(UFSM - 2015) Há muitas razões para valorizar a ciência. A importância de prever e explicar fenômenos naturais e facilitar nosso controle de ambientes hostis, facilitando nossa adaptação, é uma delas. Em função do sucesso que a ciência tem em explicar muitos fenômenos, a maioria das pessoas não diretamente envolvidas com atividades científicas tende a pensar que uma teoria científica é um conjunto de leis verdadeiras e infalíveis sobre o mundo natural. Mudanças teóricas radicais na história da ciência (como a substituição de um modelo geocêntrico por um modelo heliocêntrico de explicação do movimento planetário) levaram filósofos a suspeitar dessa imagem das teorias científicas.
A teoria da ciência do físico e filósofo austríaco Karl Popper se caracterizou por sustentar que as leis científicas possuem um caráter
I. hipotético e provisório.
II. assistemático e irracional.
III. matemático e formal.
IV. contraditório e tautológico.
É/São verdadeira(s) a(s) assertiva(s)
I apenas.
I e II apenas.
III apenas.
II e IV apenas.
III e IV apenas.
Gabarito:
I apenas.
a) I apenas.
É uma questão difícil por depender puramente da interpretação textual e da compreensão dos conceitos trazidos nas afirmativas. Popper não é um filósofo muito estudado; não tem nenhuma teoria proeminente que caia em vestibulares: por isso, sabemos que o texto traz todas as respostas, justamente pelo fato de o aluno não ter praticamente nenhum conhecimento prévio sobre o autor.
Devemos compreender o que Popper diz em seu texto: ele valoriza a ciência e aponta suas vantagens para a vida humana, demonstrando seu caráter imutável, infalível e verdadeiro perante a maioria das pessoas. Depois explica que, considerando as grandes mudanças nas teorias científicas ao longo da história, muito filósofos já não têm essa visão acerca da ciência.
"A importância de prever e explicar fenômenos naturais e facilitar nosso controle de ambientes hostis, facilitando nossa adaptação, é uma delas." "[...] a maioria das pessoas [...] tende a pensar que uma teoria científica é um conjunto de leis verdadeiras e infalíveis sobre o mundo natural. Mudanças teóricas radicais na história da ciência [...] levaram filósofos a suspeitar dessa imagem das teorias científicas."
Assim, devemos encontrar, entre as alternativas, qual descreve melhor o caráter da ciência, segundo a explicação de Popper. Seriam as leis científicas: hipotéticas e provisórias; assistemáticas e irracionais; matemáticas e formais; ou contraditórias e tautológicas?
I. Correta. Sim, uma vez que elas se baseiam na experimentação e observação, só podem ser reais e válidas se provadas e testadas; assim, as leis científicas são sempre hipóteses, considerando que elas não são testadas todas as vezes que são utilizadas. Provisórias porque a história já mostrou que as teorias científicas podem ser refutadas ou confirmadas, modificadas de acordo com as condições determinadas, enfim: não são permanentes e imutáveis.
II. Incorreta. As leis científicas apresentam rigor sistemático racional e lógico, portanto, não podem ser assistemáticas e irracionais.
III. Incorreta. São, em grande parte, matemáticas e também formais, mas não são características trabalhadas no texto de Popper, ou seja, essa afirmativa não dialoga diretamente com o texto, se mantém à margem do tema trabalhado. Além disso, nem todas as leis científicas são matemáticas.
IV. Incorreta. As leis científicas não são contraditórias e nunca poderiam ser. Tautologia, em gramática, significa redundância; na ciência, seria uma proposição de análise que permanece sempre verdadeira, sendo o atributo uma repetição do sujeito (formas diferentes de se dizer o mesmo).
(UFSM - 2012)
[...] a capoeira, a guardiã do jogo, da 7brincadeira, do 1faz de conta que 8luta, mas joga com 3o outro, que simula um 9golpe e tira 4o outro para dançar e que tem uma vinculação 5étnica e racial com o percurso e o lugar da 2negritude em nosso país, acabou, em algumas 6escolas, ensinada sob o 10controle da 11esportivização, com regras e pontuações.
