(UPF - 2017) A charge a seguir refere-se a uma das grandes crises do capitalismo, a crise de 1929, marcada pelo craque da Bolsa de Valores de Nova York, em outubro daquele ano.
Além das consequências que estão explícitas na charge, também são resultados daquela crise:
O aumento dos salários e dos preços das mercadorias, aumentando também a oferta de empregos na área industrial europeia.
A recuperação da prosperidade da Europa, com altos investimentos dos fundos financeiros particulares norte-americanos.
Os contínuos aumentos das exportações do café, fazendo com que o Brasil se mantivesse fora da crise.
O abandono do padrão ouro por parte da Inglaterra, permitindo a desvalorização da Libra, fazendo com que o mundo todo fosse afetado drasticamente.
A duplicação da produção industrial alemã nos primeiros anos da década de 1930, acarretando o crescimento do comércio mundial.
Gabarito:
O abandono do padrão ouro por parte da Inglaterra, permitindo a desvalorização da Libra, fazendo com que o mundo todo fosse afetado drasticamente.
a) O aumento dos salários e dos preços das mercadorias, aumentando também a oferta de empregos na área industrial europeia.
Incorreto. A crise acarreta um arrocho salarial, uma desvalorização da moeda e uma queda na oferta de emprego.
b) A recuperação da prosperidade da Europa, com altos investimentos dos fundos financeiros particulares norte-americanos.
Incorreto. Isto é anterior a crise. Ademais, o principal credor para Europa foi o Estado Norte-americano e não os particulares.
c) Os contínuos aumentos das exportações do café, fazendo com que o Brasil se mantivesse fora da crise.
Incorreto. A exportação de café caiu bastante. Em 1930 Vargas aplica um golpe e se instaura no poder e promove a queima do estoque do café como uma tentativa de conter a crise que chegou também ao Brasil.
d) O abandono do padrão ouro por parte da Inglaterra, permitindo a desvalorização da Libra, fazendo com que o mundo todo fosse afetado drasticamente.
Correta. Na charge, podemos observar a queima de uma parte da produção como uma prática que era usualmente aplicada pelos empresários com a finalidade de manter o elevado preço de diversos produtos, já que o mercado teria pouco em estoque. Essa e outras formas de especulação financeira, como a formação de trustes e o lobismo, se encontram com o abandono do padrão ouro por parte da Inglaterra como causas importantes para o surgimento da crise de 1929. Entre 1815 até o início da Primeira Guerra Mundial em 1914, a Inglaterra era a maior potência econômica do planeta e a economia global tinha como base o padrão ouro e a libra esterlina era moeda mais importante. Precisando emitir papel moeda para bancar os gastos da Primeira Guerra o padrão ouro foi abandonado e, a partir daí, a economia entrou em crise. Entre 1914-1944, o mundo viveu uma desordem monetária com uma forte desvalorização da libra e muitas incertezas.
e) A duplicação da produção industrial alemã nos primeiros anos da década de 1930, acarretando o crescimento do comércio mundial.
Incorreto. A Alemanha ainda estava em crise interna, a economia estava no início da sua recuperação. Esta irá realmente se fortalecer apenas após a ascensão do Partido Nazista ao poder.
(Upf 2015)
Leia as seguintes afirmações sobre o Padre Antônio Vieira e a sua obra:
I. O autor é considerado, por vários escritores e críticos literários posteriores a ele, como um dos maiores mestres da língua portuguesa.
II. Seu espírito contemplativo e sua vocação religiosa impediram-no de abordar, em seus escritos, as questões políticas e sociais de sua época.
III. O Sermão da sexagésima expõe a sua arte de pregar.
Está correto apenas o que se afirma em:
Ver questão
(UPF - 2012)
Reforma na corrupção
Como previsto, já 19arrefece o mais recente debate sobre corrupção. Ainda se discute, sem muito entusiasmo, a absolvição de uma deputada que foi filmada recebendo um 3dinheirinho suspeito, mas isso aconteceu antes de ela ser deputada, de maneira que não vale. Além da forte tendência de os parlamentares não punirem os seus pares, havia o risco do precedente. Não somente o voto é indecentemente secreto nesses casos, como o precedente poderia 5expor os pescoços de vários outros deputados. 15O que o deputado faz enquanto não é deputado não tem importância, mesmo que ele seja tesoureiro dos ladrões de Ali Babá.
4Aliás, me antecipando um pouco ao que pretendo propor, me veio logo uma ideia prática para acertar de vez esse negócio de deputado cometendo crimes durante o exercício do mandato. Às vezes - 6e lembro que errar é humano - o sujeito comete 16esses 2crimezinhos distraído. Esquece, em perfeita boa-fé, que exerce um mandato parlamentar e aí perpetra a falcatrua. Fica muito chato para ele, se ele for flagrado, e seus atos podem sempre vir à tona, expostos pela imprensa impatriótica. Não é justo submeter o deputado a essa tensão permanente, afinal de contas, ele é gente como nós.
