(IFPE 2019)
FRIDA KAHLO: A MÃE DA SELFIE
A pesquisadora Cátia Inês Schuh, que elaborou a tese: "A prospecção pós-moderna da comunicação visual no imaginário de Frida Kahlo, sobre a apropriação da imagem da pintora mexicana pela indústria cultural e do consumo", disse, em entrevista, que Frida é a mãe da selfie, já que grande parte de seu trabalho é composta por autorretratos. Frida Kahlo já se expunha nas redes sociais antes de isso ser modinha e, provavelmente, seria uma famosa blogueira de moda nos dias de hoje, já que desenhava e customizava suas roupas e sapatos.
Sua individualidade e sua sexualidade estão constantemente presentes em suas representações. Frida tinha como um tema central de sua obra a potência do corpo. O simples fato de seu corpo existir era uma resistência a tantas intervenções decorrentes dos acidentes que sofreu e das cirurgias que fez.
Em 17 de setembro de 1925, aos 18 anos, Frida sofreu um grave acidente de trânsito: o ônibus em que estava bateu num bonde. Em seu diário, ela afirmou que o ônibus foi esmagado e o corrimão a transpassou como a espada transpassa o touro. Inúmeras fraturas, um mês no hospital. Ela saiu do hospital para um longo período de imobilização, em que não havia como continuar os estudos e, a partir daí, começou a emergir sua criação.
Única aprendizagem possível: a de si mesma, captada pelo pequeno espelho das dimensões de um retrato. Único material humano: o seu, pois não podia ir ao encontro dos outros, mas sempre cercada pela expressão que os grandes retratistas alemães e italianos davam à figura humana.
Desse confronto com a própria identidade, nasceram as problemáticas que tocaram a própria essência da arte: a ilusão, o desdobramento, a relação com a morte. Bem mais que uma autobiografia, seus autorretratos se revelam como "imagens do interior" de uma mulher que se lançou em uma busca tanto existencial quanto estética, de um ser em processo de vir a ser, de uma consciência que nasce.
BLOGFEM. Frida Kahlo: imagem, corpo e feminismo. Disponível em: < Acesso em: 03 out. 2018
Com relação às estratégias argumentativas utilizadas na construção do texto, analise as afirmativas abaixo.
I. Logo no primeiro período do texto, utilizou-se o argumento de autoridade a partir de estudos e opiniões de uma pesquisadora.
II. No último período do primeiro parágrafo, identifica-se uma relação de causa e efeito, seguindo o raciocínio lógico de que Frida poderia ser uma blogueira de moda nos dias atuais porque desenhava e customizava suas roupas e sapatos.
III. No segundo parágrafo, também foi utilizado o argumento de autoridade, mas, dessa vez, as opiniões da própria Frida foram citadas.
IV. O terceiro parágrafo apresenta um argumento por exemplificação a partir de uma sequência que narra como se deu o início da produção artística de Frida.
V. No quinto parágrafo, encontramos na afirmação "Bem mais que uma autobiografia, seus autorretratos se revelam como 'imagens do interior' de uma mulher" um contra-argumento para rebater a ideia de que a obra de Frida Kahlo é intimista e subjetiva.
Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas
III, IV e V.
I, II e V.
II, III e IV.
I, II e IV.
I, III e V.
Gabarito:
I, II e IV.
I. CORRETA, pois podemos ver que as primeiras palavras do primeiro parágrafo já são referenciando a uma autoridade reconhecida no assunto: "A pesquisadora Cátia Inês Schuh, que elaborou a tese...".
II. CORRETA, essa afirmação é correta, porque temos um elemento no final do primeiro parágrafo que é essencialmente de ligação de causa-consequência: o termo já que. Esse termo faz com que o segundo elemento seja a causa do primeiro.
III. INCORRETA, não podemos falar que há um argumento de autoridade no segundo parágrafo, mas sim uma análise de como acontece a obra de Frida e da vida dela. Isso porque um argumento de autoridade é aquilo que foi dito por uma pessoa conhecida e respaldado por uma comunidade, algo que não pode ser observado nesse parágrafo.
IV. CORRETA, pois vemos claramente um argumento de exemplificação, uma vez que como no parágrafo anterior foi feita uma análise da obra e Frida, o parágrafo atual proporcionou uma análise prática de como Frida atuou diante dos acidentes e cirurgias que enfrentou.
