Questão 17879

(UNICAMP - 2017 - 1ª fase)

Leia os versos iniciais do poema The White Man’s Burden (O fardo do homem branco).

Take up the White Man’s burden
Send forth the best ye breed -
Go send your sons to exile
To serve your captives' need
To wait in heavy harness

On fluttered folk and wild-
Your new-caught, sullen peoples,

Half devil and half child (...)

(Rudyard Kipling, Rudyard Kipling’s Verse. Disponível em http://kiplingsociety.co.uk/poems_burden.htm. Acessado em 17/10/2016.)

 

O poema de Rudyard Kipling foi escrito em Londres, em 1898, após a estadia do autor nos EUA. Considerando-se o contexto do imperialismo do século XIX, o poeta expressa

A

a defesa do expansionismo norte-americano, justificado como um dever moral explicitado no título “The White Man’s Burden”.

B

o olhar caridoso em relação aos povos dominados no contexto do imperialismo do século XIX, como se observa no verso “half devil and half child”.

C

uma crítica à visão da superioridade branca vigente durante a corrida imperialista do século XIX, ao enaltecer as características “folk and wild”.

D

a visão de que as famílias americanas não devem ser punidas pela política expansionista dos EUA, como se observa na recomendação “Go send your sons to exile”.

Gabarito:

a defesa do expansionismo norte-americano, justificado como um dever moral explicitado no título “The White Man’s Burden”.



Resolução:

Para escolher a alternativa correta, alternativa A, o candidato deveria levar em conta o contexto da época e atribuir significado às seguintes palavras: “burden”, “harness”, “fluttered”, “wild”, “sullen”. Esses itens lexicais são de baixa frequência. A variedade linguística usada no poema também pode ser difícil para o candidato, pois é distante da coloquial. No entanto, o fato de o poema constar em livros didáticos de História publicados no Brasil e de as posições do autor sobre o colonialismo e expansionismo norteamericano serem bem difundidas pode contribuir para a escolha da alternativa correta.

A alternativa B considera o verso “half devil and half child” como “um olhar caridoso” do colonizador em relação aos povos dominados. No que se refere ao aspecto da língua estrangeira, o candidato deveria atribuir significado aos itens linguísticos “half”, “devil” e “child”. Ao definir os povos dominados como “metade demônio e metade criança”, o autor os reduz a seres malévolos, incapazes de autonomia, comparação nada lisonjeira. Portanto, não se pode afirmar que o colonizador seja caridoso para com os povos dominados. Assim, a alternativa b é inconsistente com o sentido do poema.

A alternativa C identifica uma crítica do poeta à visão de “superioridade branca”. Na verdade, o poema enaltece tal superioridade ao definir os povos dominados como “pessoas agitadas/ inquietas e selvagens”. Compreender o significado da palavra “wild” já seria suficiente para perceber que o poeta adere à visão de “superioridade branca”. O conhecimento sobre colonialismo também ancora tal interpretação.

A alternativa D atribui a Kipling uma visão crítica acerca da participação do povo norteamericano no expansionismo do país. O autor pensa o contrário. É a favor dessa posição geopolítica e, portanto, aprova a contribuição das famílias, expressando-o no conjunto dos versos que compõem o excerto. O verso citado na alternativa d contém a palavra “send”, que pode ser inferida tomando-se como ponto de ancoragem as palavras “go” e “sons”, presentes em programas de nível elementar de ensino de inglês, e “exile”, que é cognata.



Questão 2440

(Unicamp 2016)

Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.

(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)

Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que:

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Questão 2558

(UNICAMP - 2016 - 1ª fase)

É possível fazer educação de qualidade sem escola

É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.

Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).

Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção coletiva”, explica.

O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educativo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.”

Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda.

Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional, em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro”  biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”.

Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as  erramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.

"Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala,  recisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os  nstrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”

Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se  entir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política e  governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.

(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em http://www.cpcd.org.br/portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de_qualidade_100_escola/.)

 

A partir da identificação de várias expressões nominais ao longo do texto, é correto afirmar que:

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Questão 2559

(Unicamp 2016)

 

Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar

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Questão 2560

(Unicamp 2015)

 

Dados numéricos e recursos linguísticos colaboram para a construção dos sentidos de um texto.

Leia os títulos de notícias a seguir sobre as vendas do comércio no último Dia dos Pais.

 

Venda para o Dia dos Pais cresceu 2% em relação ao ano passado.

Adaptado de O Diário Online, 15/08/2014. Disponível em http://www.odiarioonline.com.br/noticia/26953/. Acessado em 20/08/2014.

 

Só 4 em cada 10 brasileiros compraram presentes no Dia dos Pais.

Época São Paulo, 17/08/2014. Disponível em http://epoca.globo.com/regional/sp/Consumo. Acessado em 20/08/2014.

 

 

Podemos afirmar que:

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