Questão 49646

(ENEM PPL - 2017)

Chamou-me o bragantino e levou-me pelos corredores e pátios até ao hospício propriamente. Aí é que percebi que ficava e onde, na seção, na de indigentes, aquela em que a imagem do que a Desgraça pode sobre a vida dos homens é mais formidável. O mobiliário, o vestuário das camas, as camas, tudo é de uma pobreza sem par. Sem fazer monopólio, os loucos são da proveniência mais diversa, originando-se em geral das camadas mais pobres da nossa gente pobre. São de imigrantes italianos, portugueses e outros mais exóticos, são os negros roceiros, que teimam em dormir pelos desvãos das janelas sobre uma esteira esmolambada e uma manta sórdida; são copeiros, cocheiros, moços de cavalariça, trabalhadores braçais. No meio disto, muitos com educação, mas que a falta de recursos e proteção atira naquela geena social.

BARRETO, L. Diário do hospício e O cemitério dos vivos. São Paulo: Cosac& Naify, 2010.

No relato de sua experiência no sanatório onde foi interno, Lima Barreto expõe uma realidade social e humana marcada pela exclusão. Em seu testemunho, essa reclusão demarca uma

A

medida necessária de intervenção terapêutica.

B

forma de punição indireta aos hábitos desregrados.

C

compensação para as desgraças dos indivíduos.

D

oportunidade de ressocialização em um novo ambiente.

E

conveniência da invisibilidade a grupos vulneráveis e periféricos.

Gabarito:

conveniência da invisibilidade a grupos vulneráveis e periféricos.



Resolução:

A) INCORRETA: por mais que seja do pensamento do senso comum de que essas pessoas precisem de intervenção terapêutica, Barreto demonstra um olhar para essas pessoas de que o modo que elas são cuidadas não é muito bom, beirando a desumanidade.

B) INCORRETA: o texto não vê o hospício como forma de punição aos que ali estão, mas o autor tece uma interpretação de que essas pessoas são diferentes entre si, principalmente no que diz respeito às suas origens.

C) INCORRETA: o autor não fala que os indivíduos que estão no hospício devem estar lá para que as desgraças que eles fizeram ou que eles foram acometidos sejam redimidas, mas, pelo contrário, Barreto demonstra o lado humano dessas pessoas e que, apesar do lugar que elas estão, como ainda é possível ver a capacidade delas de serem educadas e de serem sensíveis uns com os outros.

D) INCORRETA: a reclusão citada pelo autor não é um fato para demonstrar que essas pessoas estão a caminho de se ressocializar em um novo ambiente, porque elas não estão. Ao dizer essas características, o autor pretende fazer uma reflexão de que essas pessoas, mesmo estando em lugares inóspitos e mal cudaidos (além de serem consideradas "loucas"), elas possuem características humanas e ainda são pessoas boas.

E) CORRETA: ao retratar as pessoas que vivem em hospícios, Lima Barreto faz uma reflexão das pessoas que foram "jogadas" à margem da sociedade. Esse "lançar" as pessoas à margem da sociedade é fazer com que elas se tornem invisíveis para o resto da população, simplesmente pelo fato de eles serem mais pobres ou terem mais problemas de saúde. Esse ato visa o desaparecimento dessas pessoas, situação que Lima Barreto quer evitar, ao coloca-las em evidência.



Questão 1828

(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!

O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.


A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva

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Questão 1831

(ENEM PPL - 2010) 

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se 

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Questão 2707

 (ENEM PPL - 2010)

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a 

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Questão 3051

(Enem PPL 2015)

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