TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Lembrando e pensando a TV
Houve um tempo em que a TV − acreditem, ó jovens! − ainda não existia. Ouvia-se rádio, ia-se ao cinema. Mas um dia chegou às casas das pessoas 1um aparelho com o som vivo do rádio acoplado a vivas imagens, diferentes das do cinema, imagens chegadas de algum lugar do presente, “ao vivo”. Logo saberíamos que todas as imagens do mundo, inclusive os filmes do cinema, poderiam estar ao nosso alcance, naquela telinha da sala. Modificaram-se os hábitos das famílias, seus horários, sua disponibilidade, seus valores. A TV chegou para reinar.
A variedade da programação já indicava o amplo alcance do novo veículo: notícias, reportagens, musicais, desenhos animados, filmes, propagandas, seriados, esportes, programas humorísticos, peças de teatro − tudo desfilava ali, diante dos nossos olhos, ainda no tubo comandado por grandes válvulas e com imagem em preto e branco. Boa parte dos primeiros aparelhos de TV tinham telas de 16 a 21 polegadas, acondicionadas numa enorme e pesada caixa de madeira. Havia uns três ou quatro canais, com alcance bastante limitado e programação restrita a cinco ou seis horas por dia. Mais tarde as transmissões passariam a ser via satélite e ocupariam as 24 horas do dia.
2Os custos da programação eram pagos pela publicidade, que tomava boa parte do tempo de transmissão. 3Vendia-se de tudo, de automóveis a margarina, de xaropes para tosse a apartamentos. 4Filmetes gravados e propagandas ao vivo sucediam-se e misturavam-se a notícias sobre exploração espacial, enquanto documentários estrangeiros falavam da revolução russa, da II Guerra, do nazismo e do fascismo, das convicções pacifistas de Ghandi, das ideias do físico Einstein sobre a criação e a legitimação da ONU 5etc. etc. Já as incursões históricas propiciadas pelos filmes nos levavam ao tempo de Moisés e do Egito Antigo, ao Império Romano e advento do Cristianismo, tudo entremeando-se ao humor de Chaplin, às caretas de Jerry Lewis e às trapalhadas das primeiras comédias nacionais do gênero chanchada. Houve também o tempo em que as famílias se agrupariam diante dos festivais da canção, torcendo por músicas de protesto, baladas românticas ou de 6ritmos populares “de raiz”. Enfim, a TV oferecia a um público extasiado um espetáculo variadíssimo, tudo nas poucas polegadas do aparelho, que 7não tardou a incorporar outras medidas, outros sistemas de funcionamento, projeção em cores e controle remoto.
As telas de plasma, o processo digital e a interface com a informática foram dotando a TV de muitos outros recursos, até que, bem mais tarde, tivesse que enfrentar a concorrência de outras telas, muito menores, portáteis, disponíveis nos celulares, carregados de aplicativos e serviços. 8Apesar disso, nada indica que a curto prazo desapareçam da casa os aparelhos de TV, enriquecidos agora por incontáveis dispositivos.
No plano da cultura e da educação, 9a televisão teve e tem papel importante. Os telecursos propiciam informação escolar específica nas áreas de Matemática, Física, História, Química, Língua e Literatura, fazendo as vezes da educação formal por meio de incontáveis dispositivos pedagógicos, inclusive a dramatização de conteúdos. Aqui e ali há entrevistas com artistas, políticos, pensadores e personalidades várias, atualizando ideias e promovendo seu debate. No campo da política, é relevante, às vezes decisivo, o papel que a TV tem na formação da opinião pública. A ecologia conta, também, com razoável cobertura, informando, por exemplo, sobre os benefícios da reciclagem de lixo, da cultura de produtos orgânicos e da energia solar.
Seja como forma de entretenimento, veículo de informação, indução aos debates e repercussão atualizada dos grandes temas de interesse social, a TV vem garantindo seu espaço junto a bilhões de pessoas no mundo todo. Por meio dela, acompanhamos ao vivo momentos agudos da política internacional, a divulgação de um novo plano econômico do governo, a escalada da violência urbana. Ao toque de uma tecla do controle remoto, você pode se transferir, aleatoriamente, do palco de um ataque terrorista para o final meloso de uma comédia romântica.
Numa espécie de espelhamento multiplicativo e fragmentário da nossa vida e dos poderes da nossa imaginação, a TV vem acompanhando os passos da vida moderna e ditando, mesmo, alguns deles, 10sem dar sinal de que deixará tão cedo de nos fazer companhia.
Percival de Lima e Souto, inédito.
(Puccamp 2018) É apropriado o comentário na alternativa:
(Referência 1) O segmento um aparelho com o som vivo do rádio acoplado a vivas imagens exerce na frase a função de objeto direto.
(Referência 8) Em Apesar disso, nada indica que a curto prazo desapareçam da casa os aparelhos de TV, o segmento destacado pode ser substituído pela expressão “Em virtude disso”, sem prejuízo do sentido original.
