Questão 15293

(UFU - 2010)

Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) opõe à moral tradicional, herdeira do pensamento socrático-platônico e da religião judaica-cristã, a transvaloração de todos os valores. Conforme Aranha e Arruda (2000): “Ao fazer a crítica da moral tradicional, Nietzsche preconiza a ‘transvaloração de todos os valores’. Denuncia a falsa moral, ‘decadente’, ‘de rebanho’, ‘de escravos’, cujos valores seriam a bondade, a humildade, a piedade e o amor ao próximo”. Desta forma, opõe a moral do escravo à moral do senhor, a nova moral.

(ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2000, p. 286.)

Assinale a alternativa que contenha a descrição da “moral do senhor” para Nietzsche.

A

É caracterizada pelo ódio aos instintos; negação da alegria.

B

É negativa, baseada na negação dos instintos vitais.

C

É transcendental; seus valores estão no além-mundo.

D

É positiva, baseada no sim à vida.

Gabarito:

É positiva, baseada no sim à vida.



Resolução:

d) Correta. É positiva, baseada no sim à vida.
As noções de Nietzsche buscam desconstruir e criticar toda a tradição platônica e o cristianismo, que, segundo ele, se fundamentam em concepções metafísicas sobre a realidade que anulavam a vida terrena.
O super homem é descrito como um indivíduo que busca a transvaloração de todos os valores, através da sede de poder (vontade de potência), na manifestação criativa em superar o niilismo e em reavaliar ideais velhos ou em criar novos. Como um indivíduo que se encontra acima do bem e do mal, ele cria os seus próprios valores, e reafirma a terra em detrimento de uma esperança supraterrena.
Segundo Nietzsche, o ser humano possui uma força motriz que o move e o define, e essa força é a vontade de poder ou potência, que busca reafirmar a terra e as coisas terrenas, sem qualquer esperança para além do mundo terreno. Portanto, reafirma tanto a morte quanto a vida, tanto a alegria quanto o sofrimento, sem estabelecer juízos morais sobre isso, como uma moral positiva.
Nesse sentido, o super-homem de Nietzsche é um contraponto a uma outra figura, o homem decadente, adoecido pelas noções cristãs sobre uma esperança supraterrena e pelo ressentimento. Para ele, o cristianismo representa uma moral do rebanho, um tipo de estrutura moral que reafirma os valores dominantes de uma sociedade de maneira irrefletida. O ressentimento, nesse sentido, é identificado a partir da dualidade entre a moral do senhor e a moral do escravo: a moral do senhor é a moral do super-homem, aquela que reafirma os valores criados pelo próprio indivíduo; a moral do escravo é aquela representada pelo homem decadente e fraco, que, diante da autoafirmação do senhor e dos fortes, cria valores morais para inverter essa posição, a fim de, pela consciência, enfraquecer os mais fortes e subverter a ordem. Nietzsche designa isso como ressentimento, compreendendo que o cristianismo, ao enfatizar a pobreza, a humildade e valores da mesma qualidade reafirmariam a moral do escravo.
 

a) Incorreta. É caracterizada pelo ódio aos instintos; negação da alegria.
A moral do senhor é positiva, aprecia os instintos e reafirma a alegria.

b) Incorreta. É negativa, baseada na negação dos instintos vitais.
É positiva e afirma os instintos vitais.

c) Incorreta. É transcendental; seus valores estão no além-mundo.
É imanente, seus valores estão neste mundo.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

Ver questão

Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

Ver questão

Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

Ver questão

Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

Ver questão