Questão 47781

(AFA - 2014)

SOMOS SÓ PARTE DA IMENSA DIVERSIDADE

Protagonista do filme “Colegas”, que estreou sexta, fala da vida com a síndrome de Down e de como se sente igual a todos.

           Protagonista do filme “Colegas”, do diretor

Marcelo Galvão, o ator Ariel Goldenberg, 32, se define

como um “guerreiro”. E ele é. Guerreiro down, diga-se.

Down de síndrome de Down mesmo.(...)

5           O sonho do guerreiro, agora é se firmar na

carreira de ator (pensa em atuar em uma novela) e

estudar para se tornar diretor também.

Abaixo, entrevista de Goldenberg, em que revela o

segredo de seu sucesso e dá dicas sobre como os pais

10de crianças com Down podem ajudar seus filhos.

Como você avalia o seu desempenho no filme?

            Eu dei a minha alma para que o Stallone

expressasse a realidade de um down que luta para

materializar seus sonhos. Stallone sou eu. Tenho

15orgulho de dizer que fizemos o filme todo em um take

só. Gravamos direto, não houve a necessidade de

refazer cenas porque os atores se esqueceram do texto,

ou porque não colocaram verdade nos personagens.

Você alguma vez se sentiu discriminado por ser

20down?

            Uma vez. E foi, por coincidência, em um

cinema. Eu e a Rita estamos acostumados a ir ao

cinema toda sexta-feira. Sempre fomos tratados com

respeito, mas, naquele dia, o gerente se recusou a

25aceitar que pagássemos meia-entrada, que é um direito

assegurado aos downs. Ficou claro que ele não nos

queria lá. Me subiu o sangue na hora.

Como você conheceu a Rita?

            Entrei no site “Grandes encontros”, que é uma

30sala de bate-papo para pessoas com deficiência, e a

encontrei. O que ela tem de mais? Nada. Apenas uma

alma pura e os olhos azuis bonitos. Casamos nos rituais

judaico, religião da minha família, e no católico, da

família da Rita.

35Você se sente um cara diferente das pessoas comuns?

Não. Eu me sinto igual a todo mundo. Nós

downs perante a sociedade somos downs, mas, perante

Deus, somos normais. É claro que eu sei que temos

uma cópia a mais do cromossomo 21. Mas todo dia

40nasce um bebê torto, ou loiro, ou moreno, ou mais

inteligente ou menos. Nós somos apenas parte da

imensa diversidade dos seres humanos. Por isso, somos

normais.

E ter filhos, você e a Rita não planejam?

45Não. Porque dá muito trabalho formar um filho

com a síndrome. E há a probabilidade muito grande de

termos um filho com a síndrome. Eu não quero arriscar.

CAPRIGLIONE, Laura. Folha de São Paulo. 04 de março de 2013.

 

"Tenho orgulho de dizer que fizemos o filme todo em um take só. Gravamos direto, não houve a necessidade de refazer cenas porque os atores se esqueceram do texto, ou porque não colocaram verdade nos personagens.”(l. 14 a 18)

Assinale a alternativa que apresenta uma inferência adequada a respeito do excerto acima.

A

Em filmes cujos atores são pessoas com deficiência quase sempre há a necessidade de gravar várias vezes, uma vez que eles não conseguem decorar textos.

B

Fazer filmes ou gravações em um só take é comum quando os atores são experientes ou quando são pessoas com deficiência, pois o nível de exigência para o último é menor.

C

As pessoas com deficiência são plenamente capazes de executar tarefas com a mesma propriedade que as outras chamadas de normais, podendo até superá-las em alguns casos.

D

As pessoas com deficiência são mais ágeis e rápidas quando executam atividades relacionadas a si mesmas, por isso conseguem colocar verdade nos personagens e, dessa forma, não há necessidade de refazer cenas.

Gabarito:

As pessoas com deficiência são plenamente capazes de executar tarefas com a mesma propriedade que as outras chamadas de normais, podendo até superá-las em alguns casos.



Resolução:

a) Alternativa incorreta. Não se pode inferir isso a partir da fala. O ator apenas reiterou que, mesmo o elenco sendo portador da síndrome de Down, não é menos capaz de decorar as falas.

b) Alternativa incorreta. Não é possível inferir isso, não há comparação entre a exigência com relação a pessoas portadoras de necessidades especiais ou não.

c) Alternativa correta. O ator cita a capacidade de gravar em apenas um take, pois é comum na produção audiovisual a necessidade de regravar as cenas, mesmo que se tratem de atores sem necessidades especiais.

d) Alternativa incorreta. Não é possível inferir isso a partir do trecho.



