Questão 25962

(UFPR - 2016 - 1ª FASE)

Observe a imagem e leia o fragmento a seguir:

Desde 1853, a disputa territorial entre o Paraná e Santa Catarina vinha se arrastando e, já no início do século XX – após a Proclamação da República e o princípio de autonomia dos estados da Federação – constituiu motivo de discussões acirradas entre as instâncias de poder desses estados brasileiros, contando, em diversos momentos, com as opiniões de representantes políticos de outras regiões do país. Diversos foram os pareceres emitidos pelo poder federal, ora dando ganho de causa a um, ora a outro.

(DALFRÉ, Liz A. Outras narrativas da nacionalidade: o movimento do Contestado. Coleção Teses do Museu Paranaense. v. 8. Curitiba: SAMP. 2014. p. 38-39.)

Sobre o movimento do Contestado, considere as seguintes afirmativas:

1. O movimento do Contestado se deu no leste paranaense, no qual vários missionários buscavam resgatar terras adquiridas por Santa Catarina no final do século XIX.

2. Entre as figuras mais emblemáticas do movimento está a de José Maria, um monge leigo que teve vários seguidores, dando feição messiânica ao combate.

3. Em 1912, o governo federal deu por finalizado o conflito, após a batalha de Irani, em que morreram vários sertanejos, entre eles, José Maria.

4. O movimento do Contestado compreende o conflito que ocorreu entre sertanejos catarinenses e paranaenses e as forças do governo federal e local.

Assinale a alternativa correta.

A

Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.

B

Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.

C

Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.

D

Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

E

As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

Gabarito:

Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.



Resolução:

A Guerra do Contestado foi um conflito que ocorreu no sul do país entre 1912 e 1916, atravessando as administrações de Hermes da Fonseca (1910-1914) e Venceslau Brás (1914-1918). A posse de terras entre o Paraná e Santa Catarina foi um dos principais motivos, mas, assim como a Guerra de Canudos, também teve seu componente místico devido ao fanatismo religioso.

A Primeira República foi permeada por descontentamentos regionais. O arranjo feito pela Política de Governadores desagradou várias partes do país que eram negligenciadas. Várias revoltas ocorreram quase que simultaneamente, o que demonstrava essa insatisfação. O problema no Sul começou entre os estados do Paraná e Santa Catarina devido à posse de terras entre as fronteiras. A delimitação se tornou uma disputa jurídica e a região ganhou a alcunha de Contestado. Com o tempo, algumas pessoas se estabeleceram ali, formando comunidades que cresceram e ganharam quase 60 mil habitantes. Nas regiões adjacentes também viviam latifundiários oligarcas catarinenses.

A situação começou a ficar belicosa em 1908 quando, a mando do governo federal, a Brazil Railway Company ganhou a concessão para a construção de uma ferrovia entre São Paulo e o Rio Grande do Sul que passava por aquelas terras. Além disso, ao longo desse caminho, a companhia americana poderia explorar a madeira também. Muitos tiveram que sair de onde estavam e alguns foram empregados nas obras junto de trabalhadores de outros estados.

Em 1910, com o fim da construção, os contratados foram demitidos. Os que vieram de outros locais não tinham como voltar para casa, e se mantiveram ali no Contestado. O que já estava desorganizado piorou com a adição de mais de 8000 pessoas. Além disso, a Southern Brazil Lumber and Colonization Company ainda fazia a exploração da madeira, desabrigando ainda mais famílias, que acabavam se juntando à comunidade.

Os problemas sociais foram o combustível para o conflito, assim como vimos em Canudos. Uma população com poucos – ou nenhum – direitos básicos e que começou a se ressentir da falta de representatividade política. Alguns autores discorrem que a ideia de que “votar não muda nada” nasceu nesses primeiros anos republicanos quando a voz da população foi sufocada. Dessa forma, percebe-se que as demissões em massa auxiliaram no processo de exclusão e pobreza. A violência aumentara prejudicando a já difícil vida do que ali moravam. Como havia muita mão-de-obra obsoleta, os latifundiários da região se aproveitaram para explorar a necessidade desses trabalhadores.

Nessa conjuntura, figuras com um discurso esperançoso, a exemplo de José Maria (1889-1912) que se dizia monge. Ganhou a confiança do povo que acreditara ele ser ressurreição de João Maria, outra figura importante que vivera na região anos antes. Havia a crença que uma Monarquia Celeste, governada por um Messias, poderia ser instalada entre eles. Nela, a pobreza seria eliminada e todos alcançariam a felicidade. José Maria também era curandeiro, e seu prestígio aumentava ao longo do tempo. Formaram uma comunidade, onde decidiram que o estado não interferiria, nem os oligarcas da região, além de contestarem a desapropriação das terras dos camponeses para concedê-las à mandachuvas como Percival Farquhar (1864-1953), o dono das empresas ferroviárias e madeireiras.

