão 1850

(FGV)

Assinale a alternativa gramaticalmente correta.

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Questão 1855

(FGV - 2008)

No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:

Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.

Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.

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Questão 1863

(FGV - 2008)

Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.

ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?

O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.

O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)

A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.

Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".

Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.

A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.

O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.

(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)

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