Questão 41821

(UFU - 2017 - 1ª FASE)

Ao investigar a situação dos migrantes, o sociólogo Willians de Jesus Santos afirma que:

A construção da identidade nacional brasileira através da ideologia do sincretismo criminalizou as populações africanas escravizadas e seus descendentes, bem como, por certo tempo, as asiáticas. E hoje influenciam políticas de governança que priorizam a securitização, criminalizam protagonistas específicos – sejam eles migrantes indocumentados, inclusive solicitantes de refúgio, assim como prostitutas que estão no mercado internacional de trabalho –, ou, ainda, moradores de favelas e da periferia, além de que os imigrantes são tratados como raças perigosas.

Disponível em: <http://diplomatique.org.br/intimidacao-racismo-e-violencia-contra-imigrantes-e-refugiados-no-brasil>. Acesso em: 20 abr. 2017.

De acordo com o trecho, é possível concluir que:

A

O Estado brasileiro sempre respeitou as diferenças culturais da população migrante, garantindo o acolhimento e o direito desta população.

B

A ideologia da democracia racial tem garantido a integração de migrantes e pobres no Brasil, dando continuidade a uma tradição do Estado brasileiro.

C

Os fluxos migratórios atuais no Brasil são tratados como um problema de segurança pública, o que explicita a influência do racismo científico.

D

A criminalização de determinados tipos raciais no Brasil fundamenta-se no princípio do respeito à diversidade cultural.

Gabarito:

Os fluxos migratórios atuais no Brasil são tratados como um problema de segurança pública, o que explicita a influência do racismo científico.



Resolução:

c) Correta. Os fluxos migratórios atuais no Brasil são tratados como um problema de segurança pública, o que explicita a influência do racismo científico.
O racismo científico é justificação científica para a discriminação racial. Recorre à conceitos das ciências e pseudociências para legitimar a superioridade ou inferioridade racial. A ideologia da democracia racial é um conceito que nega a existência do racismo no Brasil através do argumento da miscigenação da população conferir uma suposta democracia racial, ignorando os dados que apontam para o preconceito contra a população negra. Dessa forma, não há como tal ideologia garantir a integração de migrantes e pobres no Brasil, pois ela nunca teve a intenção de integrar os indivíduos na sociedade brasileira, mas sim, mascarar uma problemática e invisibilizar a luta do povo preto.

 

a) Incorreta. O Estado brasileiro sempre respeitou as diferenças culturais da população migrante, garantindo o acolhimento e o direito desta população.
O próprio texto garante que esse respeito foi negligenciado.

b) Incorreta. A ideologia da democracia racial tem garantido a integração de migrantes e pobres no Brasil, dando continuidade a uma tradição do Estado brasileiro.
O texto demonstra que essa integração não tem ocorrido, ao contrário, discursos com base no racismo científico tem promovido algo no oposto dessa direção.

d) Incorreta. A criminalização de determinados tipos raciais no Brasil fundamenta-se no princípio do respeito à diversidade cultural.
Essa alternativa é totalmente falsa; criminalizar determinados tipos raciais é, antes, racismo e promover algo bem na direção oposta à diversidade cultural.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

Ver questão

Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

Ver questão

Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

Ver questão

Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

Ver questão