Questão 33141

(ENEM PPL - 2015)

Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza.

AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado).

Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque

A

o surgimento do mal é anterior à existência de Deus.

B

o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus.

C

Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má.

D

por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal.

E

Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal.

Gabarito:

por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal.



Resolução:

d) Correta. por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal.
Para Agostinho, Deus não pode ser considerado o criador do mal, porque é uma entidade totalmente boa. Na perspectiva do filósofo, o mal só existe como privação ou ausência do bem, logo, o mal não é uma substância, mas uma corrupção na substância, como, por exemplo, a escuridão não é algo, mas ausência de luz. O mal, portanto, é caracterizado a partir de uma ausência do Bem, isto é, privação de Deus, no âmbito da vontade humana, que, corrompida, estaria desordenada e, por ela, o mal seria gerado; ou seja, o mal, como privação do bem, caracteriza-se como uma desordem no interior humano e na realidade externa.

 

a) Incorreta. o surgimento do mal é anterior à existência de Deus.
O mal, para Agostinho, não pode ser anterior à Deus, pois, assim, seria um novo princípio de coisas, uma nova deidade, que comprometeria a unidade e a onipotência de Deus, e, por ser anterior, teria ainda uma superioridade sobre Deus, o que fere totalmente as noções agostinianas.

b) Incorreta. o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus.
Essa é, na verdade, uma concepção que Agostinho criticava no maniqueísmo, uma seita filosófica a qual ele havia aderido antes de sua conversão ao cristianismo. O mal, enquanto princípio ontolológico, supõe a existência de uma substância má, que, para existir, ou é um princípio mal criado por Deus, sendo totalmente bom — contradição que o filósofo patrístico não pode aceitar — ou um princípio independente, em oposição ao Deus, como um princípio bom — noção igualmente rejeitada por ele, pois isso limitaria o poder e a unidade de Deus.

c) Incorreta. Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má.
Essa é uma noção gnóstica e maniqueísta; o gnosticismo, uma seita anterior ao maniqueísmo e também uma espécie de progenitor desta, supunha, entre tantas ideias, que a matéria é má. O maniqueísmo, posteriormente, trouxe também essas noções, a partir de seu fundador, Manes. Agostinho recusava tais noções e criticou-as, pois, se a matéria fosse má, Deus teria de tê-la criado, o que é uma contradição. A matéria é boa, como criação divina, para o pensador.

e) Incorreta. Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal.
Essa relação dialética supõe um conflito eterno entre o bem e o mal, noção extrapolado do maniqueísmo, ao supor dois princípios independentes, as substâncias do Bem e do Mal. Agostinho recusa tais noções e aponta, na verdade, um único princípio absoluto, o bem, e a derrocada do mal nos finais do tempo.

 



Questão 1828

(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!

O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.


A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva

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Questão 1831

(ENEM PPL - 2010) 

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se 

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Questão 2707

 (ENEM PPL - 2010)

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a 

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Questão 3051

(Enem PPL 2015)

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