Questão 41029

(Uel 2008)  De acordo com a ética do discurso, os argumentos apresentados a fim de validar as normas

 [...] têm força de convencer os participantes de um discurso a reconhecerem uma pretensão de validade, tanto para a pretensão de verdade quanto para a pretensão de retidão. [...] Ele [Habermas] defende a tese de que as normas éticas são passíveis de fundamentação num sentido análogo ao da verdade.

(BORGES, M. de L.; DALL’AGNOL, D. ; DUTRA, D. V. Ética. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 105.)

Assim, é correto afirmar que a ética do discurso defende uma abordagem cognitivista da ética

(HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileira, 1989. p. 62 e 78.)

Sobre o cognitivismo da ética do discurso, é correto afirmar:

A

A ética do discurso procura dar continuidade à abordagem cognitivista já presente em Kant.

B

A abordagem cognitivista da ética do discurso assume a impossibilidade de validação das normas morais.

C

A abordagem cognitivista da ética do discurso se apoia no conhecimento da utilidade das ações tal como pretendia Jeremy Bentham.

D

A abordagem cognitivista da ética do discurso procura dar continuidade às teses aristotélicas sobre a retórica.

E

A ética do discurso, ao abordar a ética de um ponto de vista cognitivista, segue as teorias emotivistas e decisionistas.

Gabarito:

A ética do discurso procura dar continuidade à abordagem cognitivista já presente em Kant.



Resolução:

No artigo Notas programáticas para a fundamentação de uma ética do discurso, Habermas expõe uma fundamentação para a ética segundo a perspectiva da teoria do agir comunicativo. Começa o texto afirmando-se um cognitivista, ou seja, acredita que é possível conhecer a verdade no campo da ética. Em outras palavras, considera possível afirmar que determinadas proposições ligadas à moral são verdadeiras ou falsas. Nesse sentido, o cognitivismo implica que a razão pode ser um guia adequado na identificação do que é moralmente certo ou errado. A ética discursiva apoia-se fundamentalmente na filosofia da comunicação, que se dá mediante procedimentos formais de argumentação. 

Cognitivismo: na abordagem cognitivista, a aprendizagem é estudada cientificamente como sendo mais que um produto das pessoas, do ambiente e de fatores externos ao indivíduo. É uma abordagem principalmente interacionista, ou seja, apoia-se na ideia de interação entre organismo e meio, concebendo a aquisição de conhecimento como um processo construído pelo indivíduo durante toda sua vida (não está pronto ao nascer e também não é adquirido de forma passiva graças às pressões do meio). As raízes históricas da abordagem cognitiva remontam à filosofia grega do século I, ao início do pensamento mo­derno do século XVIII, através das ideias de Kant, e à fenomenologia do século XX.

Deve-se atentar para o enunciado, que pergunta sobre o cognitivismo presente na ética do discurso (e não sobre a ética do discurso em si). Nesse sentido, é correto afirmar que a ética do discurso de Habermas dá continuidade à abordagem cognitivista de Kant.

 

Na obra ‘A Inclusão do Outro’, Habermas faz a distinção entre as teorias não-cognitivistas e as cognitivistas.

Teorias não-cognitivistas: 

Não-cognitivismo atenuado: relaciona-se ao utilitarismo, que substitui a autoconsciência dos participantes por um cálculo de benefícios, desconhecendo o sentido individualista de uma moral do respeito igual a todos e tomando por base o beneficio de um determinado modo de agir dos indivíduos.

Não-cognitivismo severo: associado ao emotivismo e ao decisionismo, afirma que o conteúdo cognitivo da moral é uma mera ilusão, ou seja, os posicionamentos morais exprimem apenas sentimentos não passíveis de justificação. 

Teorias cognitivistas: 

Cognitivismo atenuado: associado ao neo-aristotelismo, afirma que a fundamentação da moral parte de valorações fortes e define a justiça como uma questão de valor. Do ponto de vista de Habermas, a moral é atenuada e se confunde com questões éticas; partindo dessa interpretação a justiça, não é neutra, uma vez que está revestida de interpretações e ideais de formas de vida.

Cognitivismo severo: é a perspectiva adotada por Habermas e centraliza-se nas intuições kantianas da moral.

 

B: É justamente o contrário: a abordagem cognitivista da ética do discurso assume a possibilidade de validação das normas morais.

C: O utilitarismo é definido por Habermas como uma teoria não-cognitivista. Assim, não se pode afirmar que a abordagem cognitivista da ética do discurso se apoia no conhecimento da utilidade das ações.

D: Habermas não dá continuidade às teses aristotélicas sobre a retórica, mas retoma a classificação aristotélica e lhe dá novo sentido.

