Questão 2138

(FGV - SP-2007)

Os meninos deitaram-se e pegaram no sono. Sinhá Vitória pediu o binga ao companheiro e acendeu o cachimbo. Fabiano preparou um cigarro. Por enquanto estavam sossegados. O bebedouro indeciso tornara-se realidade. Voltaram a cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se. Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fábrica. Ia morrer na certa, um animal tão bom.
Se tivesse vindo com eles, transportaria a bagagem. Algum tempo comeria folhas secas, mas além dos montes encontraria alimento verde. Infelizmente pertencia ao fazendeiro – e definhava, sem ter quem lhe desse a ração.

Ia morrer o amigo, lazarento e com esparavões, num canto de cerca, vendo os urubus chegarem banzeiros, saltando,os bicos ameaçando-lhe os olhos. A lembrança das aves medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos os olhos de criaturas vivas, horrorizou Fabiano. Se elas tivessem paciência, comeriam tranquilamente a carniça. Não tinham paciência, aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo curvas.
– Pestes.

(Graciliano Ramos, Vidas Secas)

O discurso indireto livre está presente nesse fragmento de texto. Um exemplo dele está na alternativa:

A

Os meninos deitaram-se e pegaram no sono

B

Voltaram a cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se

C

A lembrança das aves medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos os olhos de criaturas vivas, horrorizou Fabiano.

D

Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fabrica.

E

Não tinham paciência, aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo curvas.

Gabarito:

Não tinham paciência, aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo curvas.



Resolução:

Alternativas

  1. Os meninos deitaram-se e pegaram no sono. Comentário: alternativa incorreta. A frase é um discurso indireto, mas não livre, marcado pelo uso da terceira pessoa e de verbos de elocução > "Os meninos deitaram-se..." 

  2. Voltaram a cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se. Comentário: alternativa incorreta. A frase é um discurso indireto, mas não livre, marcado pelo uso da terceira pessoa e de verbos de elocução >"Voltaram a cochichar projetos..."

  3. A lembrança das aves medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos os olhos de criaturas vivas, horrorizou Fabiano. Comentário: alternativa incorreta.Voltaram a cochichar projetos, as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se. Comentário: alternativa incorreta. A frase é um discurso indireto, mas não livre, marcado pelo uso da terceira pessoa e de verbos de elocução > "A lembrança das aves... aterrorizou Fabiano"

  4. Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográficos, falou no cavalo de fabrica. Comentário: alternativa incorreta.A frase é um discurso indireto, mas não livre, marcado pelo uso da terceira pessoa e de verbos de elocução > "Fabiano insistiu..."

  5. Não tinham paciência, aquelas pestes vorazes que voavam lá em cima, fazendo curvas. Comentário: alternativa correta.O final do trecho mostra que o autor apresenta o pensamento de Fabiano sobre os urubus, em discurso indireto livre, o que pode ser comprovado pela frase anterior em que o autor relata como as lembranças dos animais horrorizavam Fabiano. Em seguida, Graciliano introduz os pensamentos de Fabiano sem verbos declarativos (característica do discurso indireto livre).

 



Questão 1849

(FGV - 2005)

Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".

Ver questão

Questão 1850

(FGV)

Assinale a alternativa gramaticalmente correta.

Ver questão

Questão 1855

(FGV - 2008)

No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:

Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.

Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.

Ver questão

Questão 1863

(FGV - 2008)

Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.

ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?

O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.

O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)

A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.

Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".

Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.

A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.

O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.

(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)

Ver questão