(FGV) O livro História da Loucura na Idade Clássica, de Michel Foucault, oferece uma importante contribuição para a questão da loucura.
A esse respeito, de acordo com Foucault, analise as afirmativas a seguir.
A compreensão da natureza da loucura é similar em todas as sociedades.
Os loucos, ao longo do século XV, conviviam com os cidadãos nas cidades, não havendo nenhuma medida para afastá-los.
O Hospital Geral já nasce como um estabelecimento médico.
O internamento tem o mesmo sentido em toda a Europa do século XVII, se for considerado em suas origens.
As casas de internamento foram um sucesso.
Gabarito:
O internamento tem o mesmo sentido em toda a Europa do século XVII, se for considerado em suas origens.
d) Correta. O internamento tem o mesmo sentido em toda a Europa do século XVII, se for considerado em suas origens.
É no século XVII, em um movimento que Foucault denomina como o Grande Confinamento, que os loucos da população começaram a ser presos e institucionalizados. No século XVIII, a loucura começou a ser vista como o oposto da Razão, já que muitos indivíduos assumiam um comportamento animalesco e, logo, deveriam receber tratamentos como tais. A partir do século XIX, a loucura é concebida como doença mental que precisava ser tratada. O Grande Confinamento foi um fenômeno europeu generalizado e que ocorreu de maneira singular na França e de modo comum nos outros países, como no caso da Alemanha e Inglaterra.
a) Incorreta. A compreensão da natureza da loucura é similar em todas as sociedades.
Foucault não afirma que a natureza da loucura é similar em todas as sociedades, pois, para ele, a experiência da loucura na história ocidental nunca foi homogênea. Ele identifica quatro tipos que se aplicam aos diferentes momentos da história ocidental, que ora se relacionam, mas sempre com autonomia e alguma prevalência de acordo com o contexto histórico: a primeira, uma experiência crítica/dialética da loucura; a segunda, uma consciência prática da loucura; a terceira, uma consciência enunciativa da loucura; a quarta, uma consciência analítica da loucura.
b) Incorreta. Os loucos, ao longo do século XV, conviviam com os cidadãos nas cidades, não havendo nenhuma medida para afastá-los.
A nau dos loucos, no século XV, é um exemplo claro da prática de afastamento dos loucos: os loucos foram expulsos dos navios. Nesse período, havia tanto o impulso de afastá-los do meio social, quanto de compreender como um fenômeno corriqueiro, a posse de uma verdade mística, que não impunha o seu isolamento.
c) Incorreta. O Hospital Geral já nasce como um estabelecimento médico.
Na verdade, a Idade Clássica deu origem a diversos espaços de internamento, entre eles o Hospital Geral, cuja data de referência é a de 1656, nos quais o louco era inserido com outros tipos de indivíduo, como criminosos, miseráveis, desempregados, etc.; este internamento não era uma instituição médica, mas antes "semi-jurídica".
e) Incorreta. As casas de internamento foram um sucesso.
Antes, Foucault constrói uma perspectiva crítica e histórica acerca do confinamento dos loucos na sociedade ocidental, interpretando as razões e as causas para esse procedimento ao longo da história do pensamento ocidental. As casas de internamento podem ser concebidas como casas de confinamento; estas moldam o comportamento dos indivíduos — como a escola e quartel —, submete-os ao controle para que sejam produtivos — como a fábrica — e buscar corrigir os que não se encaixam nas normas sociais — como a cadeia e hospício (casas de internamento) —, ou, mesmo, os que não suportam a alta produção por causa das doenças — hospitais.
(FGV - 2005)
Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".
Ver questão
(FGV - 2008)
No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:
Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.
Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.
Ver questão
(FGV - 2008)
Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.
ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?
O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.
O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)
A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.
Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".
Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.
A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.
O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.
(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)
Ver questão