Questão 40495

(UEL - 2007)

Leia o texto a seguir:

“Todos os raciocínios referentes a questões de fato parecem fundar-se na relação de causa e efeito. É somente por meio dessa relação que podemos ir além da evidência de nossa memória e nossos sentidos. [...] Arrisco-me a afirmar, a título de uma proposta geral que não admite exceções, que o conhecimento dessa relação não é, em nenhum caso, alcançado por meio de raciocínios a priori, mas provém inteiramente da experiência, ao descobrirmos que certos objetos particulares acham-se constantemente conjugados uns aos outros.”

Fonte: HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. Tradução de José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Editora UNESP, 1999. p. 44-45.

Com base no texto e em seus conhecimentos sobre Hume, é correto afirmar que:

A

Ao observarmos dois objetos conjugados entre si, podemos observar também a relação de causa e efeito que os une.

B

É a razão que nos faz descobrir as causas e efeitos dos acontecimentos.

C

Quando raciocinamos a priori e consideramos um objeto ou causa apenas, tal como aparece à mente, independente de toda observação, ele facilmente poderá sugerir-nos a ideia de algum objeto distinto, como seu efeito, e também exibir-nos a conexão inseparável e inviolável entre eles.

D

Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas que o produziram, nem os efeitos que dele provirão; tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem o auxílio da experiência, qualquer conclusão referente à existência efetiva de coisas ou questões de fato.

E

Todas as leis da natureza e todas as operações dos corpos são conhecidas pela razão, com o auxílio da experiência.

Gabarito:

Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas que o produziram, nem os efeitos que dele provirão; tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem o auxílio da experiência, qualquer conclusão referente à existência efetiva de coisas ou questões de fato.



Resolução:

d) Correta. Nenhum objeto jamais revela, pelas qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas que o produziram, nem os efeitos que dele provirão; tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem o auxílio da experiência, qualquer conclusão referente à existência efetiva de coisas ou questões de fato.
O filósofo situa-se na perspectiva empirista, e, por isso, não acredita que haja conceitos inatos na mente, isto é, nenhuma ideia a priori, pois todas as nossas ideias, para Hume, são adquiridas por meio da experiência sensorial. Quando Hume vai questionar a problemática da causa e efeito, está colocando essa crítica contra uma escola de pensamento, o racionalismo — oposto ao empirismo; o racionalismo, por sua vez, defende a existência de ideias inatas e necessárias, como a matemática.
O conceito de causa e efeito é construído a partir de uma noção apriorística da experiência; explicando melhor, julgamos as nossas experiências, que algo causa outro algo, e que aquilo é causado por isto, por meio de uma noção racional que é anterior à experiência. Toda noção, por sua vez, é uma abstração, ou seja, é algo que é sempre necessário e universal; explicando, a relação de causa e efeito, por ser uma noção, sempre irá ocorrer, ou seja, o sol (causa) sempre irá aquecer uma pedra (efeito). Isso que eu expliquei é afirmado pela visão racionalista.
O que o Hume quer fazer é questionar justamente essa ideia, afirmando que a noção adquirida de causa e efeito não foi da razão pura, mas de uma experiência da realidade. Porém, ele entende que, pela experiência, não podemos determinar se um conceito é universal e necessário, que irá ocorrer sempre; por exemplo, pela experiência somente, não consigo afirmar que o sol irá aquecer para sempre, no futuro, a pedra. Então, numa posição bem radical, ele vai afirmar que toda noção de relação de causa e efeito é apenas um hábito da mente por ver sempre a mesma coisa ocorrendo.

 

a) Incorreta. Ao observarmos dois objetos conjugados entre si, podemos observar também a relação de causa e efeito que os une.
Para observar a relação entre dois objetos ou fenômenos, segundo Hume, tem que se recorrer primeiramente à experiência e aos sentidos. Porém, ao recorrer aos sentidos, não é possível observar a partir destes a relação entre causa e efeito, que é um raciocínio a priori abstraído como algo universal. Por exemplo, um indivíduo enxergar que o sol nasce sempre, daí ele conclui que o sol sempre irá nascer; ou melhor, que, ao sempre que coloca a madeira no fogo, ela sempre queima, concluindo assim que o fogo é a causa da queima da madeira. Porém, dizer que algo é a causa de um certo efeito é, segundo Hume, não um conceito universal (algo que é necessário em todas as situações), mas, na verdade, um hábito mental, isto é, por ele sempre enxergar assim, concluir que sempre será assim. Porém, não significa que algo sempre será de determinada forma, pois isso não pode ser depreendido dos sentidos, mas de um hábito, de uma repetição constante.

b) Incorreta. É a razão que nos faz descobrir as causas e efeitos dos acontecimentos.
A razão não pode determinar as causas e os efeitos, pois são conceitos a priori, sem o uso da experiência, o que contradiz a doutrina empirista.

c) Incorreta. Quando raciocinamos a priori e consideramos um objeto ou causa apenas, tal como aparece à mente, independente de toda observação, ele facilmente poderá sugerir-nos a ideia de algum objeto distinto, como seu efeito, e também exibir-nos a conexão inseparável e inviolável entre eles.
Essa tese expressa conceitos a priori e a noção de causa e efeito que a experiência não pode validar, portanto é falsa.

e) Incorreta. Todas as leis da natureza e todas as operações dos corpos são conhecidas pela razão, com o auxílio da experiência.
Segundo a doutrina empirista de Hume, não, pois a experiência é a principal fonte do conhecimento.



