(FGV/2013)
Para Pierre Bourdieu, a escola é um espaço de produção de capital cultural, com diversos agentes e valores sociais envolvidos nesse processo. As opções a seguir consideram a escola a partir do quadro conceitual oferecido pelo sociólogo, à exceção de uma. Assinale–a.
A escola é uma ferramenta de poder, que reproduz desigualdades, ao perpetuar de forma implícita hierarquias e constrangimentos.
Na escola se desenvolvem lutas pela obtenção e manutenção do poder simbólico, produzindo valores que acabam sendo aceitos pelo senso comum.
A escola é um espaço de socialização que proporciona o desenvolvimento integral dos indivíduos, tendo em vista que somos produtores e produtos do meio em que vivemos.
O aluno é um ator social ligado à engrenagem da produção simbólica, dela participando como herdeiro e transmissor inconsciente de valores.
A escola é um artifício de reafirmação de poderes, onde estruturas sociais diferentes convivem e se enfrentam com seus variados estilos de vida.
Gabarito:
A escola é um espaço de socialização que proporciona o desenvolvimento integral dos indivíduos, tendo em vista que somos produtores e produtos do meio em que vivemos.
Bourdieu em suas análises define os capitais que cada indivíduo possui:
Capital cultural: é os saberes e conhecimentos do indivíduo.
Capital econômico: é os recursos econômicos de cada um, seus recursos e posses
Capital social: é a rede de relações interpessoais que cada um constrói
Capital simbólico: seria algo como o prestígio, a honra, o reconhecimento que cada indivíduo recebe
A escola a instituição responsável por produzir e transmitir o capital cultural. Teoricamente dentro do ambiente escolar todo este capital seria transmitido de forma igual a todos e de forma democrática, entretanto, Bourdieu destaca a influência dos demais capitais dentro deste ambiente e as desigualdade que acaba por reforçar.
a) A escola é uma ferramenta de poder, que reproduz desigualdades, ao perpetuar de forma implícita hierarquias e constrangimentos.
Correta. Para Bourdieu a escola ensina o capital cultural das classe dominantes e isto acaba por excluir e dificultar o aprendizado das demais classes no ambiente escolar. Neste contexto, a escola apresenta-se como uma mera reprodutora das desigualdades sociais e perpetua as hierarquias sociais. Bourdieu entende a escola como reprodutora da dominação e não uma facilitadora da mobilidade social.
b) Na escola se desenvolvem lutas pela obtenção e manutenção do poder simbólico, produzindo valores que acabam sendo aceitos pelo senso comum.
Correta. O capital simbólico é o reconhecimento, o prestígio atingido na sociedade. A escola reproduz este capital por meio das notas por exemplo, que acaba por se transformar em uma disputa entre os alunos, além disso, também associa o ser bom com a conquista de uma nota alta e o ser ruim com uma nota baixa.
c) A escola é um espaço de socialização que proporciona o desenvolvimento integral dos indivíduos, tendo em vista que somos produtores e produtos do meio em que vivemos.
Incorreta. Para Bourdieu a escola não proporciona o desenvolvimento integral dos indivíduos, os padrões estabelecidos valorizam alguns em detrimentos de outros.
d) O aluno é um ator social ligado à engrenagem da produção simbólica, dela participando como herdeiro e transmissor inconsciente de valores.
Correta. Para Bourdieu todos os indivíduos de uma sociedade são atores sociais que estão em meio as engrenagem dos capitais. O aluno está diretamente ligado à produção simbólica (títulos, reconhecimentos), esta produção já é algo da sociedade e ele herda e transmite de forma inconsciente estes valores visto que a escola reproduz estes
e) A escola é um artifício de reafirmação de poderes, onde estruturas sociais diferentes convivem e se enfrentam com seus variados estilos de vida.
Correta. Bourdieu entende a escola como reprodutora da dominação e não uma facilitadora da mobilidade social. Para Boudieu a escola submete alunos com diferentes capitais a uma mesma forma de ensino, desconsiderando as especificidades de cada um e ensinando apenas o capital cultural dominante, das classes mais altas, mantendo assim as hierarquias sociais e não contribuindo para mobilidade.
(FGV - 2005)
Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".
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(FGV - 2008)
No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:
Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.
Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.
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(FGV - 2008)
Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.
ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?
O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.
O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)
A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.
Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".
Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.
A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.
O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.
(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)
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