Questão 35430

(UEL 2018 - 2a fase) 

Leia o trecho a seguir, retirado do livro O Ateneu, e responda às questões de 17 a 20.
1   Tínhamos lutado em silêncio, sem que nada mais se ouvisse do que os encontrões pelo soalho. No corredor,
2   entretanto, vimos Aristarco que chegava como em socorro. Bento Alves passou; imobilizou-o com o olhar sem
3   vista, esgazeado, medonho, de quem acaba de perpetrar um homicídio e desapareceu, trôpego, manchado
4   de pó, lábios inflamados, desordem nos cabelos.
5   Aristarco veio sobre mim. Que explicasse a briga! Eu estava como o adversário, empoeirado e sujo como de
6   rolar sobre escarros.
7   Respondi-lhe com violência.
8   “Insolente”! rugiu o diretor. Com uma das mãos prendendo-me a blusa, a estalar os botões, com a outra pela
9   nuca, ergueu-me ao ar e sacudiu. “Desgraçado! desgraçado, torço-te o pescoço! Bandalhozinho impudente!
10 Confessa-me tudo ou mato-te.”
11 Em vez de confessar, segurei-lhe o vigoroso bigode. Fervia-me ainda a excitação do primeiro combate; não
12 podia olhar conveniências de respeito. Esperneei, contorci-me no espaço como um escorpião pisado. O
13 diretor arremessou-me ao chão. E, modificando o tom, falou: “Sérgio! ousaste tocar-me!”
14 – Fui primeiro tocado! repliquei fortemente.
15 – Criança! feriste um velho!
16 Reparei que havia no chão fios brancos de bigode.
17 – Fui vilmente injuriado, disse.
18 – Ah! meu filho, ferir a um mestre é como ferir ao próprio pai, e os parricidas serão malditos.
19 O tom comovido deste final inesperado impressionou-me até o íntimo d’alma. Estava vencido. Fiquei por um
20 minuto horrorizado de mim mesmo. De volta do atordoamento, achei-me só no corredor. A saída dramática
21 do diretor aumentou-me ainda remorsos. Houve uma reação de esforço moral e desatei nervosamente em
22 pranto, chorei a valer, amparando-me ao peitoril de uma janela.
23 Contava certo com um castigo excepcional, uma cominação qualquer do célebre código do arbítrio, em artigo
24 cujo grau mínimo fosse a expulsão solene.
25 Esperei um dia, dois dias, três: o castigo não veio. Soube que Bento Alves despedira-se do Ateneu na mesma
26 tarde do extraordinário desvario. Acreditei algum tempo que a minha impunidade era um caso especial do
27 afamado sistema das punições morais e que Aristarco delegara ao abutre da minha consciência o encargo
28 da sua justiça e desafronta. Hoje penso diversamente: não valia a pena perder de uma vez dois pagadores
29 prontos, só pela futilidade de uma ocorrência, desagradável, não se duvida, mas sem testemunhas.
30 O caso morreu em segredo de discrição, encontrando-nos eu e o diretor num conchavo bilateral de reserva,
31 como se nada houvesse.
     (POMPEIA, Raul. O Ateneu. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 200-202).

 

Quanto às circunstâncias da briga entre o protagonista e Bento Alves, assinale a alternativa correta.

A

Teve origem no ciúme de Bento Alves pela amizade de Sérgio com Egbert.

B

Foi provocada pelas ironias de Bento Alves após a morte de Franco.

C

Foi desencadeada pela disputa entre os dois pela atenção de Ângela.

D

Teve como consequência as contusões de Sérgio, que foram tratadas por Ema.

E

Foi imprevista, pois Bento Alves fora amigo íntimo de Sérgio, assim como Sanches.

Gabarito:

Foi imprevista, pois Bento Alves fora amigo íntimo de Sérgio, assim como Sanches.



Resolução:



Questão 1841

(Uel 2010) Observe a frase: “Os deputados decidiram errar onde não poderiam” e assinale a alternativa que corresponde ao uso correto do termo “onde”.

