Questão 21733

(UNICAMP - 2017 - 1ª FASE)

“São Francisco botava o dedo nas feridas dos leprosos. Mas é que ele era um santo, fazia milagres, e ela é simplesmente Doralice Leitão Leiria, um ser humano como qualquer outro.”

Érico Veríssimo, Caminhos cruzados. São Paulo: Companhia de Bolso, 2016, p. 77

“– Queres seguir a política? Então? Procura imitar Bismarck! Haverá padrão melhor?”

Idem, p. 290.

Os fragmentos acima captam um dos traços principais de Caminhos cruzados no que diz respeito à identidade narrativa das personagens. Considerando o conjunto do romance, tal traço consiste em uma

A

 

percepção de que a necessidade de status na vida social e a produção de desejos políticos e religiosos nascem da cópia de um modelo consagrado. 

 

B

afirmação, por meio do narrador, da necessidade de protagonistas bem construídos para o êxito da narrativa ficcional.

C

recusa dos modelos bem sucedidos na vida social, pois eles constrangem a imaginação artística e moral dos romancistas. 

D

representação literária da condição humana, que não necessita de figuras imaginárias para atribuir sentido à vida religiosa e política.

Gabarito:

 

percepção de que a necessidade de status na vida social e a produção de desejos políticos e religiosos nascem da cópia de um modelo consagrado. 

 



Resolução:

Comentário: a alternativa A "percepção de que a necessidade de status na vida social e a produção de desejos políticos e religiosos nascem da cópia de um modelo consagrado." é considerado como correta porque a obra em questão apresenta o cotidiano de vários de personagens (daí a ausência de protagonistas) que possuem sonhos, muitas vezes fúteis, o que permite à narrativa a construção de perfis sociais bem simples.

Resolução:

 

  1. percepção de que a necessidade de status na vida social e a produção de desejos políticos e religiosos nascem da cópia de um modelo consagrado. Não é mostrado a cópia de um modelo consagrado, mas uma forma de inspirar tal característica de grande prestígio social e político.

  2. afirmação, por meio do narrador, da necessidade de protagonistas bem construídos para o êxito da narrativa ficcional.A obra não objetiva tal afirmação feita pela assertiva.É mostrado um engajamento da recusa pelos modelos bem sucedidos na vida social.

  3. recusa dos modelos bem sucedidos na vida social, pois eles constrangem a imaginação artística e moral dos romancistas. A obra "Caminhos Cruzados" apresenta o cotidiano de uma multiplicidade de personagens que possuem sonhos, muitas vezes fúteis, o que permite à narrativa a construção de perfis sociais, de psicologia simples. Os trechos apresentados pela questão flagram as aspirações de duas personagens, respectivamente, D. Dodó e Teotônio Leiria, ambos em busca de status social. A primeira quer, na realidade, alcançar essa posição de prestígio. O segundo deseja elevar-se por intermédio da política.

  4. representação literária da condição humana, que não necessita de figuras imaginárias para atribuir sentido à vida religiosa e política. É realçado a questão de figuras modelos, por exemplo, D. Dodó e Teotônio Leiria, ambos em busca de status social. A primeira quer, na realidade, alcançar essa posição de prestígio, como justificativa a ação caridosa, inspirando-se em santos famosos como São Francisco de Assis e Santa Teresinha. O segundo deseja elevar-se por intermédio da política, tendo como modelo o célebre general prussiano Bismarck.



Questão 2440

(Unicamp 2016)

Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.

(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)

Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que:

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Questão 2558

(UNICAMP - 2016 - 1ª fase)

É possível fazer educação de qualidade sem escola

É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.

Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).

Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção coletiva”, explica.

O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educativo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.”

Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda.

Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional, em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro”  biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”.

Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as  erramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.

"Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala,  recisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os  nstrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”

Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se  entir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política e  governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.

(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em http://www.cpcd.org.br/portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de_qualidade_100_escola/.)

 

A partir da identificação de várias expressões nominais ao longo do texto, é correto afirmar que:

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Questão 2559

(Unicamp 2016)

 

Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar

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Questão 2560

(Unicamp 2015)

 

Dados numéricos e recursos linguísticos colaboram para a construção dos sentidos de um texto.

Leia os títulos de notícias a seguir sobre as vendas do comércio no último Dia dos Pais.

 

Venda para o Dia dos Pais cresceu 2% em relação ao ano passado.

Adaptado de O Diário Online, 15/08/2014. Disponível em http://www.odiarioonline.com.br/noticia/26953/. Acessado em 20/08/2014.

 

Só 4 em cada 10 brasileiros compraram presentes no Dia dos Pais.

Época São Paulo, 17/08/2014. Disponível em http://epoca.globo.com/regional/sp/Consumo. Acessado em 20/08/2014.

 

 

Podemos afirmar que:

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