Questão 41389

(Upf 2019)  Este material publicitário foi criado com o propósito de sensibilizar as pessoas e de despertar nelas uma atitude de conscientização no que refere à violência contra a criança.

Analisando a estratégia argumentativa utilizada, avalie as afirmativas que seguem sobre os possíveis sentidos movimentados por essa campanha.

 

I.     A presença da cinta, como elemento não verbal, permite que o leitor compreenda que a campanha está fazendo uma associação com a prática de repreender pela violência, ligada a uma cultura relacionada à concepção de que “surrar” não é errado, mas um instrumento de educação para as crianças.

II.     No que refere à combinação dos elementos verbais e não verbais, é imprescindível, para que a campanha alcance seu objetivo e coloque em circulação os diferentes sentidos que a compõem, a combinação da palavra “temidos” e da ideia de temor suscitada a partir da imagem de um cão feroz, formada pela cinta.

III.     Da afirmação de que “Não há desculpas para os maus tratos contra as crianças”, é possível inferir que o recurso à palavra “desculpa” atribui à justificativa para a violência um caráter de pretexto ou falsidade e revela que um dos objetivos da campanha é defender que mesmo a educação não é desculpa para a violência.

IV.     A campanha chama atenção para a ocorrência de “maus tratos” e, portanto, também tem como especificidade a conscientização sobre a gravidade dos crimes de pedofilia e estupro contra crianças, ações marcadas pela violência e pelo temor.

V.     Combinada com os elementos não verbais do material, a contradição dos sentidos de “vestir” a cinta e de “temer” a cinta se mostra essencial, uma vez que é a partir da percepção de que essas duas ações são possíveis, mas que uma delas não é apropriada, que o interlocutor compreende o propósito da campanha.

VI.     O sentido de campanhas normalmente é enriquecido a partir da combinação de diferentes elementos – como é o caso do verbal e do não verbal –, no entanto, essa combinação não é elemento indispensável, uma vez que a campanha tanto pode ser produzida somente com textos verbais quanto somente com imagens. Disso é possível inferir que os elementos textuais, embora importantes, poderiam, sem comprometimento de sentido, ser suprimidos do material publicitário em questão.

 

Está correto apenas o que afirma em: 

A

I, II, III e V.

B

II, III e IV.

C

I, V e VI.

D

I, III, V e VI.

E

III, IV, V e VI.

Gabarito:

I, II, III e V.



Resolução:

[A]

 

A combinação dos elementos verbais e não verbais do material publicitário do enunciado não permite deduzir a inclusão de outros tipos de crimes, como pedofilia e estupro, na campanha contra maus tratos à criança, o que invalida o item [IV]. Também a proposição [VI] é incorreta, pois os elementos textuais que acompanham as imagens (“cintos são para serem vestidos e não temidos”, “não há desculpas para os maus-tratos contra as crianças”) são essenciais para a decodificação da mensagem. Como as demais são verdadeiras, é correta a opção [A].



Questão 2062

(Upf 2015)

Leia as seguintes afirmações sobre o Padre Antônio Vieira e a sua obra:

I. O autor é considerado, por vários escritores e críticos literários posteriores a ele, como um dos maiores mestres da língua portuguesa.

II. Seu espírito contemplativo e sua vocação religiosa impediram-no de abordar, em seus escritos, as questões políticas e sociais de sua época.

III. O Sermão da sexagésima expõe a sua arte de pregar.

Está correto apenas o que se afirma em:

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Questão 2158

(UPF - 2012)

Reforma na corrupção

          Como previsto, já 19arrefece o mais recente debate sobre corrupção. Ainda se discute, sem muito entusiasmo, a absolvição de uma deputada que foi filmada recebendo um 3dinheirinho suspeito, mas isso aconteceu antes de ela ser deputada, de maneira que não vale. Além da forte tendência de os parlamentares não punirem os seus pares, havia o risco do precedente. Não somente o voto é indecentemente secreto nesses casos, como o precedente poderia 5expor os pescoços de vários outros deputados. 15O que o deputado faz enquanto não é deputado não tem importância, mesmo que ele seja tesoureiro dos ladrões de Ali Babá.
          4Aliás, me antecipando um pouco ao que pretendo propor, me veio logo uma ideia prática para acertar de vez esse negócio de deputado cometendo crimes durante o exercício do mandato. Às vezes - 6e lembro que errar é humano - o sujeito comete 16esses 2crimezinhos distraído. Esquece, em perfeita boa-fé, que exerce um mandato parlamentar e aí perpetra a falcatrua. Fica muito chato para ele, se ele for flagrado, e seus atos podem sempre vir à tona, expostos pela imprensa impatriótica. Não é justo submeter o deputado a essa tensão permanente, afinal de contas, ele é gente como nós.
          Minha ideia, 10como, modéstia à parte, costumam ser as grandes ideias, é muito simples: os deputados usariam uniforme. Não daria muito trabalho 20contratar (com dispensa de licitação, dada a urgência do projeto), um estúdio de alta-costura francês ou italiano, ou ambos, para desenhar esse uniforme. Imagino que seriam mais de um: o de trabalho, usado só excepcionalmente, o de gala, o de visitar eleitores e assim por diante. Enquanto estiver de uniforme, o deputado é responsabilizado pelos seus atos ilícitos ou indecorosos. Mas, se estiver à paisana, não se encontra no exercício do mandato e, portanto, pode fazer o que quiser. (...)