V. INCORRETA, pois o trecho que foi destacado nessa afirmação não rebate o fato da obra de Frida ser intimista e subjetiva, mas, pelo contráro, reforça essa ideia mostrando que sua estética dependia muito das imagens do interior.
Logo, a alternativa correta é a letra d.
(G1 - IFPE 2016)
Acauã
Luiz Gonzaga
Acauã, acauã vive cantando
Durante o tempo do verão
No silêncio das tardes agourando
Chamando a seca pro sertão
Chamando a seca pro sertão
Acauã,
Acauã,
Teu canto é penoso e faz medo
Te cala acauã,
Que é pra chuva voltar cedo
Que é pra chuva voltar cedo
Toda noite no sertão
Canta o João Corta-pau
A coruja, mãe da lua
A peitica e o bacurau
Na alegria do inverno
Canta sapo, gia e rã
Mas na tristeza da seca
Só se ouve acauã
Só se ouve acauã
Acauã,
Acauã...
Julgue as proposições, a seguir, quanto às relações sintático-semânticas estabelecidas tanto dentro de um mesmo período quanto entre os períodos constantes no texto.
I. No trecho ―Te cala acauã (nono verso) ―, deveria ser acrescentada uma vírgula antes de ―acauã, uma vez que essa palavra desempenha o papel de vocativo.
II. No verso ― A coruja, mãe da lua ―, a vírgula foi utilizada, justamente, para isolar o aposto ―mãe da lua.
III. Por se tratar de sujeito posposto, seria provocado um erro de concordância se, em ― Canta o João Corta-pau / A coruja, mãe da lua / A peitica e o bacurau ―, fosse pluralizado verbo.
IV. Em ― Na alegria do inverno / Canta sapo, gia e rã ―, deveria ser acrescentada uma vírgula depois de ― inverno ― para isolar um adjunto adverbial.
V. No verso ―Mas na tristeza da seca ―, a conjunção foi utilizada para estabelecer uma relação de concessão com os dois versos anteriores.
São verdadeiras as afirmativas:
(G1/IFPE - 2016)
Uma revisão de dados recentes sobre a morte de línguas
Linguistas preveem que metade das mais de 6 mil línguas faladas no mundo desaparecerá em um século — uma taxa de extinção que supera as estimativas mais pessimistas quanto à extinção de espécies biológicas. (...)
Segundo a Unesco, 96% da população mundial falam só 4% das línguas existentes. E apenas 4% da humanidade partilha o restante dos idiomas, metade dos quais se encontra em perigo de extinção. Entre 20 e 30 idiomas desaparecem por ano — uma média de uma língua a cada duas semanas. (...)
A perda de línguas raras é lamentável por várias razões. Em primeiro lugar, pelo interesse científico que despertam: algumas questões básicas da linguística estão longe de estar inteiramente resolvidas. E essas línguas ajudam a saber quais elementos da gramática e do vocabulário são realmente universais, isto é, resultantes das características do próprio cérebro humano.
A ciência também tenta reconstruir o percurso de antigas migrações, fazendo um levantamento de palavras emprestadas, que ocorrem em línguas sem qualquer parentesco. Afinal, se línguas não aparentadas partilham palavras, então seus povos estiveram em contato em algum momento.
Um comunicado do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) diz que "o desaparecimento de uma língua e de seu contexto cultural equivale a queimar um livro único sobre a natureza". Afinal, cada povo tem um modo único de ver a vida. Por exemplo, a palavra russa mir significa igualmente "aldeia", "mundo" e "paz".
É que, como os aldeões russos da Idade Média tinham de fugir para a floresta em tempos de guerra, a aldeia era para eles o próprio mundo, ao menos enquanto houvesse paz.
Disponível em: <http://revistalingua.com.br/textos/116/a-morte-anunciada-355517-1.asp> acesso em 28 set. 2015.
Considere as análises relacionadas à sintaxe de concordância e conjugação verbal dos excertos do texto e marque a única alternativa correta.
Ver questão
(IFPE - 2018)
O FIM DO LIVRO DE PAPEL
Só 122 livros. Era o que a Universidade de Cambridge tinha em 1427. Eram manuscritos lindos, que valiam cada um o preço de uma casa. Isso foi 3 décadas antes de a Bíblia de Gutenberg chegar às ruas. Depois dela, os livros deixaram de ser obras artesanais exclusivas de milionários e viraram o que viraram. Graças a uma novidade: a prensa de tipos móveis, que era capaz de fazer milhares de cópias no tempo que um monge levava para terminar um manuscrito.
