(UfFU - 2007)
Antonio Gramsci, filósofo político do século passado, proferiu o seguinte comentário a respeito de Maquiavel:
“Maquiavel não é um mero cientista; ele é um homem de participação, de paixões poderosas, um político prático, que pretende criar novas relações de força e que por isso mesmo não pode deixar de se ocupar com o ‘deve ser’, que não deve ser entendido em sentido moralista. Assim, a questão não deve ser colocada nestes termos, é mais complexa: trata-se de considerar se o ‘dever ser’ é um ato arbitrário ou necessário, é vontade concreta, ou veleidade, desejo, sonho. O político em ação é um criador, um suscitador; mas não cria do nada, nem se move no vazio túrbido dos seus desejos e sonhos. Baseia-se na realidade factual.”
GRAMSCI, A. Maquiavel. A política e o Estado moderno. 5. ed. Trad. de Luiz Mário Gazzaneo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. p. 42/43.
Considerando o texto de Gramsci, marque a alternativa correta.
O poder da paixão do político prático é visto por Maquiavel como o único caminho para o poder, isto significa que o príncipe deve agir guiado pelas suas veleidades e desejos que alimentam o seu sonho de poder.
Maquiavel não trata o “deve ser” na perspectiva ontológica da filosofia clássica. O juízo moral se submete às condições concretas que se apresentam para a conquista e a conservação do poder do Estado pelo príncipe moderno.
A realidade factual não deve ser vista como o conjunto das forças históricas. Elas podem ser desprezadas porque o príncipe é dotado de sabedoria suficiente para prescindir delas e agir motivado apenas pelos seus desejos.
O príncipe é um homem de criação, que dá forma ao “dever ser” e rompe a distância que separa o sonho da realidade, porque tudo aquilo que ele quer, ele faz independente da realidade factual em que se insere a ação política.
Gabarito:
Maquiavel não trata o “deve ser” na perspectiva ontológica da filosofia clássica. O juízo moral se submete às condições concretas que se apresentam para a conquista e a conservação do poder do Estado pelo príncipe moderno.
b) Correta. Maquiavel não trata o “deve ser” na perspectiva ontológica da filosofia clássica. O juízo moral se submete às condições concretas que se apresentam para a conquista e a conservação do poder do Estado pelo príncipe moderno.
Maquiavel concebe que a política, enquanto uma atividade humana, é movida pela luta por conquistar e manter o poder. O fim que orienta as ações do príncipe é o poder. A tradição filosófica anterior a Maquiavel concebia a política como um fundamento exterior a ela própria (como Deus, a razão ou a natureza) e refletia sobre o governo e os governantes ideais. Nesse sentido, o pensador florentino não trata o "dever ser", mas a práxis, a realidade concreta da atividade humana que é a prática política. Nesse sentido, o juízo moral (e qualquer perspectiva ética) está condicionado aos acontecimentos que se mostram na conquista e conservação do poder. Ou seja, os "valores" do príncipe estão submetidos aos eventos que se apresentam em seu governo; ele deve agir, sempre, em função da manutenção de seu poder. Um poder forte e centralizado é imperativo para a estabilidade de um governo; o Estado dependia do Príncipe.
a) Incorreta. O poder da paixão do político prático é visto por Maquiavel como o único caminho para o poder, isto significa que o príncipe deve agir guiado pelas suas veleidades e desejos que alimentam o seu sonho de poder.
O príncipe deve definir se o "dever ser" que a filosofia clássica busca é uma necessidade, uma vontade concreta ou um desejo arbitrário, uma veleidade (vontade inútil e imperfeita) do príncipe.
c) Incorreta. A realidade factual não deve ser vista como o conjunto das forças históricas. Elas podem ser desprezadas porque o príncipe é dotado de sabedoria suficiente para prescindir delas e agir motivado apenas pelos seus desejos.
A realidade factual é o conjunto das forças históricas, e estas não podem ser desprezadas; o príncipe não pode agir apenas em função de seus desejos.
d) Incorreta. O príncipe é um homem de criação, que dá forma ao “dever ser” e rompe a distância que separa o sonho da realidade, porque tudo aquilo que ele quer, ele faz independente da realidade factual em que se insere a ação política.
O príncipe não dá forma ao “dever ser”; não faz tudo o que quer, pois deve levar em conta a realidade de fato, que é o palco da ação política.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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