Questão 2230

(Epcar (Afa) 2015) Assinale a alternativa que analisa de maneira adequada a figura de linguagem utilizada.

Ver questão

Questão 2245

(AFA - 2016)

TEXTO II
FAVELÁRIO NACIONAL

 Carlos Drummond de Andrade

Quem sou eu para te cantar, favela,
Que cantas em mim e para ninguém
a noite inteira de sexta-feira
e a noite inteira de sábado
E nos desconheces, como igualmente não te
conhecemos?
Sei apenas do teu mau cheiro:
Baixou em mim na viração,
direto, rápido, telegrama nasal
anunciando morte... melhor, tua vida.
...
Aqui só vive gente, bicho nenhum
tem essa coragem.
...
Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer,
Medo só de te sentir, encravada
Favela, erisipela, mal-do-monte
Na coxa flava do Rio de Janeiro.

Medo: não de tua lâmina nem de teu revólver
nem de tua manha nem de teu olhar.
Medo de que sintas como sou culpado
e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade.
Custa ser irmão,
custa abandonar nossos privilégios
e traçar a planta
da justa igualdade.
Somos desiguais
e queremos ser
sempre desiguais.
E queremos ser
bonzinhos benévolos
comedidamente
sociologicamente
mui bem comportados.
Mas, favela, ciao,
que este nosso papo
está ficando tão desagradável.
vês que perdi o tom e a empáfia do começo?
...

(ANDRADE, Carlos Drummond de, Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984)

Nos versos abaixo, percebe-se que foram utilizadas figuras de linguagem, enfatizando o sentimento do eu-lírico. Porém, há uma opção em que não se verifica esse fato. Assinale-a.

Ver questão

Questão 2250

(AFA - 2015)

MULHER BOAZINHA

(Martha Medeiros)

     Qual o elogio que uma mulher adora receber1?
     2Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns setecentos: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais.
     Diga que ela é uma mulher inteligente3 , 4e ela irá com a sua cara.
     Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação, e ela decorará o seu número.
     Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa.
     5Mas não pense que o jogo está ganho6: manter o cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta.
     7Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que 8ela é um avião no mundo dos negócios.
      Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical.
     Agora 9quer ver o mundo cair 10?
     Diga que ela é muito boazinha.
     Descreva aí uma mulher boazinha.
     Voz fina, roupas pastel, calçados rente ao chão.
     Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana.
     Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor.
     11Nunca teve um chilique.
      12Nunca colocou os pés num show de rock.
     É queridinha.
     Pequeninha.
     Educadinha.
     13Enfim, uma mulher boazinha.
     Fomos boazinhas por séculos.
     Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas.
     Vivíamos no nosso mundinho, 14rodeadas de panelinhas e nenezinhos.
     A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho.
     Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa.
     15Quietinhas, mas inquietas.
     16Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas.
     Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais.
     Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen.
     Ser chamada de patricinha é ofensa mortal.
      Pitchulinha é coisa de retardada.
     Quem gosta de diminutivos, definha.
     Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa.
     17Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo.
     As boazinhas não têm defeitos.
     Não têm atitude.
     Conformam-se com a coadjuvância.
     PH neutro.
     Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.
     Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é 18isso que somos hoje.
     Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.
     As “inhas” não moram mais aqui.
     Foram para o espaço, sozinhas.

(Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/NTc1ODIy/ acesso em 28/03/14)

 

Leia os fragmentos abaixo:

Quietinhas, mas inquietas. (ref.15)
Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. (ref.17)

I. O grau superlativo absoluto sintético foi utilizado para estabelecer a diferença entre as mulheres boas e as boazinhas.

II. O paradoxo foi utilizado no primeiro fragmento para ressaltar a complexidade do comportamento feminino por meio da coexistência de aspectos opostos.

III. Ambos os fragmentos apresentam como recursos expressivos o jogo com palavras cognatas e o uso da adversidade.

Estão corretas as alternativas:

Ver questão

Questão 2251

(Epcar (Afa) 2015) Assinale a alternativa que analisa de maneira adequada a figura de linguagem utilizada. 

Ver questão