Questão 26404

(UFU - 2016 - 1ª FASE) 

"O pensamento mais vivo é sempre inferior à sensação mais embaçada."

HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. Tradução de Anoar Alex. In: BERKELY, G.; HUME, D. Berkeley, Hume. São Paulo: Nova Cultural, 1989. p. 55-145. p. 69. Coleção Os Pensadores.

A frase de Hume sintetiza uma tese da sua teoria do conhecimento. A posição sustentada pelo filósofo

A

somente reafirma o realismo de John Locke, que considera unicamente a experiência como fundamento da autonomia do entendimento.

B

adere ao cartesianismo, para dizer que as representações da razão sempre são anteriores à experiência sensível e critério de verdade desta.

C

afirma a precedência da impressão sensível para a produção de ideias, com as quais o entendimento humano alcança a sua autonomia.

D

defende a noção de causalidade como o fundamento absoluto para o conhecimento humano nos limites da reta razão.

Gabarito:

afirma a precedência da impressão sensível para a produção de ideias, com as quais o entendimento humano alcança a sua autonomia.



Resolução:

c) Correta. afirma a precedência da impressão sensível para a produção de ideias, com as quais o entendimento humano alcança a sua autonomia.
O pensamento de Hume é distintamente empirista, pois o conhecimento humano deve possuir base experiencial. Assim, para esclarecer o que é pensamento ou ideia e a impressão, elucida o grau de vivacidade do pensamento diante das sensações e experiências: as ideias, ao nível empírico, possui menos expressividade que as sensações. A experiência do calor, em si, é mais vivaz do que a lembrança, imaginação ou da ideia do calor. Ao se pensar sobre tais experiências e sensações, compreende-se que o pensamento ocorre como uma cópia imperfeita dos objetos. Portanto, existem dois tipos de percepções na mente: o primeiro, os pensamentos ou ideias, menos vivazes e não diretas; o segundo, as impressões, são as experiências imediatas dos objetos e as sensações, mais vivazes e diretas.

 

a) Incorreta. somente reafirma o realismo de John Locke, que considera unicamente a experiência como fundamento da autonomia do entendimento.
Hume não segue a tradição realista, ao contrário, concebe um tipo de ceticismo filosófico.

b) Incorreta. adere ao cartesianismo, para dizer que as representações da razão sempre são anteriores à experiência sensível e critério de verdade desta.
Hume é adversáro de Descartes no embate filosófico, pois representa a tradição empirista que postula que a fonte do conhecimento é a experiência, ao contrário de Descartes, o qual concebe, a partir do racionalismo, que a razão é fonte do conhecimento.

d) Incorreta. defende a noção de causalidade como o fundamento absoluto para o conhecimento humano nos limites da reta razão.
A causalidade não é um fundamento absoluto para conhecimento humano, pois, para Hume, ela tampouco é um conceito verdadeiro, representando somente um hábito psicológico.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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