Questão 53072

(UFU - 2018 - 2ª FASE)

Considere o seguinte trecho, que comenta opiniões bastante difundidas sobre o pensamento filosófico de Parmênides e Heráclito, filósofos gregos que viveram no século VI a.C., e responda às questões a respeito.

“Parmênides e Heráclito representam correntes de pensamento rivais na filosofia grega e o conflito entre essas correntes marcou profundamente a obra de Platão, que procurará superá-lo, de certa forma, conciliando as duas posições.

O pensamento de Parmênides baseia-se em uma concepção de unidade do real para além do movimento por ele considerado apenas uma característica aparente das coisas. Parmênides é visto como o filósofo do Ser, da realidade única, subjacente à pluralidade dos fenômenos, e precursor da metafísica.

Heráclito parte do movimento como a questão mais básica em nosso entendimento do real, vendo no conflito entre os opostos a causa do movimento. Sua visão de realidade é profundamente dinâmica.”
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

A) Explique a oposição entre as concepções desses filósofos a respeito da realidade do movimento.

B) Explique como Platão “de certa forma concilia as duas posições”.

Gabarito:

Resolução:

a) Parmênides defende que o movimento é aparente, ilusório e enganador; acreditava que a essência das coisas e a verdade estariam na imobilidade. O filósofo apontava que o não ser não pode ser dito ou pensado e, portanto, não existe, em oposição a um ser pensável e dizível. Acreditar no movimento e nas mudanças advindas dele seria aceitar a existência de um não ser.
Heráclito, por sua vez, na teoria do fluxo universal, busca conceber um tipo de harmonia entre os contrários, em que os opostos são unidos numa ordem, uma unidade na multiplicidade. A realidade é uma constante luta de contrários, existindo um eterno movimento que caracteriza a mutabilidade do mundo e das coisas. A unidade do mundo provém dessa guerra, pois, como tudo tem seu oposto, surge um equilíbrio nas coisas. A guerra dos contrários é o fundamento do movimento constante, o "eterno fluxo", que origina a harmonia da realidade. Nada é imóvel e imutável: o fogo, ou seja, a mobilidade e o devir com sua harmonia caracterizam a realidade.

b) O cerne do pensamento de Platão é a separação entre mundo inteligível e sensível. O primeiro é o mundo das ideias, das coisas ideais e perfeitas, criadas de acordo com o real e reveladoras da Verdade. Antes de nascer, a alma do homem existe neste mundo, em que conhece toda a verdade. Quando nasce, se esquece de todas essas ideias, sendo necessário se lembrar delas quando voltar para o mundo sensível, que é o das coisas reais, materiais e sensíveis, dos sentidos e da experiência corporal, da aparência e da ilusão, em que não se pode conhecer a Verdade. Platão via verdade em Parmênides quando este afirmava que o conhecimento se relaciona à razão e não à sensação. Verificou-se a necessidade de estabelecer uma relação entre objeto racional e sensível que privilegiasse o primeiro (razão) em detrimento do segundo (sentidos). Ao mesmo tempo, com Heráclito, Platão percebeu a mobilidade das coisas sensíveis que existem realmente, porém como cópias das Ideias.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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