Questão 14757

(UFU - 2009)

Leia o texto a seguir.

“No que diz respeito a todas as coisas que compreendemos, não consultamos a voz de quem fala, a qual soa de fora, mas a verdade que dentro de nós preside à própria mente, incitados talvez pela palavra a consultá-la.”

De Magistro, Cap. XI, 38, In Os Pensadores, SANTO AGOSTINHO. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 319.

Marque a afirmativa incorreta.

A

Segundo Agostinho, a verdade não se descobre pela consulta das palavras que vêm de fora. O processo da descoberta da verdade dá-se através da interioridade.

B

Segundo Agostinho, a linguagem humana não tem um poder causal, mas apenas uma função instrumental de utilidade.

C

Segundo Agostinho, a linguagem humana é a condição para conhecer a verdade que dentro de nós preside à própria mente.

D

Segundo Agostinho, a verdade que dentro de nós preside à própria mente pressupõe a iluminação divina e não o recurso à memória.

Gabarito:

Segundo Agostinho, a linguagem humana é a condição para conhecer a verdade que dentro de nós preside à própria mente.



Resolução:

a) Correta. Segundo Agostinho, a verdade não se descobre pela consulta das palavras que vêm de fora. O processo da descoberta da verdade dá-se através da interioridade.
A descoberta da verdade não se dá por meio sensíveis ou pelas coisas visíveis, porém numa reorientação do indivíduo para dentro de si mesmo, em busca da verdade, que o leva a contemplar a Deus, por meio da iluminação divina, dentro de si mesmo, um processo que o leva a si mesmo de volta até Deus.

 

b) Correta. Segundo Agostinho, a linguagem humana não tem um poder causal, mas apenas uma função instrumental de utilidade.
A linguagem humana, como Agostinho analise em De Magistro, serve como signos e símbolos para designar coisas na realidade, a fim de significá-las.

c) Incorreta. Segundo Agostinho, a linguagem humana é a condição para conhecer a verdade que dentro de nós preside à própria mente.
O enunciado pede a alternativa incorreta a respeito do pensamento de Agostinho. O erro da letra C está em afirmar que a linguagem humana é a condição para conhecer a verdade. A verdade não é inata nem acessível pela linguagem, mas encontrada através da iluminação divina. De acordo com Agostinho, a iluminação divina seria a responsável pela descoberta da verdade no interior do homem. Esta verdade não seria encontrada pelas palavras que vêm de fora (a linguagem), mas da interioridade, a iluminação de Deus. A linguagem do homem não é o meio por qual se acessa a verdade, mas um instrumento útil para o manejo do saber. A linguagem (o aprender e o ensinar) apenas orienta o caminho para o conhecimento: as verdades não são transmitidas nem construídas, mas descobertas.

d) Correta. Segundo Agostinho, a verdade que dentro de nós preside à própria mente pressupõe a iluminação divina e não o recurso à memória.
O recurso à memória é uma teoria platônica, vinculado ao método maiêutico e a teoria da reminescência e da encarnação. Para Agostinho, a verdade é apreendida pela iluminação de Deus dentro do interior humano.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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