 

O labirinto da internet

 

Um paradoxo da cultura contemporânea é a incapacidade da maioria dos políticos de entender a comunicação política. Essa disfunção provoca, muitas vezes, resultados trágicos. É o caso da lei votada pela Câmara dos Deputados para regular o uso da internet nas eleições. Se aprovada sem mudanças pelo Senado, vai provocar um forte retrocesso numa área em que o Brasil, quase milagrosamente, se destaca no mundo – sua legislação de comunicação eleitoral. Sim, a despeito da má vontade de alguns e, a partir daí, de certos equívocos interpretativos, o Brasil tem uma das mais modernas legislações de comunicação eleitoral do mundo. O nosso modelo de propaganda gratuita, via renúncia fiscal, é tão conceitualmente poderoso que se sobressai a alguns anacronismos da lei, como o excesso de propaganda partidária em anos não eleitorais ou a ridícula proibição de imagens externas em comerciais de TV. Os deputados decidiram errar onde não poderiam. Mas era um erro previsível. A internet é o meio mais perturbador que já surgiu na comunicação. Para nós da área, ela abre fronteiras tão imprevisíveis e desconcertantes como foram a Teoria da Relatividade para a física, a descoberta do código genético para a biologia, o inconsciente para a psicologia ou a atonalidade para a música. Na comunicação política, a internet é rota ainda difícil de navegar. [...] Desde sua origem nas cavernas, o modo de expressão política tem dado pulos evolutivos sempre que surge um novo meio. [...] Foram enormes os pulos causados pela imprensa, pelo rádio, pelo cinema e pela TV na forma e no modo de fazer política. Mas nada perto dos efeitos que trará a internet. Não só por ser uma multimídia de altíssima concentração, mas também porque sua capilaridade e interatividade planetária farão dela não apenas uma transformadora das técnicas de indução do voto, mas o primeiro meio na história a mudar a maneira de votar. Ou seja, vai transformar o formato e a cara da democracia. No futuro, o eleitor não vai ser apenas persuadido, por meio da internet, a votar naquele ou naquela candidata. Ele simplesmente vai votar pela internet de forma contínua e constante.

(Adaptado de: SANTANA, João. O labirinto da internet. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2007200909.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009).

 

 

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Questão 1842

(Uel 2010) Considerando as frases a seguir:

I. “Minha nova bolsa da Luiz Vitão”.

II. “Pelo tamanho, deve caber todos os seus sonhos”.

 

 

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Questão 1854

(UEL - 2010) 

FOLHA – Seus estudos mostram que, entre os mais escolarizados, há maior preocupação com a corrupção. O acesso à educação melhorou no país, mas a aversão à corrupção não parece ter aumentado. Não se vê mais mobilizações como nos movimentos pelas Diretas ou no Fora Collor. Como explicar? ALMEIDA – Esta questão foi objeto de grande controvérsia nos Estados Unidos. Quanto maior a escolarização, maior a participação política. Mas a escolaridade também cresceu lá, e não se viu aumento de mobilização. O que se discutiu, a partir da literatura mais recente, é que, para acontecerem grandes mobilizações, é necessária também a participação atuante de uma elite política. No caso das Diretas-Já, por exemplo, essa mobilização de cima para baixo foi fundamental. O governador de São Paulo na época, Franco Montoro, estava à frente da mobilização. No Rio, o governador Leonel Brizola liberou as catracas do metrô e deu ponto facultativo aos servidores. No caso de Collor, foi um fenômeno mais raro, pois a mobilização foi mais espontânea, mas não tão grande quanto nas Diretas. Porém, é preciso lembrar que Collor atravessava um momento econômico difícil. Isso ajuda a explicar por que ele caiu com os escândalos da época, enquanto Lula sobreviveu bem ao mensalão. Collor não tinha o apoio da elite nem da classe média ou pobre. Já Lula perdeu apoio das camadas mais altas, mas a população mais pobre estava satisfeita com o desempenho da economia. Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.

(Adaptado de: GOIS, Antonio. Mais conscientes, menos mobilizados. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br//fsp/mais/fs2607200914.htm>. Acesso em: 26 jul. 2009)

Considere o trecho:

“Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.”.

As palavras grifadas são

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Questão 1859

(Uel 1997) PERTO DE mil pessoas estiveram PRESENTES ao festival DE INVERNO. As expressões em destaque na frase anterior são, respectivamente,

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