Questão 14654

(UFU - 2005)

O trecho abaixo faz uma referência ao procedimento investigativo adotado por Sócrates.

“O fato é que nunca ensinei pessoa alguma. Se alguém deseja ouvir-me quando falo ou me encontro no desempenho de minha missão, quer se trate de moço ou velho (...) me disponho a responder a todos por igual, assim os ricos como os pobres, ou se o preferirem, a formular-lhes perguntas, ouvindo eles o que lhes falo.”

PLATÃO. Apologia de Sócrates. Belém: EDUFPA, 2001. (33 a-b)

Marque a alternativa que melhor representa o “método” socrático.

A

Sócrates nada ensina porque apenas transmite aquilo que ouve de seu daímon. Seu procedimento consiste em discursar, igualmente para qualquer ouvinte, com longos discursos demonstrativos retirados da tradição poética ou com perguntas que levem o interlocutor a fazer o mesmo. A ironia é o expediente utilizado contra os adversários, cujo objetivo é somente a disputa verbal.

B

A profissão de ignorância e a ironia de Sócrates fazem parte de seu procedimento geral de refutação por meio de perguntas e respostas breves (o élenkhos), e constituem um meio de reverter os argumentos do interlocutor para fazê-lo cair em contradição. A refutação socrática revela a presunção de saber do adversário, pela insuficiência de suas definições e pela aporia.

C

Sócrates nunca ensina pessoa alguma, porque a profissão de ignorância caracteriza o modo pelo qual encoraja seus discípulos a adquirirem sabedoria diretamente do deus do Oráculo de Delfos. A ironia socrática é uma dissimulação que, pela zombaria, revela as verdadeiras disposições do pequeno número dos que se encontram aptos para a Filosofia.

D

Sócrates nunca ensina pessoa alguma sem antes testar sua aptidão filosófica por meio de perguntas e respostas. Seu procedimento consiste em destruir as definições do adversário por meio da ironia. A ignorância socrática encoraja o adversário a revelar suas opiniões verdadeiras que, pela refutação, dão a medida da aptidão para a vida filosófica.

Gabarito:

A profissão de ignorância e a ironia de Sócrates fazem parte de seu procedimento geral de refutação por meio de perguntas e respostas breves (o élenkhos), e constituem um meio de reverter os argumentos do interlocutor para fazê-lo cair em contradição. A refutação socrática revela a presunção de saber do adversário, pela insuficiência de suas definições e pela aporia.



Resolução:

b) Correta. A ironia procura fazer o interlocutor reconhecer sua própria ignorância a partir de questionamentos. A maiêutica busca gerar novas ideias a partir das contradições encontradas na ironia.
A dialética de Sócrates, o método que parte do pressuposto "só sei que nada sei", consistia em buscar "o belo", "o justo" e "a verdade" por meio do diálogo, com questionamentos. O filósofo buscava pessoas que diziam conhecer o tema e fazia perguntas a elas, questionando o que seu interlocutor sabia de fato sobre o assunto. As explicações, no entanto, iam sempre de encontro a problemas próprios do pensamento humano, expondo contradições nos argumentos sustentados. O elenkhós são as indagações existentes na ironia, a primeira parte do método dialético de Sócrates; a aporia é a ignorância (em grego, poderia significar um caminho de difícil transposição ou sem saída). O método investigativo de Sócrates apontava para essa contradições com o intuito de demonstrar dois pontos principais: quem diz conhecer a verdade não a detém; e que é necessário assumir sua ignorância para superar os erros do pensamento e “dar a luz” a novas ideias.

 

a) Incorreta. O método socrático não consiste em discursar igualmente para qualquer ouvinte; tampouco são proferidos discursos retirados da tradição poética (poesia é mimese, imitação). Não se pode afirmar que a ironia tem por objetivo a disputa verbal.

c) Incorreta. Sócrates não encoraja seus discípulos a adquirirem sabedoria diretamente do deus do Oráculo de Delfos. A ironia socrática não é uma dissimulação que se utiliza da zombaria.

d) Incorreta. Sócrates não "testa as aptidões filosóficas" das pessoas; seu método não consiste em destruir as definições do adversário.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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