Questão 26270

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

Para os gregos, o passado e o futuro são os dois grandes males da vida, por serem dimensões do tempo que não existem mais, ou não existem ainda, que nos impedem de viver na única dimensão real: o presente. O passado nos puxa para trás: se tivemos um passado feliz, ficamos nostálgicos. Se for um passado triste, ele nos mergulha no que Spinoza batizou de “paixões tristes”: 5arrependimentos, remorsos, vergonhas e culpas que amarguram a existência e não deixam saborear o presente. Isso nos leva a procurar no futuro a esperança. Porém, segundo os gregos, a esperança também esvazia o presente do seu valor, em nome de um futuro incerto. Pensar que as coisas vão melhorar quando trocarmos de carro, de corte de cabelo, de sapatos ou de amigos, é ilusão. A  esperança e a nostalgia, o futuro e o passado são “nadas”, pois o passado não existe mais e o futuro ainda não existe. Por causa deles, acabamos quase nunca vivendo na única dimensão real do tempo: o presente. Sêneca, o grande estoico romano, dizia que de tanto vivermos no passado e no futuro, “não vivemos”. Chegamos, então, ao famoso carpe diem (“Aproveite o dia”) de Horácio. Temos  que colher o dia de hoje, sem nos deixar distrair pela preocupação do dia seguinte ou pelas nostalgias passadas.   


Planeta, edição 488, junho 2013 (fragmento). 

O texto tece reflexões acerca do passado, do futuro e do presente, argumentando a favor da ideia de que se deve 

A

ter esperança no futuro, pois o passado não existe mais. 

B

viver o presente parcimoniosamente, pois o presente é real.  

C

ignorar o passado para que se viva bem o presente. 

D

experienciar o presente, a fim de saboreá-lo. 

Gabarito:

experienciar o presente, a fim de saboreá-lo. 



Resolução:

[D]

O texto faz algumas reflexões acerca do passado, do futuro e do presente, argumentando que se deve experienciar o presente, a fim de saboreá-lo, conforme a alternativa D. O seguinte excerto do texto: “A esperança e a nostalgia, o futuro e o passado são “nadas”, pois o passado não existe mais e o futuro ainda não existe. Por causa deles, acabamos quase nunca vivendo na única dimensão real do tempo: o presente. [...] Temos que colher o dia de hoje, sem nos deixar distrair pela preocupação do dia seguinte ou pelas nostalgias passadas.” - justifica tal afirmativa. Logo, a resposta correta é a alternativa D.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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