Questão 14610

(UFU - 2007)

Heráclito de Éfeso viveu entre os séculos VI e V a. C. e sua doutrina, apesar de criticada pela filosofia clássica, foi resgatada por Hegel, que recuperou sua importante contribuição para a Dialética. Os dois fragmentos a seguir nos apresentam este pensamento.

- “Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e apagando-se conforme a medida.” (fragmento 30).

- “Para as almas, morrer é transformar-se em água; para a água, morrer é transformar-se em terra. Da terra, contudo, forma-se a água, e da água a alma.” (fragmento 36).

De acordo com o pensamento de Heráclito, marque a alternativa incorreta.

A

As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão em perfeito acordo sobre a imutabilidade do ser.

B

Para Heráclito, a ideia de que “tudo flui” significa que nada permanece fixo e imóvel.

C

Heráclito desenvolve a ideia da harmonia dos contrários, isto é, a permanente conciliação dos opostos.

D

A expressão “devir” é adequada para compreendermos a doutrina de Heráclito.

Gabarito:

As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão em perfeito acordo sobre a imutabilidade do ser.



Resolução:

a) Incorreta. As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão em perfeito acordo sobre a imutabilidade do ser.
Ambos os filósofos trataram sobre o problema do ser e a metafísica, porém a partir de pressupostos diametralmente opostos. Considerado como pai da dialética, Heráclito é um dos principais defensores do mobilismo, corrente filosófica segundo a qual a realidade natural se define pelo movimento, em que todas as coisas estariam em constante fluxo. Heráclito definiu o mundo como um fluxo eterno, o fluxo dos opostos em que tudo nasce e renasce a partir do fogo e da luta dos contrários. Esta percepção descreve em linhas gerais uma das passagens mais famosas de Heráclito, na qual segundo o ele “Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é mais o mesmo”, a ela a tradição posterior teria acrescentado “e nós também não somos mais os mesmos”. 
Parmênides, por sua vez, compartilhava a teoria de que a realidade era única, imóvel, imutável, sem princípio nem fim. Para Parmênides a verdade está na permanência, repouso e inércia da identidade do ser, que só pode ser percebida através do exercício da razão. Enquanto a aparência, o engano e o erro são expressos pelos sentidos que nos mostram apenas a mudança e transformações dos entes, onde nada permanece igual a si mesmo, e por essa razão não haveria nessa dimensão a possibilidade de conhecimento. Dessa forma, caberia ao filósofo buscar através do uso da razão aquilo que permanece para além da mudança, ou seja, sua identidade ou essência.

 

b) Correta. Para Heráclito, a ideia de que “tudo flui” significa que nada permanece fixo e imóvel.
A ideia heraclitiana de que tudo flui indica sua perspectiva sobre o ser, não havendo nada imóvel e fixo.

c) Correta. Heráclito desenvolve a ideia da harmonia dos contrários, isto é, a permanente conciliação dos opostos.
Com a idea de harmonia dos contrários, inaugurou o conceito de dialética.

d) Correta. A expressão “devir” é adequada para compreendermos a doutrina de Heráclito.
A noção de devir significa vir-a-ser, isto é, a potência, aquilo que muda para se tornar outra coisa.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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