Questão 52960

(UFU - 2018 - 1a FASE)

Com relação à noção de estado de natureza, que é o estado em que os seres humanos se achavam antes da formação da sociedade, podem-se identificar, na filosofia política moderna, três tendências:

1. Os seres humanos são naturalmente egoístas e, no estado de natureza, se achavam numa guerra de todos contra todos daí que, por medo uns dos outros, aceitam renunciar à liberdade e constituir um Soberano, o estado, que garanta a paz.

2. Não é por medo uns dos outros, e sim para garantir o direito à propriedade e à segurança que os seres humanos consentem em criar uma autoridade que possa tornar isso possível.

3. No estado de natureza, os seres humanos eram felizes e foi o advento da propriedade privada e da sociedade civil que tornou alguns escravos de outros.

Podem-se atribuir essas três concepções, respectivamente, a

A

Hobbes, Rousseau e Maquiavel.

B

Hobbes, Locke e Rousseau.

C

Maquiavel, Hobbes e Locke.

D

Rousseau, Maquiavel e Locke.

Gabarito:

Hobbes, Locke e Rousseau.



Resolução:

b) Correta. Hobbes, Locke e Rousseau.
Hobbes: 1. Os seres humanos são naturalmente egoístas e, no estado de natureza, se achavam numa guerra de todos contra todos daí que, por medo uns dos outros, aceitam renunciar à liberdade e constituir um Soberano, o estado, que garanta a paz.
Thomas Hobbes parte da hipótese de um momento em que todos os seres humanos eram selvagens e viviam em seu estado natural, na total ausência de leis e regras. Nesse estágio, guiado pelos instintos naturais de sobrevivência, os homens, egoístas por natureza, viviam em estado de “guerra de todos contra todos”. Na ausência de um estado capaz de evitar conflitos e violência, através de leis e normas de convívio social, as pessoas estavam livres para agirem guiadas pelos seus instintos. Dessa forma, tentando evitar o caos presente no estado de natureza, buscando estabelecer a ordem e impedir todas as espoliações que ocorrem no estado de natural, Hobbes sugere a criação artificial do estado de bem-estar social através do governo soberano. Para ele, esse governo deveria ser composto por um indivíduo ou uma assembleia deles.

Locke: 2. Não é por medo uns dos outros, e sim para garantir o direito à propriedade e à segurança que os seres humanos consentem em criar uma autoridade que possa tornar isso possível.
Para Locke, mesmo que o ser humano seja bom, ele não é invariavelmente bom, havendo a necessidade da formulação de um contrato para conter esses impulsos para a maldade, o que envolve, por isso, uma renúncia parcial aos próprios direitos para garantir os direitos básicos e inalienáveis, como como liberdade e propriedade.

Rousseau: 3. No estado de natureza, os seres humanos eram felizes e foi o advento da propriedade privada e da sociedade civil que tornou alguns escravos de outros.
Jean Jacques Rousseau concebeu que o homem em seu estado natural era gentil, moralmente correto e biologicamente sadio, “o bom selvagem”. Não havia nada que o corrompesse e todas as suas características o direcionava para uma vida pacífica. Toda infelicidade e infortúnio, consequentemente, teriam origem na vida em sociedade, afastando o homem do seu estado natural. Segundo Rousseau, sua corrupção está associada ao surgimento da propriedade privada, a qual teria provocado o caos e desordem na sua maneira natural de viver. O contrato social seria uma consequência de tal desordem. Deve-se constituir um ato jurídico-político no qual cada contratante aliena sua pessoa, capacidade e bens como condição de igualdade entre todos os indivíduos do corpo político que venha ocorrer após o pacto. Nesse estado social não haveria superiores, pois todos seriam iguais, sendo o povo o soberano de si mesmo, quem criaria suas próprias leis baseadas na vontade comum ou geral. Cada indivíduo seria parte passiva e ativa do Estado.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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