Questão 47917

(ENEM PPL - 2019)

Canção

No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas…
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto.

Quando as ondas te carregaram
meus olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.

Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.

MEIRELES, C. In: SECCHIN, A. C. (Org.). Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

 

Na composição do poema, o tom elegíaco e solene manifesta uma concepção de lirismo fundada na 

A

contradição entre a vontade da espera pelo ser amado e o desejo de fuga. 

B

expressão do desencanto diante da impossibilidade da realização amorosa. 

C

associação de imagens díspares indicativas de esperança no amor futuro.

D

recusa à aceitação da impermanência do sentimento pela pessoa amada. 

E

consciência da inutilidade do amor em relação à inevitabilidade da morte.

Gabarito:

expressão do desencanto diante da impossibilidade da realização amorosa. 



Resolução:

[B]

a) Incorreta.  O eu-lírico da "Canção" não revela um desejo de fuga, e sim uma paciência e inércia na espera do amado ("te esperei todos os séculos/sem desespero e sem desgosto")

b) Correta. Quando o eu-lírico percebe a impossibilidade da realização amorosa diante da morte, passa por um processo sentimental de "desencanto", ou seja, de suspensão do sentido da vida (e do amor) metaforizada por uma "cristalização" do corpo como estátua ("Minhas mãos pararam sobre o ar/ e endureceram junto ao vento,/e perderam a cor que tinham"...)

c) Incorreta. Não são apresentadas imagens díspares, e sim uma progressão de imagens correspondente à solidificação e secura do eu-lírico diante da certeza de uma fatal separação.

d) Incorreta. O eu-lírico de Cecília não recusa a impermanência do sentimento: com a constatação da morte do amado, revela-se um esvaziamento desse sentimento ("E o sorriso que eu te levava/ desprendeu-se e caiu de mim") que revela a incerteza com relação à continuidade do amor. 

e) Incorreta. Não é descortinada essa dualidade entre a consciência da morte como algo que desmerece o poder do amor. O que ocorre, liricamente, é a constatação da morte que apaga as possibilidades amorosas e, com isso, "congela" o eu-poético em uma posição de "secura existencial". 



Questão 1828

(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!

O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.


A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva

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Questão 1831

(ENEM PPL - 2010) 

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se 

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Questão 2707

 (ENEM PPL - 2010)

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a 

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Questão 3051

(Enem PPL 2015)

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