(FATEC-2006)
Na ciência e na tecnologia o progresso é real, mas só faz aumentar o conhecimento e o poder do homem, e esse poder pode ser usado tanto para os mais benignos objetivos quanto para os mais desastrosos.
Quando o conceito de progresso é aplicado à ética e à política, ele é uma ilusão perigosa. Veja-se, por exemplo, o caso dos gregos e dos romanos antigos. É claro que eles acreditavam no desenvolvimento de novas ferramentas.
Mas eles não transferiam essa noção de progresso técnico para a ética ou a política. É óbvio, também, que eles acreditavam no bem e no mal, que as sociedades podiam ser melhores ou piores, e que a prosperidade é preferível à fome e à pobreza. No entanto, para gregos e romanos, os jogos da ética e da política estavam sujeitos a avanços e retrocessos. Ou seja, a história humana era cíclica, com diferentes períodos se alternando, como ocorre na natureza.
A ciência, no geral, chega mais perto da verdade do mundo que outros sistemas de crença, e nós temos testemunhado seu sucesso pragmático em aumentar o poder humano. Mas, do ponto de vista ético, o conhecimento é neutro, desprovido de valor - pode tanto nos levar a realizações maravilhosas quanto atender a propósitos terríveis. (John Gray, em Veja, 23 de novembro de 2005.)
Assinale a alternativa em que os trechos do texto, reescritos, apresentam pontuação, concordância e colocação de pronomes de acordo com a norma culta
a) Com a ciência, no geral chega-se mais perto da verdade, do que chega-se com outros sistemas de crença.
b) É certo, portanto, que se sujeitavam os jogos da ética e da política a avanços e retrocessos.
c) Aplicando-se à ética e à política conceitos, como o de progresso, é que vê-se que é: uma ilusão perigosa.
d) Na Grécia e na Roma antigas, já acreditavam-se em novas ferramentas desenvolvidas pela tecnologia.
e) Ainda se prefere, que a fome e a pobreza, dê lugar à prosperidade.
Gabarito:
b) É certo, portanto, que se sujeitavam os jogos da ética e da política a avanços e retrocessos.
Com a ciência, no geral, chega-se mais perto da verdade, do que chega-se com outros sistemas de crença. O "que" atrai próclise no segundo "chega-se". Vírgulas devem isolar o adjunto adverbial deslocado "no geral" e não aparecer antes de "do que se chega". Reescrita: Com a ciência, no geral, chega-se mais perto da verdade do que se chega com outros sistemas de crença.
É certo, portanto, que se sujeitavam os jogos da ética e da política a avanços e retrocessos. (Alternativa Correta)
Aplicando-se à ética e à política conceitos, como o de progresso, é que vê-se que é: uma ilusão perigosa. O pronome "que" é partícula atrativa da próclise em "que vê-se". Além disso devem-se remover os dois pontos que separam verbo de ligação e predicativo. Reescrita: Aplicando-se à ética e à política conceitos, como o de progresso, é que se vê que é uma ilusão perigosa.
Na Grécia e na Roma antigas, já acreditavam-se em novas ferramentas desenvolvidas pela tecnologia. Há dois "erros": a flexão de número do verbo "acreditavam-se". Nesse caso, o verbo marca uma indeterminação do sujeito, devendo manter-se no singular. Além disso, o pronome "se" dessa mesma locução deve ser proclítico e não enclítico, pois o advérbio "já" é partícula atrativa de próclise. Logo, a frase deve ficar, para fins de "correção gramatical": Na Grécia e na Roma antiga(s), já se acreditava em novas ferramentas desenvolvidas pela tecnologia.
Ainda se prefere, que a fome e a pobreza, dê lugar à prosperidade. O verbo "dar" deve concordar em gênero com o sujeito composto. Reescrita: Ainda se prefere que a fome e a pobreza deem lugar à prosperidade
(FATEC)
Identifique a frase em que a função predominante da linguagem é a REFERENCIAL:
Ver questão
(FATEC-2006)
Os bem vizinhos de Naziazeno Barbosa assistem ao “pega” com o leiteiro. Por detrás das cercas, mudos, com a mulher e um que outro filho espantado já de pé àquela hora, ouvem.
Todos aqueles quintais conhecidos têm o mesmo silêncio. Noutras ocasiões, quando era apenas a “briga” com a mulher, esta, como um último desaforo de vítima, dizialhe: “Olha, que os vizinhos estão ouvindo”. Depois, à hora da saída, eram aquelas caras curiosas à janela. com os olhos fitos nele, enquanto ele cumprimentava. O leiteiro diz-lhe aquelas coisas, despenca-se pela escadinha que vai do portão até à rua, toma as rédeas do burro e sai a galope, fustigando o animal, furioso, sem olhar para nada. Naziazeno ainda fica um instante ali sozinho. (A mulher havia entrado.) Um ou outro olhar de criança fuzila através das frestas das cercas.
As sombras têm uma frescura que cheira a ervas úmidas. A luz é doirada e anda ainda por longe, na copa das árvores, no meio da estrada avermelhada. Naziazeno encaminha-se então para dentro de casa. Vai até ao quarto. A mulher ouve-lhe os passos, o barulho de abrir e fechar um que outro móvel. Por fim, ele aparece no pequeno comedouro, o chapéu na mão. Senta-se à mesa, esperando
. Ela lhe traz o alimento. – Ele não aceita mais desculpas... Naziazeno não fala. A mulher havia-se sentado defronte dele, enquanto ele toma o café. – Vai nos deixar ainda sem leite... Ele engole o café, nervoso, com os dedos ossudos e cabeçudos quebrando o pão em pedaços miudinhos, sem olhar a mulher. – É o que tu pensas. Temores... Cortar um fornecimento não é coisa fácil. – Porque tu não viste então o jeito dele quando te declarou: “Lhe dou mais um dia!”
(Dyonélio Machado, Os ratos.)
Leia o trecho: A mulher havia-se sentado defronte dele, enquanto ele toma o café. – Vai nos deixar ainda sem leite...
Assinale a alternativa que substitui o discurso direto pelo discurso indireto, sem que ocorram infrações da norma culta.
Ver questão
(FATEC)
"Ela insistiu:
- Me dá esse papel aí."
Na transposição da fala da personagem para o discurso indireto, a alternativa correta é: