Questão 2198

(UFRGS - 2005)

Quanto ao período Barroco e seus representantes na literatura colonial brasileira, é correto afirmar que

A

os sermões de Antônio Vieira apresentam uma retórica complexa pela exuberância de imagens e pelos postulados morais e religiosos

B

a obra de Gregório de Matos se distingue pela sua unidade temática, expressa por um tom satírico.

C

a poesia irreverente de Gregório de Matos satiriza diferentes tipos sociais, exceção feita aos representantes da Igreja.

D

o predomínio dos valores transcendentais, motivados pela Reforma, marca o estilo barroco da obra de Vieira

E

Gregório de Matos se ateve ao uso da língua culta da Metrópole, ao contrário de Vieira, que utilizou termos indígenas, africanos e populares.

Gabarito:

os sermões de Antônio Vieira apresentam uma retórica complexa pela exuberância de imagens e pelos postulados morais e religiosos



Resolução:

a) Alternativa correta. Os sermões do padre Antônio Vieira são baseados na utilização de uma retórica considerada complexa, pois, para persuadir sua platéia, ele combinava trechos marcados pela formalidade com outros dominados pela oralidade e pela descontração. Uma das marcas estilísticas que Vieira usava mostrando sua complexidade era o uso constante do paralelismo (repetição de estruturas sintáticas).

b) Alternativa incorreta. Não houve uma "unidade temática", o que não se aplica a Gregório de Matos, que apresentava três linhas temáticas (a lírico-amo- rosa, a lírico-religiosa e a satírica)

c) Alternativa incorreta. a poesia irreverente de Gregório de Matos satiriza diferentes tipos sociais, exceção feita aos representantes da Igreja.Comentário: alternativa incorreta porque Gregório de Matos também foi responsável em satirizar a Igreja Católica.

d) Alternativa incorreta. O padre Antônio Vieira não foge aos limites conhecidos do universo em que estamos inseridos, algo como uma força maior, partindo de uma perspectiva mística (o autor não apresenta essa abordagem).

e) Alternativa incorreta. O Padre Antônio Vieira não utilizou dos vocabulários indígenas, africanos ou populares para desenvolver a sua estrutura da obra literária.



Questão 1826

(UFRGS - 2016)

A variação linguística é uma realidade que, embora razoavelmente bem estudada pela sociolinguística, pela dialetologia e pela linguística histórica, provoca, em geral, reações sociais muito negativas.

O senso comum tem escassa percepção de que a língua é um fenômeno heterogêneo, que alberga grande variação e está em mudança contínua. Por isso, costuma folclorizar a variação regional; demoniza a variação social e tende a interpretar as mudanças como sinais de deterioração da língua. O senso comum não se dá bem com a variação linguística e chega, muitas vezes, a explosões de ira e a gestos de grande violência simbólica diante de fatos de variação.

Boa parte de uma educação de qualidade tem a ver precisamente com o ensino de língua – um ensino que garanta o domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui o das variedades linguísticas historicamente identificadas como as mais próprias a essas práticas – isto é, as variedades escritas e faladas que devem ser identificadas como constitutivas da chamada norma culta. Isso pressupõe, inclusive, uma ampla discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas características no Brasil contemporâneo.

Parece claro hoje que o domínio dessas variedades caminha junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais. Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de desenvolver uma pedagogia que garanta o domínio das práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas. Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas populares, parece que o que nos desafia é a construção de toda uma cultura escolar aberta à crítica da discriminação pela língua e preparada para combatê-la, o que pressupõe uma adequada compreensão da heterogeneidade linguística do país, sua história social e suas características atuais. Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os próprios educadores e, em seguida, os educandos.

Como fazer isso? Como garantir a disseminação dessa cultura na escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa escola existe não reconhece sua cara linguística e não só discrimina impunemente pela língua, como dá sustento explícito a esse tipo de discriminação? Em suma, como construir uma pedagogia da variação linguística?

Adaptado de: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação. In: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. (Orgs.) Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015.

