(UEL 2018 - 2a fase)
Leia os fragmentos a seguir, retirados do livro A hora da estrela, de Clarice Lispector.
Pois a datilógrafa não quer sair de meus ombros.
Logo eu que constato que a pobreza é feia
e promíscua. Por isso não sei se minha história
vai ser – ser o quê? Não sei de nada, ainda não
me animei a escrevê-la. Terá acontecimentos?
Terá. Mas quais? Também não sei. Não estou
tentando criar em vós uma expectativa aflita
e voraz: é que realmente não sei o que me espera,
tenho um personagem buliçoso nas mãos
e que me escapa a cada instante querendo que
eu o recupere. (p.22)
[...] Vejo agora que esqueci de dizer que por enquanto
nada leio para não contaminar com luxos
a simplicidade de minha linguagem. Pois como
eu disse a palavra tem que se parecer com a
palavra, instrumento meu. Ou não sou um escritor?
Na verdade sou mais ator porque, com
apenas um modo de pontuar, faço malabarismos
de entonação, obrigo o respirar alheio a me
acompanhar o texto. (p.23)
– que ela era incompetente. Incompetente para
a vida. Faltava-lhe o jeito de se ajeitar. Só vagamente
tomava conhecimento da espécie de ausência
que tinha de si em si mesma. Se fosse
criatura que se exprimisse diria: o mundo é fora
de mim, eu sou fora de mim. (Vai ser difícil escrever
esta história. Apesar de eu não ter nada
a ver com a moça, terei que me escrever todo
através dela por entre espantos meus. Os fatos
são sonoros mas entre os fatos há um sussurro.
É o sussurro o que me impressiona.) (p.24)
Faltava-lhe o jeito de se ajeitar. Tanto que (explosão)
nada argumentou em seu próprio favor
quando o chefe da firma de representante
de roldanas avisou-lhe com brutalidade (brutalidade
essa que parecia provocar com sua cara
de tola, que pedia tapa), com brutalidade que só
ia manter no emprego Glória, sua colega, porque
quanto a ela, errava demais na datilografia,
além de sujar invariavelmente o papel. Isso
disse ele. (p.24-25)
(LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.)
Quais são as diferenças entre os fragmentos do primeiro bloco (p.22 e p.23) e os do segundo bloco (p.24 e p.24-25) quanto à relação entre o narrador e o que está sendo narrado? Exemplifique com passagens do texto.
Gabarito:
Resolução:
(Uel 2010) Observe a frase: “Os deputados decidiram errar onde não poderiam” e assinale a alternativa que corresponde ao uso correto do termo “onde”.
O labirinto da internet
Um paradoxo da cultura contemporânea é a incapacidade da maioria dos políticos de entender a comunicação política. Essa disfunção provoca, muitas vezes, resultados trágicos. É o caso da lei votada pela Câmara dos Deputados para regular o uso da internet nas eleições. Se aprovada sem mudanças pelo Senado, vai provocar um forte retrocesso numa área em que o Brasil, quase milagrosamente, se destaca no mundo – sua legislação de comunicação eleitoral. Sim, a despeito da má vontade de alguns e, a partir daí, de certos equívocos interpretativos, o Brasil tem uma das mais modernas legislações de comunicação eleitoral do mundo. O nosso modelo de propaganda gratuita, via renúncia fiscal, é tão conceitualmente poderoso que se sobressai a alguns anacronismos da lei, como o excesso de propaganda partidária em anos não eleitorais ou a ridícula proibição de imagens externas em comerciais de TV. Os deputados decidiram errar onde não poderiam. Mas era um erro previsível. A internet é o meio mais perturbador que já surgiu na comunicação. Para nós da área, ela abre fronteiras tão imprevisíveis e desconcertantes como foram a Teoria da Relatividade para a física, a descoberta do código genético para a biologia, o inconsciente para a psicologia ou a atonalidade para a música. Na comunicação política, a internet é rota ainda difícil de navegar. [...] Desde sua origem nas cavernas, o modo de expressão política tem dado pulos evolutivos sempre que surge um novo meio. [...] Foram enormes os pulos causados pela imprensa, pelo rádio, pelo cinema e pela TV na forma e no modo de fazer política. Mas nada perto dos efeitos que trará a internet. Não só por ser uma multimídia de altíssima concentração, mas também porque sua capilaridade e interatividade planetária farão dela não apenas uma transformadora das técnicas de indução do voto, mas o primeiro meio na história a mudar a maneira de votar. Ou seja, vai transformar o formato e a cara da democracia. No futuro, o eleitor não vai ser apenas persuadido, por meio da internet, a votar naquele ou naquela candidata. Ele simplesmente vai votar pela internet de forma contínua e constante.
(Adaptado de: SANTANA, João. O labirinto da internet. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2007200909.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009).
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(Uel 2010) Considerando as frases a seguir:
I. “Minha nova bolsa da Luiz Vitão”.
II. “Pelo tamanho, deve caber todos os seus sonhos”.
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(UEL - 2010)
FOLHA – Seus estudos mostram que, entre os mais escolarizados, há maior preocupação com a corrupção. O acesso à educação melhorou no país, mas a aversão à corrupção não parece ter aumentado. Não se vê mais mobilizações como nos movimentos pelas Diretas ou no Fora Collor. Como explicar? ALMEIDA – Esta questão foi objeto de grande controvérsia nos Estados Unidos. Quanto maior a escolarização, maior a participação política. Mas a escolaridade também cresceu lá, e não se viu aumento de mobilização. O que se discutiu, a partir da literatura mais recente, é que, para acontecerem grandes mobilizações, é necessária também a participação atuante de uma elite política. No caso das Diretas-Já, por exemplo, essa mobilização de cima para baixo foi fundamental. O governador de São Paulo na época, Franco Montoro, estava à frente da mobilização. No Rio, o governador Leonel Brizola liberou as catracas do metrô e deu ponto facultativo aos servidores. No caso de Collor, foi um fenômeno mais raro, pois a mobilização foi mais espontânea, mas não tão grande quanto nas Diretas. Porém, é preciso lembrar que Collor atravessava um momento econômico difícil. Isso ajuda a explicar por que ele caiu com os escândalos da época, enquanto Lula sobreviveu bem ao mensalão. Collor não tinha o apoio da elite nem da classe média ou pobre. Já Lula perdeu apoio das camadas mais altas, mas a população mais pobre estava satisfeita com o desempenho da economia. Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.
(Adaptado de: GOIS, Antonio. Mais conscientes, menos mobilizados. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br//fsp/mais/fs2607200914.htm>. Acesso em: 26 jul. 2009)
Considere o trecho:
“Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.”.
As palavras grifadas são
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(Uel 1997) PERTO DE mil pessoas estiveram PRESENTES ao festival DE INVERNO. As expressões em destaque na frase anterior são, respectivamente,
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