Em 1912, as revoltas tiveram início. O monge e seus seguidores reivindicavam um estado independente governado sob a égide monárquica contra uma República que falhara com todos. O conflito começou quando Maria e algumas centenas de pessoas foram para Taquaraçu, cidade paranaense, e lá se estabeleceram, ganhando a confiança geral. Fazendeiros e políticos chamaram a política e denunciaram o bando como monarquistas. Hermes da Fonseca era o presidente e havia instituído a Política das salvações, que aplicou neste caso em específico. A intervenção militar obrigava a volta do povo e de José Maria à Santa Catarina e, diante da negativa, começou a repressão. Nesse ataque, morreram soldados e sertanejos, entre eles o próprio José Maria.

O conflito se manteve por mais quatro anos. A força simbólica do monge era profunda para a população, que tomou para si a luta pela Monarquia Celeste. Além disso, esperavam a volta de seu líder, como os sebastianistas portugueses. O componente místico dominou os anos seguintes que foram cheios de batalhas cada vez mais sangrentas. Nem o estado federal, nem Paraná e Santa Catarina conseguiam acabar de vez com as investidas dos fieis. Estes se deslocavam nas fronteiras e, uma vez derrotados em uma cidade, como ocorreu em Taquaruçu, iam para outra, desgastando as investidas oficiais. Isso ocorria porque várias pessoas se simpatizavam e se aliavam à causa em cada lugar que passavam.

A Guerra do Contestado foi alçada à guerra santa pela população participante, já que acreditavam na libertação do domínio republicano. As técnicas de guerrilha se mostraram eficientes de novo, como ocorrera em Canudos. Isso exigiu uma mudança no comportamento do Exército. Primeiro, tentaram um acordo pacífico, que foi interrompido por uma epidemia que suspendeu as batalhas temporariamente. Porém, em 1914, após anos de investidas frustradas, chamaram o general Fernando Setembrino de Carvalho (1861-1947) que participara da Revolução Federalista, para organizar novas operações. Pediu voos de reconhecimento de área, algo inédito no Brasil, e mudou as estratégias de ataque. Decidiu cercar as cidades dos rebeldes e atacar uma a uma. A destruição era geral, violenta e as doenças cresciam. No fim de 1915, o último local foi invadido e um dos líderes rebeldes fugiu. Ele foi capturado em agosto de 1916, considerado o fim da Guerra.

As consequências imediatas foram as discussões sobre as fronteiras que definiu os limites entre Paraná e Santa Catarina. A violência da repressão foi notória com corpos decepados, banhos de sangue e cidades inteiras queimadas. Assim como Canudos, o modus operandi do estado contra os opositores era a completa destruição. Isso também será um problema ao longo do tempo quando os descontentamentos em relação à República oligárquica eclodirem.

1. O movimento do Contestado se deu no leste paranaense, no qual vários missionários buscavam resgatar terras adquiridas por Santa Catarina no final do século XIX.

Incorreta. Há apenas João Maria e Monge José Maria como líderes messiânicos. Ademais, não “buscavam resgatar terras adquiridas por Santa Catarina no final do século XIX”. Ademais, apenas ocupavam a região entre Paraná e Santa Catarina que antes da construção da ferrovia eram terras do governo mas ocupadas pelos locais. 

3. Em 1912, o governo federal deu por finalizado o conflito, após a batalha de Irani, em que morreram vários sertanejos, entre eles, José Maria.

Incorreta. O conflito foi finalizado apenas em 1916 



Questão 2164

(UFPR) 

Em 'Ele morreu de fome', a expressão sublinhada classifica-se como:

Ver questão

Questão 2766

 (Ufpr 2008)  

 

O autor apresenta como característica fundamental da televisão a seriação. Segundo ele, essa característica

Ver questão

Questão 2767

(Ufpr 2008)

 

 

Tendo em vista o texto, considere as afirmações a seguir:

1. A indecisão entre a ética particularista (da casa, amigos, família) e a ética universalista (da rua, do mundo público) é algo que nasce na esfera política e a ela se restringe.

2. O tratamento da corrupção no Brasil é marcado pela duplicidade ética que leva a condenar os estranhos, mas relevar os delitos das pessoas próximas.

3. O combate à corrupção do governo Lula mostrou que ela está vinculada a determinadas ideologias e partidos políticos.

4. A resistência de parlamentares a julgar o presidente do Congresso Nacional faz prevalecer a ética da casa em detrimento da ética da rua.

Assinale a alternativa correta

Ver questão

Questão 2873

(UFPR - 2016 - 1ª FASE)

“E não gostavas de festa... / Ó velho, que festa grande / hoje te faria a gente”. Esses são os versos de abertura do poema “A Mesa”, parte integrante do livro Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade. Neles podem ser identificados alguns elementos do poema, entre os quais o destinatário, um patriarca, a quem o eu lírico se dirige ao longo de centenas de versos. A respeito de “A Mesa” e de sua integração com outros poemas do mesmo livro, assinale a alternativa correta.

Ver questão