Questão 53198

(UFU - 2017 - 2ª FASE)

A respeito da filosofia política de Maquiavel, leia a citação a seguir.

Maquiavel certamente se dirige a um príncipe, mas trata-se de um príncipe novo, não um desses miseráveis tiranetes que, para usar astúcias e violências, contudo só sabem rastejar ao rés de uma História privada de sentido, mas a um homem de virtú, sem tradição dinástica, sem raiz no mundo da feudadlidade, ocupado apenas com a conquista do poder e a quem é importante dar a convicção de que terá o povo ao seu lado.

LEFORT, C. A primeira figura da filosofia da práxis. In: QUIRINO, C. G.; SOUZA, M. T. S. de (Orgs). O pensamento político clássico: Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau. São Paulo: T. A Queirós, 1980, p. 9/10 – grifos do autor.

Responda:

A) O que é Virtú na obra O Príncipe, de Maquiavel?

B) Com base na mesma obra, e na citação, descreva como deve ser a relação do novo príncipe com o povo.

Gabarito:

Resolução:

a) A virtú é a habilidade do príncipe para lidar com as questões do principado. Representa metade das ações do príncipe, que dependem também da fortuna. A virtú é a liberdade e o livre arbítrio do governante em relação à imprevisibilidade e determinabilidade da história, que seriam a fortuna. O governante dotado de virtú é capaz de superar as dificuldades impostas pela imprevisibilidade da história, tratar com destreza os acontecimentos do governo e construir uma estratégia para conquistar a fortuna; é sagaz para alcançar seus objetivos, agindo de acordo com as circunstâncias, percebendo os limites e explorando as possibilidades que a fortuna apresenta.

b) O príncipe, para se manter no poder com o povo, deve buscar garantir a paz e a ordem em seu principado, obrigando-se, por vezes, a não ser bom, inclusive utilizando-se de todos os meios disponíveis para realizar o seu objetivo,como da força e da violência ao mesmo tempo que precisa ser astuto, evitando o ódio e conquistando o amor e o temor de seus súditos. Assim, o poder do príncipe possui o seu fundamento no povo ou nos poderosos, conforme a oportunidade que possuir uma dessas partes; o povo, ao perceber que não tem capacidade de resistir aos poderosos, oferece tal poder a um cidadão e o elege príncipe para defendê-los. Por isso, Maquiavel compreende que o príncipe precisa do povo do seu lado.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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