“[...] Diferente do neo-aristotelismo, na tradição kantiana não se trata do esclarecimento de uma práxis de fundamentação moral que se movimenta dentro do horizonte de normas reconhecidas e incontestes, mas da fundamentação do ponto de vista moral, a partir do qual tais normas podem ser julgadas em si de forma imparcial [...].” (HABERMAS, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução de Guido de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro: 1989. p. 15ss). (Fonte: http://revista.faifaculdades.edu.br/index.php/direito/article/download/192/133)

E: As teorias emotivistas e decisionistas são concebidas por Habermas como não-cognitivistas. Assim, não se pode afirmar que o ponto de vista cognitivista adotado pela ética do discurso segue essas teorias.

 



Questão 1841

(Uel 2010) Observe a frase: “Os deputados decidiram errar onde não poderiam” e assinale a alternativa que corresponde ao uso correto do termo “onde”.

 

O labirinto da internet

 

Um paradoxo da cultura contemporânea é a incapacidade da maioria dos políticos de entender a comunicação política. Essa disfunção provoca, muitas vezes, resultados trágicos. É o caso da lei votada pela Câmara dos Deputados para regular o uso da internet nas eleições. Se aprovada sem mudanças pelo Senado, vai provocar um forte retrocesso numa área em que o Brasil, quase milagrosamente, se destaca no mundo – sua legislação de comunicação eleitoral. Sim, a despeito da má vontade de alguns e, a partir daí, de certos equívocos interpretativos, o Brasil tem uma das mais modernas legislações de comunicação eleitoral do mundo. O nosso modelo de propaganda gratuita, via renúncia fiscal, é tão conceitualmente poderoso que se sobressai a alguns anacronismos da lei, como o excesso de propaganda partidária em anos não eleitorais ou a ridícula proibição de imagens externas em comerciais de TV. Os deputados decidiram errar onde não poderiam. Mas era um erro previsível. A internet é o meio mais perturbador que já surgiu na comunicação. Para nós da área, ela abre fronteiras tão imprevisíveis e desconcertantes como foram a Teoria da Relatividade para a física, a descoberta do código genético para a biologia, o inconsciente para a psicologia ou a atonalidade para a música. Na comunicação política, a internet é rota ainda difícil de navegar. [...] Desde sua origem nas cavernas, o modo de expressão política tem dado pulos evolutivos sempre que surge um novo meio. [...] Foram enormes os pulos causados pela imprensa, pelo rádio, pelo cinema e pela TV na forma e no modo de fazer política. Mas nada perto dos efeitos que trará a internet. Não só por ser uma multimídia de altíssima concentração, mas também porque sua capilaridade e interatividade planetária farão dela não apenas uma transformadora das técnicas de indução do voto, mas o primeiro meio na história a mudar a maneira de votar. Ou seja, vai transformar o formato e a cara da democracia. No futuro, o eleitor não vai ser apenas persuadido, por meio da internet, a votar naquele ou naquela candidata. Ele simplesmente vai votar pela internet de forma contínua e constante.

(Adaptado de: SANTANA, João. O labirinto da internet. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2007200909.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009).

 

 

Ver questão

Questão 1842

(Uel 2010) Considerando as frases a seguir:

I. “Minha nova bolsa da Luiz Vitão”.

II. “Pelo tamanho, deve caber todos os seus sonhos”.

 

 

Ver questão

Questão 1854

(UEL - 2010) 

FOLHA – Seus estudos mostram que, entre os mais escolarizados, há maior preocupação com a corrupção. O acesso à educação melhorou no país, mas a aversão à corrupção não parece ter aumentado. Não se vê mais mobilizações como nos movimentos pelas Diretas ou no Fora Collor. Como explicar? ALMEIDA – Esta questão foi objeto de grande controvérsia nos Estados Unidos. Quanto maior a escolarização, maior a participação política. Mas a escolaridade também cresceu lá, e não se viu aumento de mobilização. O que se discutiu, a partir da literatura mais recente, é que, para acontecerem grandes mobilizações, é necessária também a participação atuante de uma elite política. No caso das Diretas-Já, por exemplo, essa mobilização de cima para baixo foi fundamental. O governador de São Paulo na época, Franco Montoro, estava à frente da mobilização. No Rio, o governador Leonel Brizola liberou as catracas do metrô e deu ponto facultativo aos servidores. No caso de Collor, foi um fenômeno mais raro, pois a mobilização foi mais espontânea, mas não tão grande quanto nas Diretas. Porém, é preciso lembrar que Collor atravessava um momento econômico difícil. Isso ajuda a explicar por que ele caiu com os escândalos da época, enquanto Lula sobreviveu bem ao mensalão. Collor não tinha o apoio da elite nem da classe média ou pobre. Já Lula perdeu apoio das camadas mais altas, mas a população mais pobre estava satisfeita com o desempenho da economia. Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.

(Adaptado de: GOIS, Antonio. Mais conscientes, menos mobilizados. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br//fsp/mais/fs2607200914.htm>. Acesso em: 26 jul. 2009)

Considere o trecho:

“Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.”.

As palavras grifadas são

Ver questão

Questão 1859

(Uel 1997) PERTO DE mil pessoas estiveram PRESENTES ao festival DE INVERNO. As expressões em destaque na frase anterior são, respectivamente,

Ver questão