Questão 1841

(Uel 2010) Observe a frase: “Os deputados decidiram errar onde não poderiam” e assinale a alternativa que corresponde ao uso correto do termo “onde”.

 

O labirinto da internet

 

Um paradoxo da cultura contemporânea é a incapacidade da maioria dos políticos de entender a comunicação política. Essa disfunção provoca, muitas vezes, resultados trágicos. É o caso da lei votada pela Câmara dos Deputados para regular o uso da internet nas eleições. Se aprovada sem mudanças pelo Senado, vai provocar um forte retrocesso numa área em que o Brasil, quase milagrosamente, se destaca no mundo – sua legislação de comunicação eleitoral. Sim, a despeito da má vontade de alguns e, a partir daí, de certos equívocos interpretativos, o Brasil tem uma das mais modernas legislações de comunicação eleitoral do mundo. O nosso modelo de propaganda gratuita, via renúncia fiscal, é tão conceitualmente poderoso que se sobressai a alguns anacronismos da lei, como o excesso de propaganda partidária em anos não eleitorais ou a ridícula proibição de imagens externas em comerciais de TV. Os deputados decidiram errar onde não poderiam. Mas era um erro previsível. A internet é o meio mais perturbador que já surgiu na comunicação. Para nós da área, ela abre fronteiras tão imprevisíveis e desconcertantes como foram a Teoria da Relatividade para a física, a descoberta do código genético para a biologia, o inconsciente para a psicologia ou a atonalidade para a música. Na comunicação política, a internet é rota ainda difícil de navegar. [...] Desde sua origem nas cavernas, o modo de expressão política tem dado pulos evolutivos sempre que surge um novo meio. [...] Foram enormes os pulos causados pela imprensa, pelo rádio, pelo cinema e pela TV na forma e no modo de fazer política. Mas nada perto dos efeitos que trará a internet. Não só por ser uma multimídia de altíssima concentração, mas também porque sua capilaridade e interatividade planetária farão dela não apenas uma transformadora das técnicas de indução do voto, mas o primeiro meio na história a mudar a maneira de votar. Ou seja, vai transformar o formato e a cara da democracia. No futuro, o eleitor não vai ser apenas persuadido, por meio da internet, a votar naquele ou naquela candidata. Ele simplesmente vai votar pela internet de forma contínua e constante.

(Adaptado de: SANTANA, João. O labirinto da internet. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2007200909.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009).

 

 

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Questão 1842

(Uel 2010) Considerando as frases a seguir:

I. “Minha nova bolsa da Luiz Vitão”.

II. “Pelo tamanho, deve caber todos os seus sonhos”.

 

 

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Questão 1854

(UEL - 2010) 

FOLHA – Seus estudos mostram que, entre os mais escolarizados, há maior preocupação com a corrupção. O acesso à educação melhorou no país, mas a aversão à corrupção não parece ter aumentado. Não se vê mais mobilizações como nos movimentos pelas Diretas ou no Fora Collor. Como explicar? ALMEIDA – Esta questão foi objeto de grande controvérsia nos Estados Unidos. Quanto maior a escolarização, maior a participação política. Mas a escolaridade também cresceu lá, e não se viu aumento de mobilização. O que se discutiu, a partir da literatura mais recente, é que, para acontecerem grandes mobilizações, é necessária também a participação atuante de uma elite política. No caso das Diretas-Já, por exemplo, essa mobilização de cima para baixo foi fundamental. O governador de São Paulo na época, Franco Montoro, estava à frente da mobilização. No Rio, o governador Leonel Brizola liberou as catracas do metrô e deu ponto facultativo aos servidores. No caso de Collor, foi um fenômeno mais raro, pois a mobilização foi mais espontânea, mas não tão grande quanto nas Diretas. Porém, é preciso lembrar que Collor atravessava um momento econômico difícil. Isso ajuda a explicar por que ele caiu com os escândalos da época, enquanto Lula sobreviveu bem ao mensalão. Collor não tinha o apoio da elite nem da classe média ou pobre. Já Lula perdeu apoio das camadas mais altas, mas a população mais pobre estava satisfeita com o desempenho da economia. Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.

(Adaptado de: GOIS, Antonio. Mais conscientes, menos mobilizados. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br//fsp/mais/fs2607200914.htm>. Acesso em: 26 jul. 2009)

Considere o trecho:

“Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.”.

As palavras grifadas são

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Questão 1859

(Uel 1997) PERTO DE mil pessoas estiveram PRESENTES ao festival DE INVERNO. As expressões em destaque na frase anterior são, respectivamente,

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