Questão 37948

(PUC/PR - 2018)  

Considere o texto a seguir.

Encontrando Bolaño

O chileno Roberto Bolaño escreveu muito desde os seus 17 anos e só foi publicado pela primeira vez aos 43 anos – e faleceu aos 50. Nada mais natural, portanto, que aos poucos estejam sendo reveladas obras que, por algum motivo, não chegaram ao conhecimento do público antes. O espírito da ficção científica é um desses casos. Falecido em 2003, o autor terminou esse livro em 1984 – embora tenha declarado para amigos nos anos seguintes como a obra o torturava e como ele sentia faltar algo para ajustá-la, concluí-la de fato –, antes daqueles que o consagrariam, como Os detetives selvagens e 2666, por exemplo. Justamente por isso, o leitor perceberá elementos e obsessões de Bolaño que marcaram os títulos posteriores. A história, ambientada na Cidade do México dos anos 1970, apresenta Jan Schrella e Remo Morán, que dividem moradia. Enquanto o primeiro é um jovem recluso, imerso nos livros de ficção científica e dedicado a escrever cartas delirantes aos autores do gênero, o segundo é um poeta que almeja se inserir no mercado literário – e por isso mesmo um dos primeiros alter egos de Bolaño.

Revista da Cultura, ed. 110, março/17, p. 18.
 

Diferentes pronomes podem ser empregados com a finalidade de acompanhar, retomar ou substituir substantivos em um texto. Na apresentação sintética da vida e obra de Roberto Bolaño, os pronomes estão presentes de diferentes maneiras, destacando-se CORRETAMENTE

A

a possibilidade de substituir, no último período, “o primeiro” e “o segundo” por aquele e este respectivamente.

B

a necessidade de, por obediência à norma-padrão, substituir o pronome oblíquo em “concluí-la” e “ajustá-la” por “lhe”.   

C

que em “o autor terminou esse livro”, o pronome deveria ser substituído por este, devido à relação estabelecida com o nome da obra.

D

a primeira ocorrência da palavra “que” é um pronome relativo e pode ser substituída por “o qual” ao retomar o escritor referido no texto.

E

que em “como ele sentia faltar algo para ajustá-la”, o pronome pessoal reto pode ser substituído adequadamente pelo demonstrativo este.

Gabarito:

a possibilidade de substituir, no último período, “o primeiro” e “o segundo” por aquele e este respectivamente.



Resolução:

[A] Correta: a substituição de "primeiro" por "aquele" e "segundo" por "este" não causa mudança de sentido e é prevista pela gramática normativa.

[B] Incorreta: o pronome “lhe” substitui objeto indireto e, no caso dos verbos “concluir” e “ajustar”, temos objeto direto como complemento. Assim, não se deve empregar o “lhe”.

[C] Incorreta: como o nome do livro foi mencionado anteriormente (“O espírito da ficção científica”), deve-se utilizar o pronome demonstrativo “esse”, que retoma termos anteriormente mencionados.

[D] Incorreta: a primeira ocorrência da palavra “que” é uma conjunção.

[E] Incorreta: o pronome “este” anunciaria um termo que viria a seguir. No caso, já foi mencionado o autor. Assim, não é possível efetuar a substituição.



Questão 1817

(PUC-SP-2001)

A QUESTÃO É COMEÇAR

Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.

No escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar. Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais.

Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por perto, espiando o que escrevo.

Não me deixe falando sozinho.” Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.

 

(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).

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Observe a seguinte afirmação feita pelo autor:

“Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.”

Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”.

Indique a alternativa que explicita essa função.

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Questão 1833

(Pucpr 2004)

"Aula de Português"

 

A linguagem na ponta da língua,

tão fácil de falar e de entender.

A linguagem na superfície estrelada das estrelas,

sabe lá o que ela quer dizer?

 

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo. In: "Poesia e Prosa". Rio: Nova Aguilar,1988.) 

 

 

Em relação às duas estrofes do poema "Aula de Português", de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA: 

 

 

 

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Questão 1838

(Puccamp 2016) Comenta-se corretamente sobre o que se tem no trecho.

 

A questão a seguir refere-se ao trecho do capítulo 2 da obra Ginástica doce e yoga para crianças: método La Douce.

 

CAPÍTULO 2 (O CORPO)

Conhecer bem o corpo para fazê-lo trabalhar melhor

Cinco extremidades: a cabeça, as mãos, os pés

Para comunicar-se com tudo que a cerca, a criança usa a cabeça, as duas mãos e os dois pés. A cabeça permite-lhe ter acesso a todas as informações disponíveis. Sede do cérebro, ela fornece os recursos necessários para bem compreender seu ambiente. É igualmente através desta parte do corpo que penetram duas fontes de energia: o ar e o alimento. A cabeça se articula através do pescoço. Corredor estreito entre o cérebro e a parte inferior do corpo, o pescoço deve ser flexível para facilitar a qualidade das trocas. As mãos e os pés são verdadeiras antenas. Sua riqueza em terminações nervosas e vasos sanguíneos, assim como a possibilidade das inúmeras articulações, fazem deles instrumentos de extraordinária precisão.

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Questão 1868

(Puccamp 2016)

Editorial

Na rotina de mãe de quatro filhos, a escritora israelense Ayelet Waldman começou a detectar em si mesma e em outras mães que conhecia uma ansiedade persistente, disparada pela frustração de não corresponder às próprias expectativas em relação à maternidade. Para piorar seu tormento, 1aonde quer que fosse, encontrava mulheres sempre prontas a apontar o dedo para seus defeitos, numa espécie de polícia materna, onipresente e onisciente. Em uma conversa deliciosa com a Revista em Dia, Ayelet discorre sobre as agruras das mães ruins, categoria na qual hoje se encaixa, e com orgulho. 2E ajuda a dissipar, com humor, o minhocário que não raro habita a cabeça das mães. Minhocário que, aliás, se não for bem administrado, pode levar a problemas muito mais sérios. 3É o que você verá na reportagem da página 14, que traz o foco para a depressão durante a gravidez. Poucos sabem, mas a doença pode ser deflagrada nessa fase e é bom que tanto as gestantes como outras pessoas ao redor fiquem atentas para que as mulheres nessa situação possam receber o apoio necessário. A revista também traz temas para quem a maternidade já é assunto menos relevante 4nesse momento da vida. Se você é daquelas que entraram ou consideram entrar na onda da corrida, terá boas dicas na página 18. 5Caso já esteja reduzindo o ritmo, quem sabe encontre inspiração para espantar a monotonia na crônica da página 8. Esperamos, com um grãozinho aqui, outro ali, poder contribuir um pouco para as várias facetas que compõem uma mulher saudável e de bem consigo mesma.

Comenta-se com correção:

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