Questão 14628

(UFU - 2001)

“Muitos não percebem tais coisas, todos os que as encontram, nem quando ensinados conhecem, mas a si próprios lhes parece que as conhecem e percebem.”

DK 22 B 17

“Más testemunhas para os homens são os olhos e ouvidos, se almas bárbaras eles têm”

DK 22 B 107

A partir destes dois textos de Heráclito, pode-se afirmar que, para ele,

A

as sensações, como as águas de um rio, são infalíveis e nos proporcionam nelas mesmas a apreensão do real.

B

o conhecimento é obtido unicamente a partir da percepção sensível.

C

as sensações por si só não são garantias de conhecimento.

D

o conhecimento é proporcionado pelo ensino obtido pela atividade da alma, qualquer que esta seja.

Gabarito:

as sensações por si só não são garantias de conhecimento.



Resolução:

c) Correta. as sensações por si só não são garantias de conhecimento.
A questão pode ser interpretada com base no texto. Para Heráclito o conhecimento não é garantido apenas pela percepção sensível. As sensações, por si só, não são garantias do conhecimento, como pode ser percebido no trecho "[...] nem quando ensinados conhecem [...]" ou  "Más testemunhas para os homens são os olhos e ouvidos[...]"

 

 

a) Incorreta. as sensações, como as águas de um rio, são infalíveis e nos proporcionam nelas mesmas a apreensão do real.
Como o segundo excerto coloca, os olhos e ouvidos, isto é, as sensações, são más testemunhas, ou seja, não são infalíveis, e, sim, passíveis de erros.

b) Incorreta. o conhecimento é obtido unicamente a partir da percepção sensível.
Como a alternativa anterior, a [B] reafirma as sensações como capazes para fornecer conhecimento, porém a percepção sensível, sozinha, não produz conhecimento, por ser falível.

d) Incorreta. o conhecimento é proporcionado pelo ensino obtido pela atividade da alma, qualquer que esta seja.
Mesmo que os excertos afirmem a falibilidade das sensações, também não é afirmado que o conhecimento seja obtido pela atividade da alma, sendo uma extrapolação do que foi dito.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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