(IFPE - 2014)
ENTENDA O MOVIMENTO LITERÁRIO QUE DEU ORIGEM A "MACUNAÍMA"
"Macunaíma" é uma obra que atravessa tempos e lugares, raças e linguagens, cruzando as fronteiras entre o culto e o popular. O livro faz uma síntese do povo brasileiro que se mantém atual mesmo 80 anos depois de seu lançamento. De acordo com Noemi Jaffe, autora do título "Folha Explica - Macunaíma", da Publifolha, o caráter atual da obra se mantém por tratar de temas que ainda fazem parte do Brasil. "O nosso país ainda apresenta os mesmos problemas retratados em "Macunaíma": é economicamente dependente, desigual e apresenta dificuldades de reconhecimento da identidade".
A obra "Macunaíma", de Mário de Andrade, foi escrita em 1927 e publicada em 1928. O livro pertence ao Modernismo, movimento literário que teve seu ápice em 1922, com a semana de Arte Moderna, que teve Mário de Andrade como um de seus mentores. "Seis anos depois, em 1928, ano em que “Macunaíma” foi lançado, o Modernismo já era um movimento literário mais consolidado; com nome, número, identidade e ideologia", afirma Noemi Jaffe.
Em 1928, de acordo com Oscar Pilagallo, autor da série "Folha Explica - História" e outros livros da Publifolha, "o modernismo entrava em outra fase, marcado pelo Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, publicado em maio daquele ano, e pelo lançamento de “Macunaíma”, de Mário de Andrade. Foram duas vertentes importantes, ambas marcadas pelo nacionalismo. O folclorismo de Mário e a irreverência de Oswald".
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br . (Publicado em 2008). Acesso em: 25 ago.2013.
Conforme retrata o texto, “Macunaíma” é uma obra de grande importância para a literatura nacional, não só por retratar questões relativas à identidade brasileira, como também por ser um marco no Modernismo. A respeito da Primeira Fase desse movimento estético no Brasil, é correto afirmar que
teve oficialmente seu início com a Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, a qual foi centrada na arte literária, em detrimento das outras artes.
propôs uma nova concepção da linguagem artística, voltando-se para a linguagem verdadeiramente brasileira, embora não tenha retratado a oralidade.
visando à focalização da linguagem e do perfil popular, os autores desse momento priorizaram o texto em prosa, a exemplo do que fez Mário de Andrade, em “Macunaíma”.
o nacionalismo do Primeiro Momento Modernista se consagrou no trabalho com a linguagem, mas não quanto ao conteúdo. Por conta disso, a obra “Macunaíma” se constitui uma exceção.
além da adoção de um perfil nacionalista, essa fase teve características como descontração, ironia, irreverência e subversão de regras gramaticais, o que ocorreu na poesia e na prosa.
Gabarito:
além da adoção de um perfil nacionalista, essa fase teve características como descontração, ironia, irreverência e subversão de regras gramaticais, o que ocorreu na poesia e na prosa.
O movimento modernista buscou romper com o tradicionalismo e a mera imitação da cultura europeia. Dessa forma, sua proposta era uma arte nova, pautada no nacionalismo e na ruptura. Com isso, artifícios como a ironia e a irreverência e subversão de regras gramaticais eram bastante comuns.
(G1 - IFPE 2016)
Acauã
Luiz Gonzaga
Acauã, acauã vive cantando
Durante o tempo do verão
No silêncio das tardes agourando
Chamando a seca pro sertão
Chamando a seca pro sertão
Acauã,
Acauã,
Teu canto é penoso e faz medo
Te cala acauã,
Que é pra chuva voltar cedo
Que é pra chuva voltar cedo
Toda noite no sertão
Canta o João Corta-pau
A coruja, mãe da lua
A peitica e o bacurau
Na alegria do inverno
Canta sapo, gia e rã
Mas na tristeza da seca
Só se ouve acauã
Só se ouve acauã
Acauã,
Acauã...
Julgue as proposições, a seguir, quanto às relações sintático-semânticas estabelecidas tanto dentro de um mesmo período quanto entre os períodos constantes no texto.
I. No trecho ―Te cala acauã (nono verso) ―, deveria ser acrescentada uma vírgula antes de ―acauã, uma vez que essa palavra desempenha o papel de vocativo.
II. No verso ― A coruja, mãe da lua ―, a vírgula foi utilizada, justamente, para isolar o aposto ―mãe da lua.
III. Por se tratar de sujeito posposto, seria provocado um erro de concordância se, em ― Canta o João Corta-pau / A coruja, mãe da lua / A peitica e o bacurau ―, fosse pluralizado verbo.
IV. Em ― Na alegria do inverno / Canta sapo, gia e rã ―, deveria ser acrescentada uma vírgula depois de ― inverno ― para isolar um adjunto adverbial.
V. No verso ―Mas na tristeza da seca ―, a conjunção foi utilizada para estabelecer uma relação de concessão com os dois versos anteriores.
São verdadeiras as afirmativas:
(G1/IFPE - 2016)
Uma revisão de dados recentes sobre a morte de línguas
Linguistas preveem que metade das mais de 6 mil línguas faladas no mundo desaparecerá em um século — uma taxa de extinção que supera as estimativas mais pessimistas quanto à extinção de espécies biológicas. (...)
Segundo a Unesco, 96% da população mundial falam só 4% das línguas existentes. E apenas 4% da humanidade partilha o restante dos idiomas, metade dos quais se encontra em perigo de extinção. Entre 20 e 30 idiomas desaparecem por ano — uma média de uma língua a cada duas semanas. (...)
A perda de línguas raras é lamentável por várias razões. Em primeiro lugar, pelo interesse científico que despertam: algumas questões básicas da linguística estão longe de estar inteiramente resolvidas. E essas línguas ajudam a saber quais elementos da gramática e do vocabulário são realmente universais, isto é, resultantes das características do próprio cérebro humano.
