(UFU - 2015 - 1ª FASE)
Dentre os filósofos do chamado século das luzes, que preconizavam a difusão do saber como o meio mais eficaz para se pôr fim à superstição, à ignorância, ao império da opinião e do preconceito, e que acreditavam estar dando uma contribuição enorme para o progresso do espírito humano, Rousseau, certamente, ocupa um lugar não muito cômodo.
NASCIMENTO, Milton Meira. Rousseau: da servidão à liberdade. In. WEFFORT, Francisco C. Os Clássicos da Política, Vol. 1. São Paulo: Ática, 1991, p. 189.
Sobre a filosofia política de Rousseau, é correto afirmar que
uma vez instaurado governo como corpo submisso à autoridade soberana, ulterior esforço de manutenção deste estado torna-se desnecessário.
as formas clássicas de governo aristocrático são incompatíveis com a ideia de um povo soberano.
apenas por um pacto legítimo os homens, após terem perdido a sua liberdade natural, podem receber, em troca, a liberdade civil.
a ação política/governamental é boa em si quando leva em consideração a natureza própria do ser humano, da sua índole natural.
Gabarito:
apenas por um pacto legítimo os homens, após terem perdido a sua liberdade natural, podem receber, em troca, a liberdade civil.
A) Incorreta. A manutenção do estado pode ser precisa sempre que necessário, isso depende das deliberações da vontade popular.
B) Incorreta. Não são incompatíveis, visto que a forma clássica de aristocracia consiste num governo no qual são magistrados mais do que um cidadão, e menos do que metade de todos eles. A aristocracia, em sua origem, surge com a finalidade de combater a tirania. Ainda que ela pode se transformar numa oligarquia (o que é negativo), sua forma clássica não é necessariamente incompatível com a ideia de um povo soberano.
C) Correta. A sociedade civil só passa a existir através do contrato social, no qual o indivíduo retoma a sua liberdade, porém, não em sua forma natural, visto que esta foi perdida com o surgimento da propriedade privada, mas agora sob a forma de liberdade civil. Com relação às outras alternativas, todas elas são pontos nos quais Rosseau nem sequer comenta em seus escritos.
D) Incorreta. A índole natural do ser humano foi perversada, de acordo com Rousseau, devido ao surgimento da propriedade privada e o advento da desigualdade. Nesse sentido, por mais que o ser humano atingisse novamente sua índole natural de "bom selvagem", não necessariamente isso se correlaciona diretamente com a ação governamental, e nem ela seria boa em si considerando sua índole natural, pois o ser humano era a princípio, de acordo com Rousseau, pacífico.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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