 Assinale a alternativa que contém uma afirmação correta, de acordo com o sentido do texto

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Questão 1827

(Ufrgs 2016)

A variação linguística é uma realidade que, embora razoavelmente bem estudada pela sociolinguística, pela dialetologia e pela linguística histórica, provoca, em geral, reações sociais muito negativas.

O senso comum tem escassa percepção de que a língua é um fenômeno heterogêneo, que alberga grande variação e está em mudança contínua. Por isso, costuma folclorizar a variação regional; demoniza a variação social e tende a interpretar as mudanças como sinais de deterioração da língua. O senso comum não se dá bem com a variação linguística e chega, muitas vezes, a explosões de ira e a gestos de grande violência simbólica diante de fatos de variação.

Boa parte de uma educação de qualidade tem a ver precisamente com o ensino de língua – um ensino que garanta o domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui o das variedades linguísticas historicamente identificadas como as mais próprias a essas práticas – isto é, as variedades escritas e faladas que devem ser identificadas como constitutivas da chamada norma culta. Isso pressupõe, inclusive, uma ampla discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas características no Brasil contemporâneo.

Parece claro hoje que o domínio dessas variedades caminha junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais. Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de desenvolver uma pedagogia que garanta o domínio das práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas. Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas populares, parece que o que nos desafia é a construção de toda uma cultura escolar aberta à crítica da discriminação pela língua e preparada para combatê-la, o que pressupõe uma adequada compreensão da heterogeneidade linguística do país, sua história social e suas características atuais. Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os próprios educadores e, em seguida, os educandos.

Como fazer isso? Como garantir a disseminação dessa cultura na escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa escola existe não reconhece sua cara linguística e não só discrimina impunemente pela língua, como dá sustento explícito a esse tipo de discriminação? Em suma, como construir uma pedagogia da variação linguística?

Adaptado de: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação. In: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. (Orgs.) Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015.

 

Considere as afirmações abaixo, sobre a construção de uma educação de qualidade.

I. Uma educação de qualidade deve, no que concerne à variação linguística, questionar as reações sociais advindas da percepção da língua como fenômeno homogêneo.

II. O desafio, para uma educação de qualidade, está em preparar a escola para combater a discriminação que tem origem nas diferenças entre as variedades linguísticas.

III. As variedades linguísticas próprias ao domínio da leitura, escrita e fala nos espaços públicos, que devem ser ensinadas pela escola, são as que não sofreram variações sociais.

Segundo o texto, quais estão corretas?

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Questão 1865

(UFRGS - 2014)

Considere as seguintes ocorrências de artigo no texto.

O que havia de tão revolucionário na Revolução Francesa? Soberania popular, liberdade civil, igualdade perante a lei – 1as palavras hoje são ditas com tanta facilidade que somos incapazes de imaginar seu caráter explosivo em 1789. Para os franceses do Antigo Regime, 6os homens eram 8desiguais, e a desigualdade era uma boa coisa, adequada à ordem hierárquica que 2fora posta na natureza pela própria obra de Deus. A liberdade significava privilégio – isto é, literalmente, 12“lei privada”, uma prerrogativa 13especial para fazer algo negado a outras pessoas. O rei, como fonte de toda a lei, distribuía privilégios, 3pois havia sido 19ungido como 16o agente de Deus na terra. Durante todo 17o século XVIII, os filósofos do Iluminismo questionaram esses 9pressupostos, e os panfletistas profissionais conseguiram 14empanar 20a aura sagrada da coroa. Contudo, a desmontagem do quadro mental do Antigo Regime demandou violência iconoclasta, destruidora do mundo, revolucionária. 7Seria ótimo se pudéssemos associar 18a Revolução exclusivamente à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, mas ela nasceu na violência e imprimiu seus princípios em um mundo violento. Os conquistadores da Bastilha 24não se limitaram a destruir 21um símbolo do despotismo real. 4Entre eles, 150 foram mortos ou feridos no assalto à prisão e, quando os sobreviventes apanharam o diretor, cortaram sua cabeça e desfilaram-na por 25Paris 22na ponta de uma lança. Como podemos captar esses momentos de loucura, quando tudo parecia possível e o mundo se afigurava como uma tábula rasa, apagada por uma onda de comoção popular e pronta para ser redesenhada? Parece incrível que um povo inteiro fosse capaz de se levantar e transformar as condições da vida cotidiana. Duzentos anos de experiências com admiráveis mundos 26novos tornaram-nos 15céticos quanto ao 10planejamento social. 27Retrospectivamente, a Revolução pode parecer um 23prelúdio ao 11totalitarismo. Pode ser. Mas um excesso de visão 28histórica retrospectiva pode distorcer o panorama de 1789. Os revolucionários franceses não eram nossos contemporâneos. E eram um conjunto de pessoas não excepcionais em circunstâncias excepcionais. Quando as coisas se 29desintegraram, eles reagiram a uma necessidade imperiosa de dar-lhes sentido, ordenando a sociedade segundo novos princípios. Esses princípios ainda permanecem como uma denúncia da tirania e da injustiça. 5Afinal, em que estava empenhada a Revolução Francesa? Liberdade, igualdade, fraternidade.