A ciência também tenta reconstruir o percurso de antigas migrações, fazendo um levantamento de palavras emprestadas, que ocorrem em línguas sem qualquer parentesco. Afinal, se línguas não aparentadas partilham palavras, então seus povos estiveram em contato em algum momento.
Um comunicado do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) diz que "o desaparecimento de uma língua e de seu contexto cultural equivale a queimar um livro único sobre a natureza". Afinal, cada povo tem um modo único de ver a vida. Por exemplo, a palavra russa mir significa igualmente "aldeia", "mundo" e "paz".
É que, como os aldeões russos da Idade Média tinham de fugir para a floresta em tempos de guerra, a aldeia era para eles o próprio mundo, ao menos enquanto houvesse paz.
Disponível em: <http://revistalingua.com.br/textos/116/a-morte-anunciada-355517-1.asp> acesso em 28 set. 2015.
Considere as análises relacionadas à sintaxe de concordância e conjugação verbal dos excertos do texto e marque a única alternativa correta.
Ver questão
(IFPE - 2018)
O FIM DO LIVRO DE PAPEL
Só 122 livros. Era o que a Universidade de Cambridge tinha em 1427. Eram manuscritos lindos, que valiam cada um o preço de uma casa. Isso foi 3 décadas antes de a Bíblia de Gutenberg chegar às ruas. Depois dela, os livros deixaram de ser obras artesanais exclusivas de milionários e viraram o que viraram. Graças a uma novidade: a prensa de tipos móveis, que era capaz de fazer milhares de cópias no tempo que um monge levava para terminar um manuscrito.
Foi uma revolução sem igual na história e blá, blá, blá. Só que uma revolução que já acabou. Há 10 anos, pelo menos. Quando a internet começou a crescer para valer, ficou claro que ela passaria uma borracha na história do papel impresso e começaria outra.
Mas aconteceu justamente o que ninguém esperava: nada. A internet nunca arranhou o prestígio nem as vendas dos livros. Muito pelo contrário. O 2o negócio online que mais deu certo (depois do Google) é uma livraria, a Amazon. Se um extraterrestre pousasse na Terra hoje, acharia que nada disso faz sentido. Por que o livro não morreu? Como uma plataforma que, se comparada à internet, é tão arcaica quanto folhas de pergaminho ou tábuas de argila continua firme?
Você sabe por quê. Ler um livro inteiro no computador é insuportável. A melhor tecnologia para uma leitura profunda e demorada continua sendo tinta preta em papel branco. Tudo embalado num pacote portátil e fácil de manusear. Igual à Bíblia de Gutenberg. Isso sem falar em outro ingrediente: quem gosta de ler sente um afeto físico pelos livros. Curte tocar neles, sentir o fluxo das páginas, exibir a estante cheia. Uma relação de fetiche. Amor até.
Mas esse amor só dura porque ainda não apareceu nada melhor que um livro para a atividade de ler um livro. Se aparecer… Se aparecer, não: quando aparecer. Depois do CD, que já morreu, e do DVD, que está respirando com a ajuda de aparelhos, o livro impresso é o próximo da lista.
VERSIGNASSI, Alexandre. O fim do livro de papel. Disponível em: <https://super.abril.com.br/tecnologia/o-fim-do-livro-de-papel/>. Acesso em: 06 out. 2017.
Para estabelecer unidade de sentido, os textos são construídos com recursos que permitem articulação entre suas partes. Quanto à ligação entre os parágrafos do texto, analise as afirmativas abaixo.
I. A relação entre o segundo e o primeiro parágrafos se estabelece por meio da elipse, pois o verbo “ser” em “Foi uma revolução sem igual na história” retoma a criação da prensa de tipos móveis descrita no primeiro parágrafo.
II. O terceiro parágrafo é iniciado pela conjunção “mas”, que introduz uma ideia oposta à construída no parágrafo anterior: a superação do papel impresso pelo crescimento da internet, sendo assim, há uma quebra de expectativa.
III. Com a afirmação “Você sabe por quê”, que inicia o quarto parágrafo, o autor mantém a continuidade textual por meio da resposta às questões retóricas que finalizaram o terceiro parágrafo.
IV. Em “Mas esse amor só dura porque”, a conjunção grifada adiciona uma informação sobre o amor que as pessoas em geral têm pelo livro de papel, introduzindo uma relação temporal entre o quarto e o quinto parágrafo.
V. A coesão entre os parágrafos do texto constituiu-se por meio de conjunções adversativas e temporais, estabelecendo relações de oposição, de causa e consequência e de tempo.
Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas
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(IFPE - 2017)
MACUNAÍMA
Uma feita a Sol cobrira os três manos duma escaminha de suor e Macunaíma se lembrou de tomar banho. Porém no rio era impossível por causa das piranhas tão vorazes que de quando em quando na luta pra pegar um naco de irmã espedaçada, pulavam aos cachos pra fora d'água metro e mais. Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia d'água. E a cova era que-nem a marca dum pé-gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova e se lavou inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava branco louro e de olhos azuizinhos, a água lavara o pretume dele. E ninguém não seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas. Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém a água já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse feito maluco atirando água pra todos os lados só conseguiu ficar da cor do bronze novo. Macunaíma teve dó e consolou:
— Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume foi-se e antes fanhoso que sem nariz.
Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifara toda a água encantada pra fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas.
ANDRADE, Mário de. Macunaíma. 22. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986.
Macunaíma é uma obra da primeira geração modernista, cujo autor, Mário de Andrade, foi um dos mentores da Semana de Arte Moderna, de 1922. A respeito da primeira fase do Modernismo, podemos afirmar que
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