Questão 47929

(ENEM PPL - 2019)

A máquina extraviada

Você sempre pergunta pelas novidades daqui deste sertão, e finalmente posso lhe contar uma importante. Fique o compadre sabendo que agora temos aqui uma máquina imponente, que está entusiasmando todo o mundo. Desde que ela chegou — não me lembro quando, não sou muito bom em lembrar datas — quase não temos falado em outra coisa; e da maneira que o povo aqui se apaixona até pelos assuntos mais infantis, é de admirar que ninguém tenha brigado ainda por causa dela, a não ser os políticos. [...]

Já existe aqui um movimento para declarar a máquina monumento municipal. [...] Dizem que a máquina já tem feito até milagre, mas isso — aqui para nós — eu acho que é exagero de gente supersticiosa, e prefiro não ficar falando no assunto. Eu — e creio que também a grande maioria dos munícipes — não espero dela nada em particular; para mim basta que ela fique onde está, nos alegrando, nos inspirando, nos consolando.

VEIGA, J. J. A máquina extraviada: contos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.

Qual procedimento composicional caracteriza a construção do texto? 

A

As intervenções explicativas do narrador. 

B

A descrição de uma situação hipotética. 

C

As referências à crendice popular. 

D

A objetividade irônica do relato. 

E

As marcas de interlocução.

Gabarito:

As marcas de interlocução.



Resolução:

O texto “A máquina extraviada”, de José J. Veiga, se trata de uma carta pessoal.

A) INCORRETA: intervenções do autor não são características típicas de uma carta, mas de outro gênero, um artigo de opinião. 

B) INCORRETA: descrever uma situação hipotética não é características de uma carta, mas, pelo contrário, são utilizados fatos certos acontecimentos que ocorreram.

C) INCORRETA: recorrer à crendice não é uma característica do gênero carta, mas é comum de ocorrer em gêneros de narrativas populares, como a contação de histórias.

D) INCORRETA: não característica unânime que os escritores de cartas pessoais sejam objetivos e irônicos. Na maioria das cartas pessoais, seus escritores colcam impressões pessoais e sem utilizarem da ironia.

E) CORRETA: Um dos procedimentos composicionais clássicos na construção do gênero textual carta é a interlocução direta, ou seja, falar diretamente com o leitor da carta (reconhecer o interlocutor). As marcas de interlocução neste trecho estão presentes em trechos como “Você sempre pergunta pelas novidades (...)” e “Fique o compadre sabendo que agora temos aqui uma máquina imponente, (...)”.



Questão 1828

(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!

O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.


A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva

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Questão 1831

(ENEM PPL - 2010) 

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se 

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Questão 2707

 (ENEM PPL - 2010)

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a 

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Questão 3051

(Enem PPL 2015)

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