(UNICAMP - 2015)
O circo não é mais o mesmo, respeitável público. A tradição do picadeiro itinerante, da arte hereditária, vem se transformando. Uma das grandes mudanças foi a partir da segunda metade do século XX, quando os próprios artistas, preocupados com as exigências da educação formal de seus filhos, decidiram fixar residência. Muitos reduziram as viagens, mandaram as crianças para a casa de parentes e para uma escola fixa e assumiram um novo modo de vida. O circo não é mais o mesmo: encontrou outros modos de organizar-se, muito além da lona. Ocupa espaços nunca antes imaginados, como academias, projetos sociais, oficinas culturais e até hospitais.
No Brasil, grande parte dessa transformação se deve aos próprios artistas que, preocupados ainda com a continuidade da arte circense, participaram da criação de escolas para a formação das novas gerações. Escolas e cursos abertos a quem se interessasse. De fato “os próprios artistas foram abrindo o ambiente para outras pessoas e facilitando esta via de mão dupla. O ‘circo novo’ de hoje estabelece-se a partir desta relação com o novo sujeito histórico”, afirma Rodrigo Mallet Duprat, autor da tese Realidades e particularidades da formação do profissional circense no Brasil: rumo a uma formação técnica e superior.
Rodrigo investigou a formação do profissional de circo no Brasil, na Bélgica, na França e na Espanha. O objetivo do trabalho foi entender a pluralidade da formação do profissional de circo de hoje bem como sua atuação em outros âmbitos, para além do artístico/profissional. A pesquisa foi desenvolvida no programa de pós-graduação em Educação Física, na área de concentração Educação Física e Sociedade.
Rodrigo entende que atualmente a atividade é exercida por diferentes profissionais como professores de teatro, artes ou educação física. A tese propõe formação continuada a fim de habilitar o profissional de circo para atuar em todos os âmbitos, inclusive naqueles que ganharam maior espaço no Brasil nas últimas décadas, como os projetos de circo social. “Há, no mercado, profissionais híbridos, oriundos de várias áreas de formação, inclusive no circo familiar. Mas, como falta um curso superior, muitos artistas que começaram nas artes circenses vão para outras áreas do conhecimento como ciências sociais, dança, teatro, educação física, história... É até bom existir essa amplitude só que aquele profissional poderia ter a possibilidade de se formar, fazer um curso superior de artes do circo”, defende o autor da tese.
(Adaptado de Patrícia Lauretti, “Tem diploma no circo”, Jornal da Unicamp, no . 607, 22/09/2014, p. 12.)
a) Em um texto jornalístico, usam-se fontes fidedignas para dar credibilidade às informações. Aponte os tipos de fontes usados no texto acima e dê dois exemplos de discurso reportado que as identificam.
b) Com base nas informações do texto, descreva o profissional do circo e sua formação nos dias atuais.
Gabarito:
Resolução:
a) A autora, para construir sua argumentação, utiliza referências históricas e cita a tese de mestrado de Rodrigo Mallet Duprat. Dois exemplos disso se encontram em "'os próprios artistas foram abrindo o ambiente para outras pessoas e facilitando esta via de mão dupla. O ‘circo novo’ de hoje estabelece-se a partir desta relação com o novo sujeito histórico', afirma Rodrigo Mallet Duprat" e "Uma das grandes mudanças foi a partir da segunda metade do século XX, quando os próprios artistas, preocupados com as exigências da educação formal de seus filhos, decidiram fixar residência".
b) Segundo o texto, os profissionais circenses "decidiram fixar residência. Muitos reduziram as viagens, mandaram as crianças para a casa de parentes e para uma escola fixa e assumiram um novo modo de vida. O circo não é mais o mesmo: encontrou outros modos de organizar-se, muito além da lona. Ocupa espaços nunca antes imaginados, como academias, projetos sociais, oficinas culturais e até hospitais". Antes, em contraposto, viviam uma vida itinerante e tinham uma formação a partir da tradição hereditária, enquanto, hoje, possuem diversas outras formações que os sustentam no dia-a-dia.
(Unicamp 2016)
Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.
(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)
Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que:
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(UNICAMP - 2016 - 1ª fase)
É possível fazer educação de qualidade sem escola
É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.
Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).
Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção coletiva”, explica.
O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educativo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.”
Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda.
Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional, em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro” biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”.
Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as erramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.
"Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala, recisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os nstrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”
Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se entir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política e governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.
(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em http://www.cpcd.org.br/portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de_qualidade_100_escola/.)
A partir da identificação de várias expressões nominais ao longo do texto, é correto afirmar que:
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(Unicamp 2016)
Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar
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(Unicamp 2015)
Dados numéricos e recursos linguísticos colaboram para a construção dos sentidos de um texto.
Leia os títulos de notícias a seguir sobre as vendas do comércio no último Dia dos Pais.
Venda para o Dia dos Pais cresceu 2% em relação ao ano passado.
Adaptado de O Diário Online, 15/08/2014. Disponível em http://www.odiarioonline.com.br/noticia/26953/. Acessado em 20/08/2014.
Só 4 em cada 10 brasileiros compraram presentes no Dia dos Pais.
Época São Paulo, 17/08/2014. Disponível em http://epoca.globo.com/regional/sp/Consumo. Acessado em 20/08/2014.
Podemos afirmar que:
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