Fonte: Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Secretaria de Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, Volume 1, 2008, p.231.
Qual alternativa apresenta uma análise correta sobre o conteúdo ou a organização linguística do fragmento?
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(Ufsm 2015)
Os hábitos alimentares estão entre os principais traços culturais de um povo. Era de se esperar, portanto, que houvesse alguma menção sobre o assunto no primeiro contato entre os portugueses e os nativos, conforme relatado na Carta de Pero Vaz de Caminha. De fato, Caminha escreve a respeito da reação de dois jovens nativos que foram ate a caravela de Cabral e que experimentaram alimentos oferecidos pelos portugueses:
Deram-lhe[s] de comer: pão e peixe cozido, confeitos, bolos, mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada de tudo aquilo. E se provavam alguma coisa, logo a cuspiam com nojo. Trouxeram-lhes vinho numa taça, mas apenas haviam provado o sabor, imediatamente demonstraram não gostar e não mais quiseram. Trouxeram-lhes água num jarro. Não beberam. Apenas bochechavam, lavando as bocas, e logo lançavam fora.
Fonte: CASTRO, Silvio (org.) A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 2003, p.93.
A partir da leitura do fragmento, são feitas as seguintes afirmativas:
I. No fragmento, ao dar destaque as reações dos nativos frente à comida e a bebida oferecidas,Caminha registra o comportamento diferenciado deles quanto aos itens básicos da alimentação de um europeu.
II. No fragmento, percebe-se a antipatia de Caminha pelos nativos, o que se confirma na leitura do restante da carta quanto a outros aspectos dos indígenas, como sua aparência física.
III. O predomínio de verbos de ação, numa sequência de eventos interligados cronologicamente, confere um teor narrativo ao texto.
Está(ão) correta(s)
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(UFSM/RS - 2014)
A Carta de Pero Vaz de Caminha é o primeiro relato sobre a terra que viria a ser chamada de Brasil. Ali, percebe-se não apenas a curiosidade do europeu pelo nativo, mas também seu pasmo diante da exuberância da natureza da nova terra, que, hoje em dia, já se encontra degradada em muitos dos locais avistados por Caminha.
Tendo isso em vista, leia o fragmento a seguir.
"Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste ponto temos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, em algumas partes, grandes barreiras, algumas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima é toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque a estender d’olhos não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem o vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá. As águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem."
CASTRO, Sílvio (org.). A Carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 2003, p. 115-6.
Esse fragmento apresenta-se como um texto:
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(Ufsm 2015)
Em 2014, o jesuíta José de Anchieta foi canonizado pelo Papa Francisco I, tornando-se o terceiro santo brasileiro. Muito embora tenha nascido nas Ilhas Canárias, Anchieta ficou conhecido como o “Apóstolo do Brasil”, legando-nos importantes textos, os quais dão a tônica da função da literatura no início do período colonial brasileiro. Entre seus poemas, destaca-se “A Santa Inês”. No poema, nota-se o emprego figurativo e religioso do mais básico dos alimentos da época: o pão.
A Santa Inês
Na Vinda de sua Imagem
Cordeirinha linda,
Como folga o povo
Porque vossa vinda
Lhe dá lume novo!
[...]
Também padeirinha
Sois de nosso povo,
Pois, com vossa vinda,
Lhe dais trigo novo.
Não é de 1Alentejo
Este vosso trigo,
Mas Jesus amigo
E vosso desejo.
[....]
O pão que amassastes
Dentro em vosso peito,
É o amor perfeito
Com que a Deus amastes.
Deste vos fartastes,
Deste dais ao povo,
Porque deixe o velho
Pelo trigo novo.
[...]
Glossário
1Alentejo: região de Portugal.
Composto de versos de ________ sílabas métricas, “A Santa Inês” celebra a chegada da imagem da santa a um povoado. Para homenageá-la, o eu lírico chama-lhe de “padeirinha”, pois traria um “trigo novo” para “alimentar” o povo: o exemplo do amor a Cristo. Esse uso figurativo da linguagem caracteriza uma _______________.
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas.
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