Questão 37955

 

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao trecho inicial do conto “A aranha”, do escritor e jornalista paulista Orígenes Lessa (1903-1986).

 

− Quer assunto para um conto? – perguntou o Eneias, cercando-me no corredor.

Sorri.

− Não, obrigado.

− Mas é assunto ótimo, verdadeiro, vivido, acontecido, interessantíssimo!

− Não, não é preciso... Fica para outra vez...

− Você está com pressa?

− Muita!

− Bem, de outra vez será. 1Dá um conto estupendo. E com esta vantagem: aconteceu... É só florear um pouco.

2− Está bem...Então...até logo...Tenho que apanhar o elevador...

3Quando me despedia, surge um terceiro. Prendendo-me à prosa. Desmoralizando-me a pressa.

− Então, que há de novo?

− Estávamos batendo papo... Eu estava cedendo, de graça, um assunto notável para um conto. Tão bom, que até comecei a esboçá-lo, 4há tempos. Mas conto não é gênero meu − continuou o Eneias, os olhos azuis transbordando de generosidade.

5− Sobre o quê? − perguntou o outro.

Eu estava frio. Não havia remédio. Tinha que ouvir, mais uma vez, o assunto.

− Um caso passado. Conheceu o Melo, que foi dono de uma grande torrefação aqui em São Paulo, e tinha uma ou várias fazendas pelo interior?

Pergunta dirigida a mim. Era mais fácil concordar.

 

(In: Omelete em Bombaim, 1946. Disponível em: www.academia.org.br)

É correto afirmar:

A

(referência 2) Em − Está bem...Então...até logo... e Então, que há de novo? a palavra sublinhada está empregada com idêntico sentido e exerce idêntica função, a de indicar que o falante tenta iniciar conversa com um interlocutor.   

B

(referência 4) A expressão há tempos está gramaticalmente bem construída, como também está adequada a formulação “daqui há dias”.   

C

(referência 3) Em Quando me despedia, surge um terceiro. Prendendo-me à prosa. Desmoralizando-me a pressa, pode-se entender que as frases em que ocorre o gerúndio têm valor de oração adjetiva explicativa.   

D

(referência 1) Em Dá um conto estupendo. E com esta vantagem: aconteceu..., o pronome destacado remete à ideia de que o assunto daria um conto estupendo.  

E

(referência 5) Em − Sobre o quê? − perguntou o outro, a palavra está adequadamente grafada, como acontece com o destacado em “Perguntava-se o por quê de tanta agressividade contra um monumento histórico”.   

Gabarito:

(referência 3) Em Quando me despedia, surge um terceiro. Prendendo-me à prosa. Desmoralizando-me a pressa, pode-se entender que as frases em que ocorre o gerúndio têm valor de oração adjetiva explicativa.   



Resolução:

As opções [A], [B], [D] e [E] são incorretas, pois

 

[A] na primeira ocorrência, o termo “então” exerce função morfológica de conjunção conclusiva, equivalente a portanto; na segunda, em discurso na forma interrogativa, apresenta função adverbial, solicitando continuação do que está sendo contado;

[B] a expressão “daqui há dias” é inadequada, pois o termo “há” faz parte da conjugação do presente do indicativo do verbo haver (ter, existir), não compatível com o contexto;

[D] o pronome demonstrativo “esta” apresenta valor catafórico, ou seja, faz referência ao termo subsequente, “aconteceu”; enquanto que na frase “Sobre o quê?”, o termo sublinhado está grafado corretamente por se tratar de pronome interrogativo em final de frase, em “Perguntava-se o por quê de tanta agressividade contra um monumento histórico”, o termo apresenta desvio ortográfico, pois trata-se de substantivo com valor semântico de razão, motivo ou causa, devendo ser substituído por porquê.

 

Assim, é correta a opção [C].



Questão 1817

(PUC-SP-2001)

A QUESTÃO É COMEÇAR

Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.

No escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar. Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais.

Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por perto, espiando o que escrevo.

Não me deixe falando sozinho.” Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.

 

(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).

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Observe a seguinte afirmação feita pelo autor:

“Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.”

Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”.

Indique a alternativa que explicita essa função.

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Questão 1833

(Pucpr 2004)

"Aula de Português"

 

A linguagem na ponta da língua,

tão fácil de falar e de entender.

A linguagem na superfície estrelada das estrelas,

sabe lá o que ela quer dizer?

 

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo. In: "Poesia e Prosa". Rio: Nova Aguilar,1988.) 

 

 

Em relação às duas estrofes do poema "Aula de Português", de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA: 

 

 

 

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Questão 1838

(Puccamp 2016) Comenta-se corretamente sobre o que se tem no trecho.

 

A questão a seguir refere-se ao trecho do capítulo 2 da obra Ginástica doce e yoga para crianças: método La Douce.

 

CAPÍTULO 2 (O CORPO)

Conhecer bem o corpo para fazê-lo trabalhar melhor

Cinco extremidades: a cabeça, as mãos, os pés

Para comunicar-se com tudo que a cerca, a criança usa a cabeça, as duas mãos e os dois pés. A cabeça permite-lhe ter acesso a todas as informações disponíveis. Sede do cérebro, ela fornece os recursos necessários para bem compreender seu ambiente. É igualmente através desta parte do corpo que penetram duas fontes de energia: o ar e o alimento. A cabeça se articula através do pescoço. Corredor estreito entre o cérebro e a parte inferior do corpo, o pescoço deve ser flexível para facilitar a qualidade das trocas. As mãos e os pés são verdadeiras antenas. Sua riqueza em terminações nervosas e vasos sanguíneos, assim como a possibilidade das inúmeras articulações, fazem deles instrumentos de extraordinária precisão.

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Questão 1868

(Puccamp 2016)

Editorial

Na rotina de mãe de quatro filhos, a escritora israelense Ayelet Waldman começou a detectar em si mesma e em outras mães que conhecia uma ansiedade persistente, disparada pela frustração de não corresponder às próprias expectativas em relação à maternidade. Para piorar seu tormento, 1aonde quer que fosse, encontrava mulheres sempre prontas a apontar o dedo para seus defeitos, numa espécie de polícia materna, onipresente e onisciente. Em uma conversa deliciosa com a Revista em Dia, Ayelet discorre sobre as agruras das mães ruins, categoria na qual hoje se encaixa, e com orgulho. 2E ajuda a dissipar, com humor, o minhocário que não raro habita a cabeça das mães. Minhocário que, aliás, se não for bem administrado, pode levar a problemas muito mais sérios. 3É o que você verá na reportagem da página 14, que traz o foco para a depressão durante a gravidez. Poucos sabem, mas a doença pode ser deflagrada nessa fase e é bom que tanto as gestantes como outras pessoas ao redor fiquem atentas para que as mulheres nessa situação possam receber o apoio necessário. A revista também traz temas para quem a maternidade já é assunto menos relevante 4nesse momento da vida. Se você é daquelas que entraram ou consideram entrar na onda da corrida, terá boas dicas na página 18. 5Caso já esteja reduzindo o ritmo, quem sabe encontre inspiração para espantar a monotonia na crônica da página 8. Esperamos, com um grãozinho aqui, outro ali, poder contribuir um pouco para as várias facetas que compõem uma mulher saudável e de bem consigo mesma.

Comenta-se com correção:

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