(UFU - 2003)
Nos Solilóquios, Agostinho escreveu:
“A luz comum, à medida que pode, nos indica como é aquela luz. Pois há alguns olhos tão sãos e vivos que, ao se abrirem, fixam-se no próprio sol sem nenhuma perturbação. Para esses a própria luz é, de algum modo, saúde, sem necessidade de alguém que lhes ensine, senão talvez apenas de alguma exortação. Para eles é suficiente crer, esperar, amar”.
Agostinho, Solilóquio e Vida feliz. São Paulo: Paulus, 1998, p.23.
Em conformidade com a Teoria da Iluminação, analise as assertivas abaixo.
I. A luz comum é o conhecimento humano, obtido por intermédio das demonstrações da lógica e da matemática, porém, ainda resta saber como tal conhecimento é possível.
II. A luz, que é superior à luz comum, é o intelecto humano, que, servindo-se unicamente de si mesmo, encontra em si toda a certeza e o fundamento da verdade.
III. O intelecto humano, pela sua natureza perecível, não pode se colocar como a certeza do conhecimento, pois a verdade é eterna. Aquela luz, então, acima da luz comum, é Deus.
IV. A saúde é alcançada por todos, uma vez que a salvação e a felicidade são unicamente o resultado do esforço do homem nesta vida terrena.
Assinale a única alternativa que contém as assertivas verdadeiras.
II e IV
II, III e IV
I, II e IV
I e III
Gabarito:
I e III
d) I e III
I. Correta. A luz comum é o conhecimento humano, obtido por intermédio das demonstrações da lógica e da matemática, porém, ainda resta saber como tal conhecimento é possível.
A luz comum é uma analogia com a razão natural, com o intelecto do homem, que, por demonstrações da lógica e da matemática, processa-se em direção a verdade, porém deve-se compreender como é possível isso.
II. Incorreta. A luz, que é superior à luz comum, é o intelecto humano, que, servindo-se unicamente de si mesmo, encontra em si toda a certeza e o fundamento da verdade.
A luz superior à luz comum não é o intelecto humano, pois este é ainda a luz comum, limitado e sem a possibilidade de encontrar a certeza e o fundamento da verdade.
III. Correta. O intelecto humano, pela sua natureza perecível, não pode se colocar como a certeza do conhecimento, pois a verdade é eterna. Aquela luz, então, acima da luz comum, é Deus.
O intelecto humano é como um buraco na praia tentando conter toda a água do oceano, a essência divina. Por isso, é finito e limitado e precisa da luz que traz saúde em si mesma, o próprio Deus.
IV. Incorreta. A saúde é alcançada por todos, uma vez que a salvação e a felicidade são unicamente o resultado do esforço do homem nesta vida terrena.
Se fosse assim, Agostinho não teria escrito: "Pois há alguns olhos tão sãos e vivos que, ao se abrirem, fixam-se no próprio sol sem nenhuma perturbação. Para esses a própria luz é, de algum modo, saúde, sem necessidade de alguém que lhes ensine, senão talvez apenas de alguma exortação". Isto é, ele próprio define o acesso a salvação e a felicidade como algo limitado. Ademais, Agostinho, como doutor da graça para os protestantes e da humildade para os católicos, acredita na insuficiência do homem para alcançar a salvação e a felicidade.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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