(UFU - 2019 - 2ª FASE)
Brasil recebe apenas 2% dos 2,3 milhões de venezuelanos expulsos pela crise “Ao longo dos últimos meses [matéria publicada em 21 agosto 2018], a tensão entre moradores de Pacaraima (RR), de 10 mil habitantes, e migrantes venezuelanos escalou rapidamente. Fugindo da miséria deixada pela crise econômica da Venezuela, cerca de 500 pessoas chegam a cada dia na cidade brasileira que faz fronteira com o país governado por Nicolas Maduro, segundo estimativa da Polícia Federal. Pode parecer bastante, especialmente quando se considera a falta de infraestrutura em Pacaraima – uma das cidades mais pobres do país. Mas a realidade é que o Brasil não está entre os principais destinos dos migrantes venezuelanos. Colômbia, Estados Unidos e Espanha concentram 68% dos emigrantes venezuelanos, segundo o relatório da OIM. Segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM) – Agência das Nações Unidas para Migrações –, o Brasil recebeu apenas 2% dos 2,3 milhões de venezuelanos que deixaram o país fugindo da crise, que piorou significativamente a partir de 2015. Grande parte deles foi para os Estados Unidos e para a Espanha (208 mil). ‘Entre as razões para isso está o fato de os Estados Unidos oferecerem oportunidades de trabalho para venezuelanos com qualificação profissional’, explica o relatório da OIM. ‘Já a Espanha garante canais legais para a obtenção de cidadania a cidadãos venezuelanos descendentes de espanhóis.’ Os representantes da OIM destacam ainda que EUA e Espanha são destinos históricos de venezuelanos. A crise econômica do governo de Nicola Maduro está ‘diversificando’ os destinos procurados por nacionais da Venezuela, daí o aumento do fluxo para nações da América do Sul.”
Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45251779>. Acesso: 09 mar. 2019. (Adaptado)
Com base na reportagem apresentada e no debate dentro das Ciências Sociais, responda as questões a seguir.
A) Redija um texto, apresentando dois argumentos distintos, que problematizam os elementos e o conceito de cidadania para a população imigrante e para os brasileiros.
B) Analise os significados de direitos civis, políticos e sociais, tendo por base o cenário da reportagem.
Gabarito:
Resolução:
a) Os movimentos de migração atuais geralmente ocorrem por governos e economias em crise, restrições de direitos civis e políticos, fome e perseguiça étnica. Assim, a importância do conceito de cidadania é retomado a fim de resguardar os direitos dos migrantes, assim como os países que os recebem. No Brasil, uma das dificuldades enfrentadas pode ser o fator cultural, relacionado aos valores ocidentais e culturais de nossa própria nação, a cujos valores o imigrante poderia representar uma ameaça. Outra questão pode ser a condição econômica instável da nação, e um imigrante poderia representar uma piora para tal situação. Dessa forma, atitudes xenofóbias são motivadas, em direção à relativização da condição humana do outro. Diante disso, quanto aos venezuelanos que imigram para o território brasileiro, colocam-se em disputas os direitos políticos, sociais e civis, diante da dificuldade suscitada para adequar-se à migração e os seus respectivos desafios, econômicos, sociais e culturais, o que pode levar a atitudes contrárias ao asilo de venezuelanos no país.
b) Os direitos civis são os direitos fundamentais a vida, à liberdade, a propriedade, a igualdade, perante a lei, e são importantes para os venezuelanos buscarem proteção em outras nações para lutarem por seus direitos; no caso do povo brasileiro, resguarda a esse um amparo para lutar por melhorias de sua condição de vida ainda precária. Os direitos políticos se referem aos direitos de participação política na esfera pública, por meio do voto, da formação de partidos e manifestações, o que deveria garantir aos venezuelanos o livre exercício de seus direitos em uma sociedade plenamente democrática, bem como no contexto do país brasileiro. Dessa forma, os direitos políticos são recursos que fornecem amparo a essas nações para lutar pela democracia. Os direitos sociais se referem àqueles direitos que salvaguardam a cidadania para além de sua formalidade, isto é, busca materializar e tornar real tais direitos por meio da produção de condições nas quais os indivíduos tenham possibilidade de exercê-los, com salário mínimo, moradia, saúde e educação.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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