Minha ideia, 10como, modéstia à parte, costumam ser as grandes ideias, é muito simples: os deputados usariam uniforme. Não daria muito trabalho 20contratar (com dispensa de licitação, dada a urgência do projeto), um estúdio de alta-costura francês ou italiano, ou ambos, para desenhar esse uniforme. Imagino que seriam mais de um: o de trabalho, usado só excepcionalmente, o de gala, o de visitar eleitores e assim por diante. Enquanto estiver de uniforme, o deputado é responsabilizado pelos seus atos ilícitos ou indecorosos. Mas, se estiver à paisana, não se encontra no exercício do mandato e, portanto, pode fazer o que quiser. (...)
Mas isso é um mero detalhe, uma providência que melhor seria avaliada no conjunto de uma reforma séria, que levasse em conta nossas características culturais e nossas tradições. (...)O que cola mesmo 7aqui são os ensinamentos de líderes como o ex-presidente (1gozado, o "ex" enganchou aqui no teclado, quase não sai), que, em várias ocasiões, torceu o nariz para denúncias de corrupção e disse que 8aqui era assim mesmo, sempre tinha sido feito assim e não ia mudar a troco de nada. E assumia posturas coerentes com esse ponto de vista. (...)
Contudo, quando se descobre mais um caso de 11corrupção, a vida republicana fica bagunçada, as coisas não andam, perde-se trabalho em investigações, gasta-se tempo prendendo e soltando gente e a imprensa, 13que só serve para atrapalhar, fica cobrando explicações, embora já saibamos que explicações serão: primeiro desmentidos e em seguida promessas de pronta e cabal investigação, com a consequente punição dos culpados. Não acontece nada e perdura essa situação 12monótona, que às vezes paralisa o País.
A realidade se exibe diante de nós e não 17a vemos. Em lugar de querer suprimir nossas práticas seculares, que hoje tanto prosperam, por que não 18aproveitá-las em nosso favor? (...) O 14brasileiro preocupado com o assunto já pode sonhar com uma corrupção moderna, dinâmica e geradora de empregos e renda. E não pensem que esqueci as famosas classes menos favorecidas, como se dizia antigamente. O mínimo que antevejo é o programa Fraude Fácil, em que qualquer um poderá habilitar-se ao exercício da boa corrupção, em seu campo de ação favorito. Acho que dá certo, é só testar. E ficar de olho, para não deixar que algum 9corrupto corrupto passe a mão no fundo todo, assim também não vale.
João Ubaldo Ribeiro, O Estado de São Paulo. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,reforma-na-corrupcao,768238,0.htm. Acesso em: 04-9-2011.
A única alternativa em que o elemento em destaque não corresponde ao complemento verbal, no contexto em que aparece, é:
Ver questão
(Upf 2016)
Tendo surgido no quadro do(a) ___________, São Bernardo, de Graciliano Ramos, é considerado pela crítica como modelo de romance concomitantemente __________ da literatura brasileira.
Assinale a alternativa cujas informações preenchem corretamente as lacunas do enunciado.
Ver questão
(Upf 2014)
Conheci que Madalena era boa em demasia, mas não conheci tudo de uma vez. Ela se revelou pouco a pouco, e nunca se revelou inteiramente. A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste.
E, falando assim, compreendo que perco o tempo. Com efeito, se me escapa o retrato moral de minha mulher, para que serve esta narrativa? Para nada, mas sou forçado a escrever.
Quando os grilos cantam, sento-me aqui à mesa da sala de jantar, bebo café, acendo o cachimbo. Às vezes as ideias não vêm, ou vêm muito numerosas – e a folha permanece meio escrita, como estava na véspera. Releio algumas linhas, que me desagradam. Não vale a pena tentar corrigi-las. Afasto o papel.
Emoções indefiníveis me agitam – inquietação terrível, desejo doido de voltar, tagarelar novamente com Madalena, como fazíamos todos os dias, a esta hora. Saudade? Não, não é isto: é desespero, raiva, um peso enorme no coração.
Procuro recordar o que dizíamos. Impossível. As minhas palavras eram apenas palavras, e as dela tinham alguma coisa que não consigo exprimir. Para senti-las melhor, eu apagava as luzes, deixava que a sombra nos envolvesse até ficarmos dois vultos indistintos na escuridão.
Lá fora os sapos arengavam, o vento gemia, as árvores do pomar tornavam-se massas negras.
RAMOS, Graciliano. São Bernardo.
A única afirmação que não corresponde ao texto acima é que Paulo Honório, personagem-narrador:
Ver questão