(Referência 9) Em a televisão teve e tem papel importante, a colocação de um travessão depois da palavra teve não afeta a correção da frase.
(Referência 7) Em não tardou a incorporar outras medidas, outros sistemas de funcionamento, o segmento sublinhado constitui reformulação do que se indica em negrito.
(Referência 10) Em sem dar sinal de que deixará tão cedo de nos fazer companhia, o segmento destacado exerce a função de complemento nominal.
Gabarito:
(Referência 10) Em sem dar sinal de que deixará tão cedo de nos fazer companhia, o segmento destacado exerce a função de complemento nominal.
As opçőes [A], [B], [C] e [D] săo incorretas, pois
[A] o segmento “um aparelho com o som vivo do rádio acoplado a vivas imagens” exerce, na frase, a funçăo de sujeito;
[B] a expressăo “apesar disso” apresenta noçăo de adversidade equivalente a despeito disso, enquanto que “Em virtude disso” sugere causa;
[C] o travessăo é usado, maioritariamente, no início das falas no discurso direto ou para substituir a vírgula ou os paręnteses em oraçőes intercaladas, o que năo acontece no período de oraçőes coordenadas;
[D] o segmento outros sistemas de funcionamento, acrescenta nova informaçăo ao que foi mencionado anteriormente;
Assim, é correta apenas [E].
(PUC-SP-2001)
A QUESTÃO É COMEÇAR
Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.
No escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar. Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais.
Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por perto, espiando o que escrevo.
Não me deixe falando sozinho.” Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.
(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).
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Observe a seguinte afirmação feita pelo autor:
“Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.”
Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”.
Indique a alternativa que explicita essa função.
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(Pucpr 2004)
"Aula de Português"
A linguagem na ponta da língua,
tão fácil de falar e de entender.
A linguagem na superfície estrelada das estrelas,
sabe lá o que ela quer dizer?
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo. In: "Poesia e Prosa". Rio: Nova Aguilar,1988.)
Em relação às duas estrofes do poema "Aula de Português", de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA:
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(Puccamp 2016) Comenta-se corretamente sobre o que se tem no trecho.
A questão a seguir refere-se ao trecho do capítulo 2 da obra Ginástica doce e yoga para crianças: método La Douce.
CAPÍTULO 2 (O CORPO)
Conhecer bem o corpo para fazê-lo trabalhar melhor
Cinco extremidades: a cabeça, as mãos, os pés
Para comunicar-se com tudo que a cerca, a criança usa a cabeça, as duas mãos e os dois pés. A cabeça permite-lhe ter acesso a todas as informações disponíveis. Sede do cérebro, ela fornece os recursos necessários para bem compreender seu ambiente. É igualmente através desta parte do corpo que penetram duas fontes de energia: o ar e o alimento. A cabeça se articula através do pescoço. Corredor estreito entre o cérebro e a parte inferior do corpo, o pescoço deve ser flexível para facilitar a qualidade das trocas. As mãos e os pés são verdadeiras antenas. Sua riqueza em terminações nervosas e vasos sanguíneos, assim como a possibilidade das inúmeras articulações, fazem deles instrumentos de extraordinária precisão.
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(Puccamp 2016)
Editorial
Na rotina de mãe de quatro filhos, a escritora israelense Ayelet Waldman começou a detectar em si mesma e em outras mães que conhecia uma ansiedade persistente, disparada pela frustração de não corresponder às próprias expectativas em relação à maternidade. Para piorar seu tormento, 1aonde quer que fosse, encontrava mulheres sempre prontas a apontar o dedo para seus defeitos, numa espécie de polícia materna, onipresente e onisciente. Em uma conversa deliciosa com a Revista em Dia, Ayelet discorre sobre as agruras das mães ruins, categoria na qual hoje se encaixa, e com orgulho. 2E ajuda a dissipar, com humor, o minhocário que não raro habita a cabeça das mães. Minhocário que, aliás, se não for bem administrado, pode levar a problemas muito mais sérios. 3É o que você verá na reportagem da página 14, que traz o foco para a depressão durante a gravidez. Poucos sabem, mas a doença pode ser deflagrada nessa fase e é bom que tanto as gestantes como outras pessoas ao redor fiquem atentas para que as mulheres nessa situação possam receber o apoio necessário. A revista também traz temas para quem a maternidade já é assunto menos relevante 4nesse momento da vida. Se você é daquelas que entraram ou consideram entrar na onda da corrida, terá boas dicas na página 18. 5Caso já esteja reduzindo o ritmo, quem sabe encontre inspiração para espantar a monotonia na crônica da página 8. Esperamos, com um grãozinho aqui, outro ali, poder contribuir um pouco para as várias facetas que compõem uma mulher saudável e de bem consigo mesma.
Comenta-se com correção:
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