Questão 50255

(ENEM PPL - 2016)

Maria Diamba

Para não apanhar mais
falou que sabia fazer bolos:
virou cozinha.
Foi outras coisas para que tinha jeito.
Não falou mais:
Viram que sabia fazer tudo,
até molecas para a Casa-Grande.
Depois falou só,
só diante da ventania
que ainda vem do Sudão;
falou que queria fugir
dos senhores e das judiarias deste mundo
para o sumidouro.

LIMA, J. Poemas negros. Rio de Janeiro: Record, 2007.

O poema de Jorge de Lima sintetiza o percurso de vida de Maria Diamba e sua reação ao sistema opressivo da escravidão. A resistência dessa figura feminina é assinalada no texto pela relação que se faz entre 

A

o uso da fala e o desejo de decidir o próprio destino. 

B

a exploração sexual e a geração de novas escravas. 

C

a prática na cozinha e a intenção de ascender socialmente. 

D

o prazer de sentir os ventos e a esperança de voltar à África. 

E

o medo da morte e a vontade de fugir da violência dos brancos.

Gabarito:

o uso da fala e o desejo de decidir o próprio destino. 



Resolução:

a) CORRETA, uma vez que há uma relação entre as situações de fala e a persistência diante do próprio destino. Primeiramente, ao falar que sabia cozinhar, Diamba se torna cozinheira; depois, ao não falar, conseguiu manter uma relativa segurança na casa senhorial; e enfim, ao confessar aos ventos do Sudão sua vontade de fugir, a reflexão sobre seu futuro, que parece apontar para uma determinação; 

b) INCORRETA, uma vez que a exploração sexual não denota a resistência da personagem do poema, e sim uma das vitórias do sistema de opressão escravocrata, que violava o corpo das mulheres negras tanto na senzala como na casa grande; 

c) INCORRETA, pois o exercício da cozinha não foi um meio de ascensão social, e sim de fuga às torturas físicas. Não havia, para escravos e escravas, a possibilidade real de ascender socialmente, mas sim de mitigar parte de seu sofrimento por meio da assimilação de tarefas menos hostis, e mais próximas à vida senhorial; 

d) INCORRETA, já que não há uma representação de prazer diante da ventania, e sim de melancolia e saudade. O desejo explícito da escrava não é o de regressar à mãe África, e sim o de "sumir" do mundo e de suas injustiças; 

e) INCORRETA, visto que, mesmo havendo um desejo de fuga ("falou que queria fugir"), o medo não provém da morte, e sim da vida. A maior aflição de Diamba são os "senhores e as judiarias deste mundo", das quais ela quer fugir para o "sumidouro" — metáfora para  morte. Não há, em suma, um medo de morrer, e sim um desejo por esse sumiço. 



Questão 1828

(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!

O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.


A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva

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Questão 1831

(ENEM PPL - 2010) 

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se 

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Questão 2707

 (ENEM PPL - 2010)

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a 

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Questão 3051

(Enem PPL 2015)

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