Questão 52727

(AFA - 2014)

QUESTÃO ANULADA!!

A MOÇA E A CALÇA 

              Foi no Cinema Pax, em Ipanema. O filme em
exibição é ruim: “O menino mágico”. Se mágico adulto
geralmente é chato, imaginem menino. Mas isso não
vem ao caso. O que vem ao caso é a mocinha muito da
5redondinha, condição que seu traje apertadinho deixava
sobejamente clara. A mocinha chegou, comprou a
entrada, apanhou, foi até a porta, mas aí o porteiro olhou
pra ela e disse que ela não podia entrar:
              _ Não posso por quê?
10          _ A senhora está de “Saint-Tropez”.
              _ E daí?
Daí o porteiro olhou pras exuberâncias físicas
dela, sorriu e foi um bocado sincero: _ Por mim a
senhora entrava. (Provavelmente completou baixinho... e
15entrava bem.) Mas o gerente tinha dado ordem de que
não podia com aquela calça bossa-nova e, sabe como
é... ele tinha que obedecer, de maneira que sentia muito,
mas com aquela calça não.
              _ O senhor não vai querer que eu tire a calça.
20           Nós, que estávamos perto, quase respondemos por ele:
            _ Como não, dona! _ Mas ela não queria
resposta. Queria era discutir a legitimidade de suas
apertadas calças “Saint-Tropez”. Disse então que suas
calças eram tão compridas como outras quaisquer. O
25cinema Pax é dos padres e talvez por causa desse
detalhe é que não pode “Saint-Tropez”. A calça, de fato,
era comprida como as outras, mas embaixo. Em cima
era curta demais. O umbigo ficava ali, isolado,
parecendo até o representante de Cuba em conferências
30panamericanas.
           _ Quer dizer que com minhas calças eu não
entro? _ Quis ela saber ainda mais uma vez. E vendo o
porteiro balançar a cabeça em sinal negativo, tornou a
perguntar: _ E de saia?
35             De saia podia. Ela então abriu a bolsa, tirou
uma saia que estava dentro, toda embrulhadinha (devia
ser pra presente). Desembrulhou e vestiu ali mesmo, por
cima do pomo da discórdia. No caso, a calça “Saint
Tropez”. Depois, calmamente, afrouxou a calça e deixou
40que a dita escorresse saia abaixo. Apanhou, guardou na
bolsa e entrou com uma altivez que só vendo.
              Enquanto rasgava o bilhete, o porteiro
comentou:
              _ Faço votos que ela tenha outra por baixo.
45Outra calça, naturalmente.

(Stanislaw Ponte Preta)

 Assinale a alternativa que apresenta apenas uma infração à norma padrão da língua.


a) A mocinha quis saber o porque daquela proibição que ela considerava abisurda.
b) O porteiro tinha que obedecer o gerente se não corria o risco de demissão.
c) A mocinha chegou na porta do cinema com seu traje apertado em exceço.
d) Como ela, muitas pessoas manifestam discordância as ordens moralistas. (CORRETA NA PROVA)

QUESTÃO ANULADA!!

A

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B

Marque a letra a)

Gabarito:

Próxima questão 



Resolução:

Apesar de a única alternativa que contém apenas uma infração à norma culta da língua ser a alternativa (o às deveria ser craseado), o enunciado pode ter gerado dúvidas com relação à origem das frases, que não estão no texto original, e, por isso, os estudantes que foram buscá-las não as encontraram. Assim, a banca anulou a questão. 



Questão 2230

(Epcar (Afa) 2015) Assinale a alternativa que analisa de maneira adequada a figura de linguagem utilizada.

Ver questão

Questão 2245

(AFA - 2016)

TEXTO II
FAVELÁRIO NACIONAL

 Carlos Drummond de Andrade

Quem sou eu para te cantar, favela,
Que cantas em mim e para ninguém
a noite inteira de sexta-feira
e a noite inteira de sábado
E nos desconheces, como igualmente não te
conhecemos?
Sei apenas do teu mau cheiro:
Baixou em mim na viração,
direto, rápido, telegrama nasal
anunciando morte... melhor, tua vida.
...
Aqui só vive gente, bicho nenhum
tem essa coragem.
...
Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer,
Medo só de te sentir, encravada
Favela, erisipela, mal-do-monte
Na coxa flava do Rio de Janeiro.

Medo: não de tua lâmina nem de teu revólver
nem de tua manha nem de teu olhar.
Medo de que sintas como sou culpado
e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade.
Custa ser irmão,
custa abandonar nossos privilégios
e traçar a planta
da justa igualdade.
Somos desiguais
e queremos ser
sempre desiguais.
E queremos ser
bonzinhos benévolos
comedidamente
sociologicamente
mui bem comportados.
Mas, favela, ciao,
que este nosso papo
está ficando tão desagradável.
vês que perdi o tom e a empáfia do começo?
...

(ANDRADE, Carlos Drummond de, Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984)

Nos versos abaixo, percebe-se que foram utilizadas figuras de linguagem, enfatizando o sentimento do eu-lírico. Porém, há uma opção em que não se verifica esse fato. Assinale-a.

Ver questão

Questão 2250

(AFA - 2015)

MULHER BOAZINHA

(Martha Medeiros)

     Qual o elogio que uma mulher adora receber1?
     2Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns setecentos: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais.
     Diga que ela é uma mulher inteligente3 , 4e ela irá com a sua cara.
     Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação, e ela decorará o seu número.
     Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa.
     5Mas não pense que o jogo está ganho6: manter o cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta.
     7Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que 8ela é um avião no mundo dos negócios.
      Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical.
     Agora 9quer ver o mundo cair 10?
     Diga que ela é muito boazinha.
     Descreva aí uma mulher boazinha.
     Voz fina, roupas pastel, calçados rente ao chão.
     Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana.
     Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor.
     11Nunca teve um chilique.
      12Nunca colocou os pés num show de rock.
     É queridinha.
     Pequeninha.
     Educadinha.
     13Enfim, uma mulher boazinha.
     Fomos boazinhas por séculos.
     Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas.
     Vivíamos no nosso mundinho, 14rodeadas de panelinhas e nenezinhos.
     A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho.
     Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa.
     15Quietinhas, mas inquietas.
     16Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas.
     Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais.
     Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen.
     Ser chamada de patricinha é ofensa mortal.
      Pitchulinha é coisa de retardada.
     Quem gosta de diminutivos, definha.
     Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa.
     17Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo.
     As boazinhas não têm defeitos.
     Não têm atitude.
     Conformam-se com a coadjuvância.
     PH neutro.
     Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.
     Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é 18isso que somos hoje.
     Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.
     As “inhas” não moram mais aqui.
     Foram para o espaço, sozinhas.

(Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/NTc1ODIy/ acesso em 28/03/14)

 

Leia os fragmentos abaixo:

Quietinhas, mas inquietas. (ref.15)
Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. (ref.17)

I. O grau superlativo absoluto sintético foi utilizado para estabelecer a diferença entre as mulheres boas e as boazinhas.

II. O paradoxo foi utilizado no primeiro fragmento para ressaltar a complexidade do comportamento feminino por meio da coexistência de aspectos opostos.

III. Ambos os fragmentos apresentam como recursos expressivos o jogo com palavras cognatas e o uso da adversidade.

Estão corretas as alternativas:

Ver questão

Questão 2251

(Epcar (Afa) 2015) Assinale a alternativa que analisa de maneira adequada a figura de linguagem utilizada. 

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