Adaptado de: DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette. In: ____. O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. p. 30-39.

 

I. O artigo definido na referência 16.

II. O artigo definido singular na referência 17.

III. O artigo definido na referência 18.

 

Quais poderiam ser omitidos, preservando a correção de seus contextos?

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Questão 1866

(Ufrgs 2006) Considere as seguintes afirmações sobre referentes de segmentos do texto.

 

5Se escapar do 8bombardeio 1 ........ está sendo submetido, 11um achado divulgado 14anteontem por pesquisadores do Reino Unido poderá mudar a história da ocupação humana da América. Segundo eles, pegadas de pessoas descobertas no centro do México teriam 40 mil anos - 6embora os registros mais antigos de presença humana no continente não ultrapassem 2 ........ 13 mil anos.

A equipe, liderada pela 17geoarqueóloga mexicana Silvia González, achou os rastros na beira de um antigo lago assolado por chuvas de cinza vulcânica. Imagina-se que, 15depois de um desses episódios, um grupo de pessoas (entre as quais crianças, a julgar pelas dimensões das pegadas) teria caminhado sobre a cinza, deixando sua 9marca. Usando uma série de métodos diferentes, o grupo britânico datou fósseis de animais no mesmo nível da pegada, assim como sedimentos 19em volta da própria, chegando à data de por volta de 40 mil anos 16antes do presente. 22Hoje, o sítio arqueológico das Américas mais antigo cujas datas são aceitas pelos cientistas é Monte Verde, no extremo sul do Chile, com americanos cruzaram o estreito de Bering, vindos do extremo nordeste da Ásia, para chegar ao Novo Mundo. "Novas rotas de migração3 ........ expliquem a existência desses sítios mais antigos precisam ser consideradas. Nossos achados reforçam a teoria4 ........ 10esses primeiros colonos tenham vindo pela água, usando a rota da costa do Pacífico", disse González em comunicado. "Nunca se deve dar a conhecer um achado tão importante numa entrevista coletiva", critica o antropologo argentino Rolando González-José, do Centro Nacional Patagônico. 12O pesquisador já chegou a estudar os antigos mexicanos junto com a arqueóloga, 7mas teve "divergências inconciliáveis" com ela. 13"Uma data de 40 mil anos não necessariamente leva a modelos alternativos do povoamento, 23muito menos recorrendo a rotas transpacíficas", diz.

Adaptado de: LOPES, Reinaldo José. Folha de S. Paulo, 6 jul. 2005, p. A 16.

 

I - O substantivo BOMBARDEIO (ref. 8) refere-se às frequentes chuvas de cinza vulcânica que atingem o achado.

II - O substantivo MARCA (ref. 9) refere-se essencialmente a pegadas de crianças.

III - A expressão "esses primeiros colonos" (ref. 10) refere-se aos migrantes que deixaram suas pegadas no centro do México.

 

Quais estão corretas?

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