          Mas isso é um mero detalhe, uma providência que melhor seria avaliada no conjunto de uma reforma séria, que levasse em conta nossas características culturais e nossas tradições. (...)O que cola mesmo 7aqui são os ensinamentos de líderes como o ex-presidente (1gozado, o "ex" enganchou aqui no teclado, quase não sai), que, em várias ocasiões, torceu o nariz para denúncias de corrupção e disse que 8aqui era assim mesmo, sempre tinha sido feito assim e não ia mudar a troco de nada. E assumia posturas coerentes com esse ponto de vista. (...)
          Contudo, quando se descobre mais um caso de 11corrupção, a vida republicana fica bagunçada, as coisas não andam, perde-se trabalho em investigações, gasta-se tempo prendendo e soltando gente e a imprensa, 13que só serve para atrapalhar, fica cobrando explicações, embora já saibamos que explicações serão: primeiro desmentidos e em seguida promessas de pronta e cabal investigação, com a consequente punição dos culpados. Não acontece nada e perdura essa situação 12monótona, que às vezes paralisa o País.
          A realidade se exibe diante de nós e não 17a vemos. Em lugar de querer suprimir nossas práticas seculares, que hoje tanto prosperam, por que não 18aproveitá-las em nosso favor? (...) O 14brasileiro preocupado com o assunto já pode sonhar com uma corrupção moderna, dinâmica e geradora de empregos e renda. E não pensem que esqueci as famosas classes menos favorecidas, como se dizia antigamente. O mínimo que antevejo é o programa Fraude Fácil, em que qualquer um poderá habilitar-se ao exercício da boa corrupção, em seu campo de ação favorito. Acho que dá certo, é só testar. E ficar de olho, para não deixar que algum 9corrupto corrupto passe a mão no fundo todo, assim também não vale.

João Ubaldo Ribeiro, O Estado de São Paulo. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,reforma-na-corrupcao,768238,0.htm. Acesso em: 04-9-2011.

A única alternativa em que o elemento em destaque não corresponde ao complemento verbal, no contexto em que aparece, é:

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Questão 3000

(Upf 2016)

Tendo surgido no quadro do(a) ___________, São Bernardo, de Graciliano Ramos, é considerado pela crítica como modelo de romance concomitantemente __________ da literatura brasileira.

Assinale a alternativa cujas informações preenchem corretamente as lacunas do enunciado.

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Questão 3013

(Upf 2014)

Conheci que Madalena era boa em demasia, mas não conheci tudo de uma vez. Ela se revelou pouco a pouco, e nunca se revelou inteiramente. A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste.
E, falando assim, compreendo que perco o tempo. Com efeito, se me escapa o retrato moral de minha mulher, para que serve esta narrativa? Para nada, mas sou forçado a escrever.
Quando os grilos cantam, sento-me aqui à mesa da sala de jantar, bebo café, acendo o cachimbo. Às vezes as ideias não vêm, ou vêm muito numerosas – e a folha permanece meio escrita, como estava na véspera. Releio algumas linhas, que me desagradam. Não vale a pena tentar corrigi-las. Afasto o papel.
Emoções indefiníveis me agitam – inquietação terrível, desejo doido de voltar, tagarelar novamente com Madalena, como fazíamos todos os dias, a esta hora. Saudade? Não, não é isto: é desespero, raiva, um peso enorme no coração.
Procuro recordar o que dizíamos. Impossível. As minhas palavras eram apenas palavras, e as dela tinham alguma coisa que não consigo exprimir. Para senti-las melhor, eu apagava as luzes, deixava que a sombra nos envolvesse até ficarmos dois vultos indistintos na escuridão.
Lá fora os sapos arengavam, o vento gemia, as árvores do pomar tornavam-se massas negras.

RAMOS, Graciliano. São Bernardo.

A única afirmação que não corresponde ao texto acima é que Paulo Honório, personagem-narrador:

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