Foi uma revolução sem igual na história e blá, blá, blá. Só que uma revolução que já acabou. Há 10 anos, pelo menos. Quando a internet começou a crescer para valer, ficou claro que ela passaria uma borracha na história do papel impresso e começaria outra.
Mas aconteceu justamente o que ninguém esperava: nada. A internet nunca arranhou o prestígio nem as vendas dos livros. Muito pelo contrário. O 2o negócio online que mais deu certo (depois do Google) é uma livraria, a Amazon. Se um extraterrestre pousasse na Terra hoje, acharia que nada disso faz sentido. Por que o livro não morreu? Como uma plataforma que, se comparada à internet, é tão arcaica quanto folhas de pergaminho ou tábuas de argila continua firme?
Você sabe por quê. Ler um livro inteiro no computador é insuportável. A melhor tecnologia para uma leitura profunda e demorada continua sendo tinta preta em papel branco. Tudo embalado num pacote portátil e fácil de manusear. Igual à Bíblia de Gutenberg. Isso sem falar em outro ingrediente: quem gosta de ler sente um afeto físico pelos livros. Curte tocar neles, sentir o fluxo das páginas, exibir a estante cheia. Uma relação de fetiche. Amor até.
Mas esse amor só dura porque ainda não apareceu nada melhor que um livro para a atividade de ler um livro. Se aparecer… Se aparecer, não: quando aparecer. Depois do CD, que já morreu, e do DVD, que está respirando com a ajuda de aparelhos, o livro impresso é o próximo da lista.
VERSIGNASSI, Alexandre. O fim do livro de papel. Disponível em: <https://super.abril.com.br/tecnologia/o-fim-do-livro-de-papel/>. Acesso em: 06 out. 2017.
Para estabelecer unidade de sentido, os textos são construídos com recursos que permitem articulação entre suas partes. Quanto à ligação entre os parágrafos do texto, analise as afirmativas abaixo.
I. A relação entre o segundo e o primeiro parágrafos se estabelece por meio da elipse, pois o verbo “ser” em “Foi uma revolução sem igual na história” retoma a criação da prensa de tipos móveis descrita no primeiro parágrafo.
II. O terceiro parágrafo é iniciado pela conjunção “mas”, que introduz uma ideia oposta à construída no parágrafo anterior: a superação do papel impresso pelo crescimento da internet, sendo assim, há uma quebra de expectativa.
III. Com a afirmação “Você sabe por quê”, que inicia o quarto parágrafo, o autor mantém a continuidade textual por meio da resposta às questões retóricas que finalizaram o terceiro parágrafo.
IV. Em “Mas esse amor só dura porque”, a conjunção grifada adiciona uma informação sobre o amor que as pessoas em geral têm pelo livro de papel, introduzindo uma relação temporal entre o quarto e o quinto parágrafo.
V. A coesão entre os parágrafos do texto constituiu-se por meio de conjunções adversativas e temporais, estabelecendo relações de oposição, de causa e consequência e de tempo.
Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas
Ver questão
(IFPE - 2017)
MACUNAÍMA
Uma feita a Sol cobrira os três manos duma escaminha de suor e Macunaíma se lembrou de tomar banho. Porém no rio era impossível por causa das piranhas tão vorazes que de quando em quando na luta pra pegar um naco de irmã espedaçada, pulavam aos cachos pra fora d'água metro e mais. Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no meio do rio uma cova cheia d'água. E a cova era que-nem a marca dum pé-gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou na cova e se lavou inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava branco louro e de olhos azuizinhos, a água lavara o pretume dele. E ninguém não seria capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas. Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém a água já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse feito maluco atirando água pra todos os lados só conseguiu ficar da cor do bronze novo. Macunaíma teve dó e consolou:
— Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume foi-se e antes fanhoso que sem nariz.
Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifara toda a água encantada pra fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas.
ANDRADE, Mário de. Macunaíma. 22. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986.
Macunaíma é uma obra da primeira geração modernista, cujo autor, Mário de Andrade, foi um dos mentores da Semana de Arte Moderna, de 1922. A respeito da primeira fase do Modernismo, podemos afirmar que
Ver questão