(FGV 2018 - adaptada)
Intercâmbio de alimentos
A chegada dos europeus à América foi o começo de uma das transformações mais revolucionárias nos hábitos alimentares dos seres humanos. Nos primeiros anos da conquista, os espanhóis resistiram a comer produtos nativos americanos, por isso trouxeram consigo plantas e animais de sua terra natal. Todavia, os espanhóis enviavam à Europa todos os alimentos exóticos que os nativos lhes ofereciam para, de alguma forma, apaziguar a Coroa pelas dificuldades que tinham de encontrar os tão desejados metais preciosos. Progressivamente, por meio dessa troca entre América e Europa, a flora e a fauna de ambos os continentes foram modificadas, pois diversas plantas e animais adaptaram-se aos novos climas. Com isso, a dieta dos habitantes das duas regiões foi enriquecida.
Renato Mocelline/Rosiane de Camargo, História em debate. São Paulo: Editora do Brasil, p. 72.
Sobre a composição do texto, é possível afirmar que
não apresenta traços de opinião e argumentação, configurando um discurso dissertativo.
a linguagem restrita à formalidade indica seu caráter de dissertação científica.
o encadeamento cronológico e o aspecto de história coneferem-lhe um tom mais narrativo.
predomina adescrição de hábitos e acontecimentos, numa linguagem mais adjetival.
há um encadeamento expositivo de fatos para fundamentar uma tese.
Gabarito:
há um encadeamento expositivo de fatos para fundamentar uma tese.
[E]
Comentário das alterantivas:
a) não apresenta traços de opinião e argumentação, configurando um discurso dissertativo. INCORRETA - a afirmação de que a transformação dos hábitos alimentares foi "revolucionária" e "enriqueceu" a dieta de ambas regiões contém traços de juízo de valor e, portanto, indícios de opinião.
b) a linguagem restrita à formalidade indica seu caráter de dissertação científica. INCORRETA - há marcas de informalidade no texto, como se nota em "os tão desejados metais preciosos"; "de alguma forma, apaziguar a Coroa". A dissertação científica é mais rígida com relação a expressões de caráter narrativo e indeterminações como essas.
c) o encadeamento cronológico e o aspecto de história coneferem-lhe um tom mais narrativo. INCORRETA - há traços de narratividade, mas o discurso é primordialmente expositivo/dissertativo, com viés de argumentação.
d) predomina a descrição de hábitos e acontecimentos, numa linguagem mais adjetival. INCORRETA - não há predomínio de uma linguagem descritiva, usada apenas pontualmente. O objetivo do texto é mais expositivo/informativo que propriamente descritivo.
e) há um encadeamento expositivo de fatos para fundamentar uma tese. CORRETA - A tese de que as dietas foram enriquecidas, e que o intercâmbio colonial gerou uma revolucionária mudança de hábitos é fundamentada pela exposição de fatos encadeados: a chegada e resistência dos colonizadores, o envio de comidas à Coroa, a progressão do tempo e adaptação mútua.
(FGV - 2005)
Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".
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(FGV - 2008)
No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:
Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.
Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.
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(FGV - 2008)
Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.
ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?
O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.
O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)
A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.
Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".
Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.
A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.
O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.
(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)
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